Hospitais públicos e privados de São Carlos enfrentam alta demanda de pacientes no setor pediátrico devido a circulação do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e também a mudança de estação. No outono o tempo fica mais seco, favorecendo o aparecimento de doenças respiratórias.
Segundo nota do Hospital Universitário (HU-UFSCar), a doença causada pelo vírus sincicial acomete crianças pequenas, levando ao quadro de desconforto respiratório. “A região de São Carlos enfrenta um aumento considerável do número de casos, o que tem superlotado os prontos-socorros, enfermarias e UTIs pediátricas. Hoje o HU-UFSCar atua além de sua capacidade na internação pediátrica. Gestores das três esferas governamentais têm se empenhado na ampliação da capacidade assistencial, procurando minimizar o problema”, diz trecho da nota.
SOBRE O VÍRUS
Coriza, tosse, febre, mal-estar. Esses são sintomas que podem indicar apenas um resfriado, mas o quadro também é provocado pelo vírus sincicial respiratório (VSR), agente causador de doenças como a bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões. Provocada por vírus, a doença ocorre sazonalmente, sendo sua incidência mais frequente nos meses de outono e inverno no Brasil, principalmente em crianças até 2 anos de idade.
Quando os sintomas evoluem para o chiado no peito (sibilância) e esforço respiratório, a criança deve ser rapidamente levada ao pronto atendimento pediátrico para avaliação médica. O quadro pode ou não evoluir para uma insuficiência respiratória, podendo ser necessário internação hospitalar e uso de oxigênio por meio de ventilação não invasiva ou invasiva", informa Flavia A. Anisio de Carvalho, alergista e imunologista no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
O VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ainda não existe vacina contra a doença, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2013, o medicamento palivizumabe – indicado especialmente para bebês prematuros extremos, aqueles com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica, casos em que a infecção costuma ser mais grave.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
O vírus é muito contagioso, sendo transmitido pelo ar, por toque e por objetos contaminados. A prevenção é similar às outras infecções de causa viral, incluindo a covid-19. A médica reforça a importância de evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas – sobretudo nos primeiros três meses de vida. Manter os ambientes com ventilação adequada, lavar as mãos com sabão ou usar álcool em gel, além de máscaras são outras medidas que favorecem a redução da transmissão viral.
Com relação à mãe que amamenta, a recomendação é o uso de máscara e higiene adequada das mãos, especialmente se apresentar sintomas catarrais, como tosse, coriza e obstrução nasal. “Ela pode e deve amamentar”, ressalta a especialista. “Além disso, não há indicação de interromper a amamentação, estando indicada até pelo menos dois anos de idade, sendo o único alimento necessário para o bebê até os 6 meses de vida”, afirma.
Mesmo não havendo vacina contra o vírus, a especialista faz um alerta para que os familiares mantenham o calendário vacinal em dia. “É preciso vacinar contra a gripe, os bebês a partir dos 6 meses, já que o vírus influenza é outra causa de infecção pulmonar potencialmente grave”, destaca. Ela assinala ser fundamental manter as outras vacinas em dia, a fim de evitar a transmissão de doenças imunopreveníveis às crianças.
Na maioria dos casos, a doença apresenta sintomas leves, que variam entre sete e 12 dias. O tratamento é feito em casa por meio de medidas gerais de suporte, como antitérmicos em caso de febre, e medidas para desobstrução nasal, como inalações com soro e a lavagem nasal. Em alguns casos, podem estar indicados broncodilatadores e nebulização com salina hipertônica. “Esse tipo de nebulização, feita com soro mais salgado, faz com que o muco seja expectorado com mais facilidade, desobstruindo as vias aéreas”, explica. Em casos mais graves, nos quais a criança apresenta dificuldade respiratória, o tratamento é hospitalar, podendo ser empregada a oxigenioterapia”, realça.
Com informações da Fiocruz