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segunda, 07 de abril de 2025
Saúde

Pesquisa da UFSCar avança na busca de novos compostos com propriedades anticancerígenas

Compostos testados em laboratório ampliam perspectivas para terapias contra o câncer, mais eficientes e com menos efeitos colaterais

03 Abr 2025 - 14h09Por Assessoria de Imprensa
Pesquisa da UFSCar avança na busca de novos compostos com propriedades anticancerígenas - Crédito: © Instituto Nacional do Câncer/Divulgação/Direitos reservados Crédito: © Instituto Nacional do Câncer/Divulgação/Direitos reservados

Compostos de platina estão entre os medicamentos mais utilizados na quimioterapia em todo o mundo. No entanto, é grande a busca por alternativas, menos tóxicas, mais seletivas (ou seja, danos às células tumorais, mas com menos efeitos sobre células saudáveis) e, também, porque os pacientes podem desenvolver resistência a esses compostos durante o tratamento.

Pesquisas realizadas no Departamento de Química (DQ) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostraram resultados promissores com um conjunto de compostos do tipo Rutênio(II)-fosfina (complexos metálicos de rutênio coordenados a ligantes contendo átomos de fósforo). Marcos Vinícius Palmeira de Mello, em estágio de pós-doutorado no Laboratório de Estrutura e Reatividade de Compostos Inorgânicos (LERCI) no DQ, foram sintetizados e caracterizados diferentes compostos, testados quanto às suas estabilidades químicas e avaliadas em relação à citotoxicidade em diversas linhagens celulares, inclusive de câncer de pulmão (A549).

Dois destes compostos apresentaram resultados positivos na eliminação de células cancerígenas, mostrando-se bem mais potentes que a cisplatina, um medicamento amplamente utilizado na quimioterapia. Além de serem citotóxicos, eles também dificultaram sua regulamentação e migração, o que é importante para evitar a propagação das células dos pacientes. Estudos revelaram que esses compostos principalmente como mitocôndrias — estruturas celulares responsáveis pela respiração celular e produção de energia — provocando a perda do potencial da membrana mitocondrial e alterando drasticamente o consumo de oxigênio celular, o que compromete a produção de energia e pode levar as células ao colapso”, conta Palmeira.

Esses resultados indicam que os compostos de rutênio podem se tornar uma alternativa promissora para tratamentos mais eficazes e com menos efeitos adversos do que as terapias atuais. No entanto, é importante destacar que esses estudos ainda estão em fase inicial e foram esperados apenas em células cultivadas em laboratório ( in vitro ).

Um aspecto interessante do estudo foi a observação de que, embora os compostos tenham se acumulado no núcleo celular, não houve evidências de uma ligação covalente (forte) com o DNA. Isso sugere justamente que sua principal ação está relacionada à disfunção mitocondrial, em vez de causar danos diretos ao material genético.

Dentre as limitações do estudo, Palmeira destaca que estes compostos interagem também com células saudáveis, embora tenham seletividade semelhante ao do medicamento cisplatina. Apesar desse desafio, o grupo de pesquisa avançou no desenvolvimento de novos delineamentos experimentais para melhorar a especificidade desses compostos, envolvendo uma seletividade mais promissora.

O estudo, realizado no grupo liderado pelo professor Alzir Azevedo Batista, do DQ/UFSCAR, em parceria com o grupo de pesquisa do professor Gilles Gasser, da Chimie ParisTech, PSL Université, na França, foi publicado no periódico ChemBioChem , e pode ser conferido no link ( https://doi.org/10.1002/cbic.202400734 )

O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, processos 2021/01787-0 e 2022/09971-8).

 

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