A implantação do Programa Escola Cívico-Militar na rede pública de ensino de São Carlos voltou a ser tema da sessão da Câmara Municipal. Nesta terça-feira (20) o vereador Sergio Rocha (PRD) afirmou que São Carlos terá a primeira escola cívico-militar em 2025. Contrário ao programa, o vereador e diretor do Centro do Professorado Paulista (CPP), professor Azuiate (Cidadania), fez críticas ao modelo de educação militar e ao secretário Estadual de Educação.
Rocha é um dos vereadores defensores da escola militar no município e disse que ouviu a promessa da implantação da escola em um encontro recente com o secretário Estadual de Educação de São Paulo, Renato Feder.
“Nós marcamos uma audiência com o secretário de educação do Estado, Renato Feder, e ele explicou para nós qual é a intenção do governo do estado para o ano que vem. O governador quer implantar 45 escolas cívico-militares no Estado de São Paulo, como um teste. Existem 300 pedidos e em São Carlos três escolas demonstraram interesse pelo projeto do governo para se transformar em escola cívico-militar”, afirmou Sergio Rocha. "O secretário da Educação me garantiu que será implantando a primeira escola em São Carlos no ano que vem".
As três escolas locais que sinalizaram interesse são: E. E. Professor Arlindo Bittencourt, E. E. Esterina Placco e EE Prof. João Batista Gasparin.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo publicou no dia 18 de julho um edital de convocação para consulta pública para que as comunidades escolares opinem sobre a implantação do modelo de escolas cívico-militares a partir de 2025 na rede pública estadual.
Ocorre que a Justiça de São Paulo atendeu a um pedido de liminar do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) e suspendeu o programa Escola Cívico-Militar do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). A decisão foi publicada no dia 6 de agosto.
No que tange a Diretoria de Ensino de São Carlos, o site do órgão informa que “a consulta pública das famílias das escolas envolvidas está suspensa por liminar. Estamos aguardando o desdobramento da ação para continuar ou não”.
O Projeto de Lei Complementar que criou o Programa Escola Cívico-Militar foi aprovado no dia 21 de maio pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). No dia 28 de maio a Câmara de São Carlos aprovou uma moção de apelo, apresentada por Sergio Rocha, solicitando implantação da Escola cívico-militar em São Carlos.
O vereador disse que tomou conhecimento que a maioria dos votos em São Carlos, até a suspensão, tem sido favorável a implantação da escola cívico-militar.
“A informação que nós temos da Diretoria de Ensino Regional é que a votação está sendo expressiva, os pais estão demonstrando interesse. A maioria dos pais está optando para que as três escolas locais se transformem em escolas cívico-militares. Temos que respeitar os pais, né?”, interrogou. “Muita gente é contra, mas ninguém é obrigado a colocar os filhos da escola militar. Então, o pai que não quer o filho em uma escola dessa é só colocar na escola tradicional. Tenho certeza de que terá fila”, defendeu o vereador.
Vereador, que é oriundo do Paraná, chegou a mencionar que o Paraná tem 320 escolas cívico-militares referência. “Essas escolas são as melhores do Brasil, ganham até prêmio”.
Outro lado
O vereador e diretor do Centro do Professorado Paulista (CPP), professor Azuiate (Cidadania), é um dos críticos do modelo de educação cívico-militar. O parlamentar sustentou durante a sessão que os militares não têm capacitação para dar aula
“O que a Secretaria Estadual de Educação não diz é que os militares não vão dar aula, até porque não sabem dar aula, não são professores, não estão preparados. Estão preparados para fazer a segurança, e não deviam estar preparados para dar tiros impunemente por aí para matar pobre e preto. Eles não vão dar aula, mas eles vão ganhar mais do que o dobro do que ganham os professores na mesma escola, isso o secretário não disse para o meu colega vereador que esteve em festa lá na Secretaria Estadual de Educação”, afirmou Azuaite.
O vereador do Cidadania disse que os melhores estado em educação são os que recebem investimento e oferecem melhores condições de trabalho para os professores.
“Não é o Estado do Paraná que tem a melhor performance no Brasil, nem o de São Paulo. Os melhores estados são aqueles em que os professores estão mais motivados, como Ceará, Piauí e Pernambuco. Não é por acaso que o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), que é a Instituição de Ensino de mais difícil ingresso e mais concorrida do Brasil, que não tem filial, vai montar uma filial no Ceará”.
Azuaite ainda afirmou que chegou a criticar pessoalmente o secretário Estadual da Educação por São Paulo ter o maior orçamento no Brasil e estar longe de ser o estado que mais investe na educação e na qualificação dos professores.