A sessão ordinária da Câmara Municipal nesta terça-feira, 21, foi palco de confronto entre o vereador Leandro Guerreiro (PSB) e integrantes do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) de São Carlos. Os ativistas compareceram a Casa exibindo cartazes com palavras de ordem e tentaram convencer o vereador a se retratar de críticas feitas nas redes sociais a respeito de uma peça publicitária sobre IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis), - desenho que tinha um casal heterossexual e dois homossexuais deitados em uma cama- no qual o vereador interpretou a arte como pornográfica e inapropriada ao público infantil.
Evento organizado pelas redes sócias, as ativistas Ângela Lopes de Almeida e Niege Pavani compareceram a Casa e na tribuna livre declararam que o vereador se equivocou na crítica à peça publicitária e fez um discurso de ódio e velado "Nós entendemos que o vereador tem um desentendimento da responsabilidade dele como membro do Legislativo e quanto problemático é um vereador fazer um discurso de ódio e não compreender as pautas que são diretrizes nacionais dos Ministérios de Educação e Saúde com relação à prevenção de doença e também da diversidade sexual. O vereador terá que se retratar com a comunidade", disse Pavani.
Em seguida afirmou: "O preconceito do vereador foi muito velado e são as manifestações mais perigosas. Ele nomeou a comunidade LGBT como vitimista, fez referências de cunho muito preconceituoso sobre as mulheres lésbicas", acrescentou.
Os ativistas reclamaram também que o parlamentar bloqueou pessoas do movimento e apagou comentários nas redes sociais, cerceando o direito de manifestação em sua rede social.
Ao assumir a tribuna, o vereador Leandro discursou sobre os anúncios publicitários da campanha contra Dengue e IST que a Prefeitura tem divulgado nos meios de comunicação. Defendeu que na campanha da Dengue a arte tem que ter o mosquito transmissor em destaque e não um casal de herói em primeiro plano como tem sido publicada. Na Campanha que gerou polêmica defendeu que se os casais tivessem com roupas, não seriam alvos de sua manifestação. "Em minha opinião, os três casais estão pelados e essa exibição afeta as crianças. Nós adultos não precisamos dessas demonstrações", disse o vereador.
"Vocês têm o meu respeito, porém, confundiram o meu discurso. Em portais de notícia que divulgaram as minha críticas muitos comentários de pessoas homossexuais entenderam que eu não fui homofóbico. Vocês estão criando uma história com um monstro e um heroi, porque vocês têm problema com homofobia e preconceito e estão me comparando com esse tipo de comportamento", acrescentou o vereador.
OUTRO CENÁRIO
O confronto que começou no plenário foi terminar na porta do gabinete do presidente da Câmara, vereador Júlio Cesar (DEM). Lá os ativistas ameaçaram o parlamentar afirmando que se ele se retratasse não terminaria o mandato por quebra de decoro parlamentar.
"Não vou me desculpar porque eu não ofendi vocês. Vocês que me ofende dizendo que sou o Bolsonaro do Aracy e o Feliciano de São Carlos", finalizou o Leandro. Após o episódio casais homoafetivos fizeram o "beijaço gay" no centro do plenário. (Abner Amiel - Folha São Carlos e Região)