
Alguns grupos políticos de São Carlos estão travado uma verdadeira guerra nos bastidores para assumir o controle do PSD (Partido Social Democrático), que é presidido em nível nacional pelo secretário de Governo do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab.
De acordo com o presidente da sigla, Marcos Martinelli, as lideranças governistas devem estar tentando conseguir o comando do partido através de lideranças nacionais e estaduais. “Aqui em São Carlos ninguém do governo Netto me procurou para dialogar sobre novas filiações ou alguma articulação ou mesmo participação na atual gestão municipal. Assim, se houver alguma articulação neste sentido ele estaria sendo feita em outros níveis, com caciques regionais, estaduais e nacionais.
Segundo a reportagem apurou, a Família Sales, do ex-presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Eurípedes Sales, pai do ex-vereador Caio Sales e do ex-deputado estadual Ulisses Sales também estaria de olho no PSD e já teria sinal verde de Kassab para assumir o controle do partido em São Carlos.
O objetivo dos políticos é controlar um partido que tem um ótimo tempo de televisão, além de um exército de prefeito, vereadores e deputados estaduais e federais, além de governadores, ministros e secretários estaduais.
Nas eleições de 2024, o PSD elegeu 7 prefeitos, o maior número entre as 26 cidades da Região Central. As eleições municipais de 2024 apontaram para um significativo crescimento do PSD, o partido criado e dirigido por Gilberto Kassab conquistou prefeituras de 887 municípios no país, sendo cinco capitais, o que representa aumento de 35% se comparado ao resultado da eleição anterior. “No Estado de São Paulo, a sigla elegeu 206 prefeitos entre os 645 municípios paulistas, desta forma, o cenário na região central está bem conectado o cenário estadual e nacional, entretanto, fica o desafio para que esta base se mantenha coesa e apresente outros avanços nas eleições gerais de 2026”, destaca o administrador público e analista político Gulherme Rezende.
O comentarista político Henrique Affonso de André, o Cebola, é mais ácido. “O PSD não foi o maior só na região, mas sim do Brasil. Ele já nasceu para ser assim, sem compromisso ideológico, apenas uma federação de caciques. Não tem uma posição ideológica definida, encaixa em qualquer coligação… é o centrão institucionalizado”, diz ele.
Cebola diz que a região apenas reflete o que ocorre em todo o Brasil. “Os quatro partidos com mais prefeitos no Brasil são do Centrão: PSD, MDB, PP e União. O MDB e o PP têm o histórico e o legado dos partidos do regime militar (pelo menos para contar a história). O PSD e o União, curiosamente, são descendentes da grande percursora do centrão, que é a Frente Liberal, que virou Democratas, cindiu no PSD e depois de fusões se tornou o União. Fica mais fácil governar com um PSD ou um União na frente do nome. Se você for do PL, os petistas não aceitarão um vereador com cargo. Se for um governo do PT, um eleito pelo PL não vai poder se imiscuir no governo sem perder a confiança de seus eleitores. Num partido cuja legenda não significa nada, fica mais fácil negociar, ceder ou receber”, explica.