A mulher suspeita de matar o marido, José Laureano Filho, durante a madrugada desta quinta-feira (27) em uma chácara no distrito de Santa Eudóxia, se apresentou durante à tarde no 1º Distrito Policial da Vila Nery. Juntamente com seu advogado, Isabel Cristina de Oliveira Lauriano, de 34 anos, disse que cometeceu o crime porque não aguentava mais apanhar.
Em depoimento ao delegado Mauricio Dotta, a mulher disse que era constantemente agredida pelo marido. Na madrugada do crime, Laureano teria acordado e exigido que ela mantivesse relação sexual com ele, depois de ter agredido ela e a filha. Após se recusar, ela foi novamente agredida e no meio da briga teria pego a arma para afastar o marido e acabou efetuando o disparo.
Em entrevista à imprensa ela confirmou que era agredida diariamente por Laureano, assim como suas duas filhas menores de idade. "Eu não aguentava mais apanhar, mas não foi nada pensado, aconteceu. Tem 20 anos que eu vivo nessa situação, apanhando, já fiz medida protetiva, já passei pela Casa Abrigo, mas não adiantou. Já registrei Boletim de Ocorrência umas três vezes, mas ele não tinha medo, não respeitava nada, a medida protetiva ele rasgou", explicou ela.
Ela explicou ainda que na data de ontem, descontrolado, Laureano teria agredido ela e a filha de 16 anos, que inclusive desmaiou devido às agressões. "As minhas filhas entram na briga para me defender, não aceitam, mas como são crianças não dão conta, ele acaba agredindo todo mundo. Ele gostava de judiar, ele tinha uma força maior do que ele, o prazer dele era bater, torturar, judiar", afirmou ela.
Isabel fez questão de mostrar à imprensa as várias marcas deixadas por Laureano em seu corpo. Em seu rosto é visível a marca deixada por um ferro de passar roupas, na cabeça há um corte e em ambos os braços há várias lesões.
Quando questionada se ela havia se arrependido do crime, Isabel acenou que sim. "Me arrependo, se pudesse voltar, não teria feito isso. Agora meus filhos ficaram sem pai", afirmou ela ainda abalada.
Delegado
O delegado Mauricio Dotta explicou que será instaurado um inquérito policial e a mulher será indiciada, porém deverá responder pelo crime em liberdade. A espingarda usada para matar Laureano foi encontrada pelos policiais Giba e Giovani durante diligências na chácara onde aconteceu o crime.
"Instauração de inquérito, indiciamento dela, é um crime difícil de apurar pois se deu dentro de um ambiente familiar, um casal com filho. Nós fizemos as tratativas com o advogado para apresentá-la, esclarecer isso à sociedade, ao Poder Judiciário, neste momento já temos a arma do crime apreendida. Ela vai responder em liberdade, ainda vou ouvir às crianças, isso se encaminha com prioridade para vermos se merece alguma medida cautelar ou não", explicou ele.
Veja vídeo com a entrevista da acusada: