Esportes

Amor ao estudo sem abandonar o basquete ou amor ao basquete sem abandonar os estudos?

Quatro atletas de São Carlos dão exemplo que praticar esportes não atrapalha o desempenho escolar

31 JUL 2015 • POR • 12h28
Rodolfo, Camila e Guto estudam no mesmo local onde treinam: jovens dedicados que buscam futuro promissor. Fotos: Marcos Escrivani

A história de que praticar esportes atrapalha o desempenho escolar faz parte do passado. Pelo menos para quatro jovens que hoje dedicam parte do seu dia a dia aos estudos e paralelamente treinam e chegam até jogar em alto rendimento.

O quarteto em questão deixa claro: não irão abandonar os estudos. E muito menos deixar de praticar a modalidade esportiva que escolheram. No caso, o basquete. Todos treinam (e jogam) pelo Objetivo/Meneghelli.

Camila Arana, 18 anos, faz o primeiro ano de Engenharia de Materiais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Rodolfo Armelin Del Santo, 18 anos, Engenharia Agrícola na Unicamp, em Campinas; Lorenzo Buscaglia, 19 anos, Mecatrônica na USP/São Carlos. Por fim, Gustavo dos Santos Gava, 18 anos, faz cursinho e vai prestar o Enem e a Fuvest. Os cursos visados são Física ou Engenharia Física.

ROTINA DE ESTUDOS

Camila, Guto e Rodolfo não escondem: estão em uma rotina de estudos 'pesados' e fazem até uma comparação curiosa. Guto tem a pressão do Enem e afirmou que irá perder algumas madrugadas entre cadernos e livros. "É uma pressão muito grande. Um ano dedicado aos estudos e não posso perder a chance. É como se fosse um arremesso certeiro de 3 pontos. Sem erro", disse referindo-se a um jogo decisivo de basquete.

Camila e Rodolfo já estão na universidade e garantem: a complicação é a mesma. "É muita teoria e lá você está sozinho. Em um cursinho você tem professor, orientador e o diretor que dão força. Na universidade é você e você. É como se jogássemos tênis ou praticássemos natação. Se você erra, pode ser reprovado e ai começa tudo de novo", disse Camila. "É um choque grande. Você aprende em seis meses estudos que demoraram séculos para chegar a uma conclusão", compara Rodolfo.

VIDA SOCIAL?

"Sem essa de falar que não dá para se distrair". Guto, Camila e Rodolfo foram categóricos em afirmar que estudar e praticar esportes é perfeitamente viável. "Quando eu estava no cursinho fazia 'bico' de cantor", disse o eclético Rodolfo. "Mas para conseguir ter várias atividades, é necessário ser organizado e ter um planejamento em sua vida", recomendou.

Camila e Guto compartilham da ideia do amigo e afirmam que durante a semana dedicam-se aos estudos. "No final de semana saímos para nos divertir e também treinamos. Vida normal", garantiu o casal.

VENCEDORES

Guto, Camila e Rodolfo têm mais uma coisa em comum, Além de estudar e praticar basquete, eles jogam na mesma posição: são armadores.

Todos se consideram vencedores na vida e afirmam que vão continuar a estudar e se formarem profissionalmente. Mas fizeram uma ressalva: sempre treinando e jogando.

"Para mim, a porta está aberta. Tenho apenas 18 anos e nada está definido. Vou concluir os estudos e exercer a profissão. Mas não descarto dar sequência no basquete. Posso sonhar em ser jogador ainda", disse Rodolfo, armador da equipe sub21 e que disputa o campeonato da Liga Centro Oeste Paulista.

Guto garante que pratica o basquete porque gosta e é uma terapia para o corpo e mente. "Mas se tiver oportunidade, continuo a jogar ainda, mas sem deixar os estudos".

Já Camila está decidida: sempre irá praticar o basquete, pois é sua paixão. Mas reconhece que o Brasil a modalidade está em baixa. "Portanto vou seguir minha carreira como profissional, mas na Engenharia de Materiais. O basquete será um passatempo que vou praticar até quando tiver forças".

"DROGA DO BEM"

Indagados sobre o que o basquete significa em suas vidas, Camila acabou sendo a 'porta voz' do trio e procurou explicar o que a modalidade acrescentou em suas formações.

"Passamos metade de nossas vidas na quadra. O basquete faz parte da gente. Crescemos com ele. Nos deu disciplina, responsabilidade, comprometimento e jogar em equipe. O basquete é um vício, uma "droga do bem". Está no nosso sangue. Hoje já sinto saudades de ontem. E emociona pensar no amanhã. Então vamos vivenciar o hoje. E se o basquete é um "vício do bem", os estudos nos dão o alento de crescer no dia a dia, descobrir coisas novas e sermos cidadãos", disse a jogadora universitária. "Sem contar que é um relax. É uma brincadeira séria onde ninguém quer perder", emendou Rodolfo.

PAIZÕES

Os técnicos Nivaldo Carlos Meneghelli Júnior, Alvacyr Lazzarini e Márcia Viola têm papeis fundamentais na formação destes jovens e dos demais que treinam dia a dia na escolinha Meneghelli.

Indagados sobre o que os treinadores representaram como educadores, novamente Camila não pensou duas vezes para responder, tornando-se novamente porta-voz do trio.

"Auxiliaram em tudo. Não só dentro da quadra, como atleta. Mas em tudo, dando bronca, ensinando os fundamentos, passando bons valores como caráter, honestidade, honra. Além de muita determinação, foco, disciplina e responsabilidade. Se somos tudo isso hoje é que tivemos em casa uma família unida e no basquete o complemento de nossa formação", finalizou Camila.