Polícia

Condenados a 13 anos de prisão os acusados de assassinar paulistano

27 SET 2007 • POR Redação São Carlos Agora • 18h30
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Após 17 horas, terminou na madrugada de ontem o julgamento dos réus, Daniel Silva e André Luis Salvo, que junto com Leandro Lopes de Paula, mataram de forma bárbara e cruel o paulistano Ricardo Luís Antunes da Silva em abril do ano passado. O julgamento teve início às 9hs da terça-feira e só terminou por volta das 2h. A sentença foi dada por volta da 1h40. Daniel Silva foi condenado a 15 anos de reclusão e André Salvo há 13 anos por homicídio qualificado e continuaram presos nas penitenciárias de Itirapina e Hortolândia, respectivamente.

Os advogados de defesa, conseguiram desqualificar o crime de seqüestro contra os réus e ontem mesmo recorreram da decisão do Júri local.Nos próximos meses deverá ocorrer o julgamento de Leandro Lopes de Paula, que também se encontra preso desde a época do crime.

O resultado decepcionou alguns policiais que participaram das investigações, para eles a pena foi branda demais em relação à violência empregada contra a vítima.  Paralelo ao julgamento o que mais se comentava no interior do Fórum era sobre o paradeiro das mandantes do crime. Anelize Matteoci Loperlogo e sua mãe, a oficial de justiça aposentada, Maria Elisabeth Matteoci.

As duas são procuradas pela Polícia desde que Justiça decretou a prisão preventiva das mesmas no ano passado.As duas sumiram e nunca mais foram vistas na cidade. Foi apurado que Anelize, deixou de receber uma pensão de seu pai, um desembargador já falecido por causa da idade. Maria Elisabeth por sua vez, segundo fontes oficiais estaria recebendo normalmente sua aposentadoria. Outro fato apurado pela reportagem no Fórum é que provavelmente as autoridades que acompanham o caso, deverão recorrer à imprensa para tentar localizar mãe e filha. 

Relembrando o caso- Ricardo Luis Antunes da Silva, 32 anos residia em São Paulo, ele foi baleado e teve cerca de 70% do seu corpo queimado em um canavial da Fazenda Engenho Velho, região rural de São Carlos. O crime ocorreu na madrugada dia 04 de abril de 2006.

Mesmo ferido, ele conseguiu caminhar até a casa sede e pedir socorro ao dono da propriedade, um senhor de 80 anos que o levou até o Plantão Policial. Durante o caminho da fazenda a delegacia, o paulistano contou que havia sido seqüestrado em uma praça e levado até a fazenda onde foi baleado e queimado.

Em diligências na propriedade investigadores da DIG encontraram no meio de um canavial, a carteira com documentos da vítima, passagens de ônibus, cartões, telefone celular, R$ 89,00 em dinheiro, uma embalagem vazia de álcool e cápsulas de calibre 22. 

Crime desvendado– Após tomar conhecimento da então tentativa de homicídio, os investigadores da DIG de São Carlos iniciaram os trabalhos para tentar identificar os responsáveis pelo crime. As investigações foram conduzidas nos primeiros dias pelo delegado Edmundo Ferreira Gomes que substituía o titular, Mauricio Antônio Dotta e Silva.

Já na primeira semana os policiais descobriram que Ricardo Antunes e Anelize Matteoci Loperlogo havia se conhecido através de uma sala de bate de papo por telefone (chat-line). No final do mês de março eles começaram a se encontrar. Anelize e Ricardo ficaram uma semana juntos hospedados em vários hotéis de São Carlos.

Quando a garota retornou para sua casa, inventou uma história a sua mãe, Maria Elizabeth Matteoci de que havia sido estuprada e mantida em cárcere privado por Ricardo. 

Planejando a execução- Tomada pelo ódio, Maria Elizabeth procurou Daniel Silva, conhecido da família há vários anos e pediu para que o mesmo arrumasse alguém para matar Ricardo. Daniel na época confirmou esta versão em seu depoimento e disse que procurou André Luis Salvo que apresentou Leandro Lopes de Paula, este último seria o dono da arma utilizada na noite do crime.Anelize e Maria Elizabeth combinaram de pagar R$ 5 mil pelo serviço e traçaram o plano para executar Ricardo.

Na noite do dia 3 de abril, ela convenceu a vítima a retornar para São Carlos e de se encontrarem na praça da Igreja São Benedito. Quando chegou de táxi, Ricardo abraçou Anelize e foi dominado em seguida pelo trio. Ricardo foi colocado dentro do Fiat Marea, 2001, vermelho, placas CZI 3702 -São Carlos que pertencia a Anelize e levado até o canavial da fazenda Engenho Velho, zona rural da cidade. 

Tiros e fogo- Nos depoimentos prestados a Polícia na época os acusados confirmaram as agressões que após 40 dias provocaram a morte da vítima. Foi apurado que quando chegaram no canavial, Daniel e Leandro saíram com Ricardo e foram para parte de trás do carro. André ficou dentro do veículo. Leandro deu dois tiros, um deles na cabeça de Ricardo que caiu desfalecido. Daniel, em seguida foi até o porta-malas do carro e pegou um litro de álcool despejando todo o conteúdo sob o corpo da vítima. Em seguida, para surpresa dos parceiros ele ateou fogo em Ricardo que se levantou e saiu correndo. Daniel foi até o carro e saiu atrás de Ricardo atropelando-o por duas vezes. Convencidos de que haviam “terminado o serviço”, eles abandonaram a propriedade rural, deixando Ricardo queimando próximo ao canavial. Durante a madrugada, Daniel, André e Leandro se encontraram com Anelize e Maria Elisabeth e narraram ocorrido.Na manhã o grupo descobriu através do noticiário policial de uma emissora de rádio local, que Ricardo havia sobrevivido.A partir deste dia Anelize passou a proteger sua mãe e pediu para que Daniel a levasse para fora da cidade. Anelize chegou a ser ouvida na DIG antes de ter sua prisão decretada. A arma utilizada no crime, uma pistola semi-automática de fabricação argentina, calibre 22, foi entregue a Polícia por Leandro.