Emprego em alta alavanca crescimento do comércio, destaca economista
Fabio Pina afirma que o comércio varejista vai continuar crescendo ao longo deste primeiro semestre, mas em ritmo menos acelerado
12 ABR 2025 • POR Da redação • 18h20
O crescimento do emprego formal no Brasil tem sido o grande propulsor do crescimento do comércio verificado neste início de 2025. As vendas no comércio cresceram 0,5% na passagem de janeiro para fevereiro, atingindo o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em entrevista exclusiva ao SÃO CARLOS AGORA, economista da Fecomercio SP, Fabio Pina, explicou na manhã desta quinta-feira, 10 de abril, que o consumo no comércio varejista tem sido puxado pela alta nos empregos. “O comércio varejista avançou devido à massa de rendimento existente. Estamos crescendo, mas num ritmo menos acelerado do que no início de 2024. Os fatos acabam comprovando a tendência que já existia com os juros mais altos. Vamos continuar crescendo ao longo deste primeiro semestre, mas em ritmo menos acelerado do que em 2024”, afirma ele.

O recorde anterior dos resultados do comércio varejista se deu em outubro de 2024. A média móvel trimestral, indicador que mostra a tendência de comportamento das vendas, teve crescimento de 0,2%, com ajuste sazonal. Com os números conhecidos nesta quarta-feira, o comércio se coloca 9,1% acima do patamar pré-pandemia da covid-19, observado em fevereiro de 2020.
Das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, quatro apresentaram expansão:
Hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 1,1%
Móveis e eletrodomésticos: 0,9%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,3%
Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,1%
De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, em fevereiro, foi observada a volta do protagonismo para o setor de hiper e supermercados, após um período de 6 meses com variações próximas de zero.
O analista aponta que a desaceleração da inflação da alimentação em domicílio, que passou de 1,06% em janeiro para 0,76% em fevereiro, ajuda a explicar esse protagonismo das vendas nos supermercados.
Para Fábio Pina, o salto nas vendas em supermercados é explicada pela renda maior que circula no mercado. “Supermercados comercializam alimentos e deste item ninguém escapa. Com mais dinheiro no bolso, resultado de emprego renda em alta o consumidor compra mais e alavanca este setor”, comenta.
As quatro atividades que apresentaram recuo nas vendas foram:
Livros, jornais, revistas e papelaria: -7,8%
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -3,2%
Tecidos, vestuário e calçados: -0,1%
Combustíveis e lubrificantes: -0,1%
De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o destaque negativo do segmento de livros, jornais, revistas e papelarias é explicado por uma “evasão dos produtos físicos dessa atividade, que estão indo para o consumo para serviços como plataformas digitais”.
Ele acrescenta que o fechamento de mais lojas físicas, sobretudo livrarias, foi outro fator que explica o resultado. Esse setor se encontra 80,2% abaixo do ponto mais alto atingido pela atividade, em janeiro de 2013.
No varejo ampliado, que inclui dados de vendas de veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas do comércio recuou 0,4% de janeiro para fevereiro na série com ajuste sazonal. Em 12 meses, há expansão acumulada de 2,9%, sem ajuste sazonal. (Com informações da Agência Brasil).