Artigo Rui Sintra

Estudo da USP São Carlos aponta que tratamento fotossônico para fibromialgia pode potencializar o efeito dos medicamentos

20 DEZ 2024 • POR (*) Rui Sintra • 06h00

A principal notícia desta semana relativa a ciência e tecnologia, deu a conhecer um levantamento recente feito pela equipe de pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (GO-IFSC/USP) e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF-IFSC/USP), relativo a um tratamento iniciado já há alguns anos para atenuar as consequências da fibromialgia, numa parceria com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) - que já dura há cerca de dez anos. Esse estudo levanta a possibilidade de que o tratamento fotossônico (conjugação de laser e ultrassom) utilizado para essa finalidade pode potencializar os efeitos dos medicamentos usados pelos pacientes portadores dessa doença. O pesquisador do CEPOF-IFSC/USP, Tiago Zuccolotto, fisioterapeuta formado na UNICEP, confirma que a equipe de cientistas resolveu conferir a relação que existe entre grupos de pacientes que não tomam qualquer medicação para a fibromialgia e outros que tomam – ansiolíticos, antidepressivos, anti-inflamatórios, etc. – quando ambos se submeteram ao tratamento fotossônico. A análise foi feita através de questionários preenchidos pelos próprios pacientes portadores de fibromialgia e que fizeram esse tratamento, mas que, no caso concreto, tomavam medicação antidepressiva. Esse estudo confirmou que após dez sessões do tratamento e segundo o relato desses pacientes no início, meio e conclusão dos tratamentos, os resultados indicaram uma reversão quase total nos quadros relativos a dores e inflamação, se comparados com pacientes que não tomaram qualquer medicação. Os cientistas do IFSC/USP e do CEPOF confirmaram que foi a primeira vez que se fez essa relação entre o tratamento fotossônico junto com os medicamentos, tendo como foco pacientes mulheres, já que elas são mais propensas a ter fibromialgia. Embora em ambos os casos o tratamento fotossônico tenha obtido ótimos resultados, o que se constatou foi que esse tratamento potencializa a eficácia dos medicamentos, atingindo níveis muito grandes na eliminação da dor e da inflamação. Para o coordenador dos tratamentos que estão sendo realizados na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) na SCMSC, pesquisador do IFSC/USP e do CEPOF, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, o próximo passo que será dado após este levantamento será realizar um estudo aprofundado para analisar uma avaliação e acompanhamento caso-a-caso de pacientes com fibromialgia e dessa relação benéfica entre o tratamento fotossônico e a medicação prescrita pelos médicos, no sentido de se obter uma quantificação precisa dessa potencialização. Para ele, o importante é que essa potencialização ocorra, mas, contudo, existe a necessidade de se fazer um acompanhamento muito próximo a esses pacientes para constatar a real eficácia ao longo do tempo. Este levantamento surgiu após um estudo anterior a 2024 feito pela mesma equipe de pesquisadores, mas relativo a distúrbios do sono, onde houve um primeiro indício de que o tratamento fotossônico exercia um efeito benéfico em pacientes que tomavam medicamentos controlados, comparativamente àqueles que não tomavam qualquer medicamento. Os pesquisadores estão chegando à conclusão que o tratamento fotossônico poderá ser benéfico em outros casos clínicos que utilizam medicação, já que ele gera uma ação sistêmica, daí que estejam abertas as portas para se fazerem estudos-pilotos nesse sentido. Liderados pelo Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, os pesquisadores têm agora no horizonte mais próximo investigar se este tratamento poderá – ou não – ser aplicado em pessoas inseridas no denominado espectro autista, lembrando que em São Carlos existem cerca de sete mil pessoas com essa variedade de quadros, no sentido de tentar servir a sociedade o melhor possível com aquilo que é desenvolvido e pesquisado no IFSC/USP e no CEPOF. Confira o artigo científico relativo a este estudo, publicado na revista “Journal of Novel Physiotherapies”, assinado pelos pesquisadores Antonio Eduardo de Aquino Junior1, Tiago Zuccolotto Rodrigues, Matheus Henrique Camargo Antônio, Ana Carolina Negraes Canelada, Carolayne Carboni Bernardo, Vanessa Garcia, Fernanda Mansano Carbinatto e Vanderlei Salvador Bagnato - https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2024/12/de-Aquino-Junior_2024_Fibro-Drugs.pdf

O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists/European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.