Educação

Comemorações dos 30 anos do IFSC/USP fecham com chave de ouro

Inaugurações e sessão solene da congregação teve a presença do reitor da universidade Carlos Gilberto Carlotti Junior

4 DEZ 2024 • POR Redação • 08h24
Carlotti Jr.: “Nós não podemos enviar os nossos 90 mil alunos para o exterior, mas podemos trazer os centros internacionais para junto dos nossos alunos” - Divulgação

As comemorações dos 30 anos da criação do IFSC/USP tiveram o seu epílogo no dia 02 de dezembro do corrente ano, com as inaugurações de novas instalações na Área-2 do campus USP de São Carlos, bem como uma Sessão Solene da Congregação desta Unidade da USP, na Área-1 do mesmo campus, ambas com a presença do reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Inaugurações programadas

Às 9h, a diretoria do IFSC/USP, juntamente com diversos professores, funcionários e convidados receberam a visita do Reitor, acompanhando-o numa breve visita ás obras concluídas da revitalização da Área de Convivência do Prédio CFBio/NACA, do descerramento da placa evocativa da criação do novo Centro de Pesquisa e Inovação Especial em Ciências da Descoberta de Medicamentos Cepix – Cepimed (antigo Cepid da Fapesp – CIBFar), junto com o coordenador do novo centro, Prof. Dr. Adriano Andricopulo. De igual forma, foi inaugurado o Centro de Crio-microscopia Eletrônica de Biomoléculas, e ainda a re-inauguração de uma escultura da autoria de Antonio de Sant’Anna Galvão Leite, que foi transportada da Área-1 do campus para a Área-2, destacando-se como peça emblemática na renovada Área de Convivência.

Coube ao diretor do IFSC/USP, Osvaldo Novais de Oliveira Junior, dar as boas-vindas ao Reitor da USP e agradecer todo o apoio que a Reitoria tem dado às várias demandas apresentadas pelo IFSC/USP ao longo dos últimos anos, agradecimentos esses que foram extensivos aos trabalhos realizados pela Divisão de Espaços Físicos e Prefeitura do Campus, nomeadamente em relação à recuperação do espaço de convivência já citado, bem como a outras obras, entretanto concluídas. Em seu curto improviso, o Diretor do IFSC/USP destacou a importância que se reveste a inauguração de dois novos Cepix sediados no Instituto e que continuarão o caminho traçado pelos anteriores Cepid’s da Fapesp rumo a um renovado e mais intenso desenvolvimento de pesquisas, inovação e transferência de conhecimento para a sociedade. Em relação ao Cepimed (que substitui o antigo Cepid CIBFar), o diretor do IFSC/USP salientou que o nome aparentemente pode não remeter diretamente à área da Física, mas, contudo, ele reflete a grande interação e parceria que o nosso Instituto mantém com inúmeras entidades no Brasil e no exterior, de forma interdisciplinar, visando a resolução de problemas com que se debate a sociedade, principalmente no quesito da saúde pública. Sobre o Cepimed, o coordenador desse centro, Adriano Andricopulo, teve a oportunidade de, em seu curto discurso, enfatizar que a pesquisa interdisciplinar que irá prosseguir no novo centro visa manter e intensificar o legado deixado pelo CIBFar ao longo dos seus treze anos de duração sob a gestão de Glaucius Oliva. “Este Cepix vai continuar esse caminho já trilhado anteriormente, vencendo desafios, identificando alvos candidatos a fármacos para combater doenças infecciosas e algumas formas de câncer, evoluindo assim na pesquisa em prol da sociedade”, pontuou.

Nesta primeira cerimônia, coube a Oliva, docente e pesquisador do IFSC/USP e atual Vice-Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para a Região de São Paulo, destacar as obras que foram feitas visando a requalificação do espaço de convivência, que ostenta agora um bonito jardim de plantas medicinais, um trabalho meticulosamente coordenado pela docente e pesquisadora do IFSC/USP, Leila Beltramini, onde cada espécie apresenta informações consideradas importantes para a área da saúde, sendo que a revitalização deste espaço contou com a participação da vice-diretora do Instituto, Ana Paula Ulian de Araújo. Coube também a Oliva fazer a memória descritiva da escultura que igualmente foi inaugurada pelo Reitor da USP e que se destaca na nova área de convivência, uma obra de arte da autoria de Antonio de Sant’Anna Galvão Leite, escultor autodidata. Nascido em São Paulo, em 5 de fevereiro de 1941, o artista foi funcionário administrativo-financeiro do IFQSC/USP por 32 anos. Após sua aposentadoria, iniciou em São Carlos suas atividades artísticas e complementou sua tendência artística inata participando de vários cursos com artistas de renome de São Paulo. A obra de arte remete à história da criação do primeiro Cepid do IFSC/USP – Centro de Pesquisa, Inovação e Biotecnologia Biomolecular Estrutural - que reunia pesquisas emergentes. “Nessa altura, por volta do ano 2000, convidamos o Antonio Galvão para fazer esta escultura, que ficou instalada em um pequeno jardim no edifício do IFSC/USP, na Área-1 do campus. Agora, ela foi transportada para aqui, em lugar de destaque, continuando a remeter sua simbologia à origem da vida”, salientou o docente.

Seguidamente, coube a André Luís Berteli Ambrosio falar e justificar a criação do Centro de Crio-microscopia Eletrônica de Biomoléculas, enaltecendo a sua importância como facility multiusuário. Ao agradecer todo o apoio prestado pela Fapesp, o docente explicou de forma sintética os objetivos dos dois crio-microscópicos adquiridos recentemente, que, segundo ele, representam um marco importantíssimo para o IFSC/USP e para a região. “Estes equipamentos vão expandir a atuação na grande área de Biologia Estrutural, uma área que é o primeiro exemplo de sucesso de interdisciplinaridade na história das ciências modernas, como comprovam os cinquenta “Prêmios Nobel” entretanto conquistados ao longo dos anos”, sublinhou o pesquisador. Na oportunidade, ao agradecer a todos os colegas pela forma como contribuíram para a instalação deste centro, o docente anunciou a homenagem – entrega de placas - que foi prestada aos três servidores que contribuíram para o que novo centro ficasse operacional. Francisco Fernando Falvo – placa entregue por Oliva; José Augusto Lopes da Rocha – placa entregue por André Luís Berteli Ambrosio; e Humberto D’Muniz Pereira – placa entregue por Richard Garratt.

O último discurso no decurso destas inaugurações foi o do docente e pesquisador do IFSC/USP, Luiz Vitor de Souza Filho, que, na circunstância, representou o Diretor Científico da Fapesp, Márcio de Castro Silva. Em sua intervenção, o docente parabenizou o IFSC/USP pelo seu 30º aniversário e sublinhou que sua curta oratória iria verter sobre os dois principais itens relacionados com a Fapesp: a inauguração dos dois CEPIX e a inauguração do Centro de Crio-microscopia Eletrônica de Biomoléculas, tendo destacado a importância deste centro exatamente por ser multiusuário. “O termo “multiusuário” é bem específico, muito embora ainda exista uma certa mentalidade coronealista, já que muitos pesquisadores pensam que esses equipamentos são propriedades deles. Não são. O termo “multiusuário” é bem explícito e temos que insistir nisso. Os equipamentos são para todos os usuários que necessitam deles e o histórico do IFSC/USP demonstra isso mesmo, ou seja, o compartilhamento de seus equipamentos com todos os usuários que precisam. Talvez, por isso, o IFSC/USP seja a instituição que mais possui equipamentos multiusuários no Estado de São Paulo. Aqui tem uma história de sucesso humano em todos os níveis e, por isso, dou os parabéns a todos os envolvidos”, concluiu o pesquisador.

Após esse último discurso, o Reitor da USP presidiu à cerimônia de descerramento da placa evocativa da inauguração do novo centro, momento que foi acompanhado por todos os convidados, com um destaque especial para as presenças dr Jorge Guimarães – Doutor “Honoris Causa” da USP, Yvonne Primerano Mascarenhas – Professora Emérita da USP - e Luiz Nunes – Decano do IFSC/USP.

Sessão Solene da Congregação

A sessão solene da congregação do IFSC/USP ocorreu no Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas” (IFSC/USP), já na Área-1 do campus, logo após as inaugurações que se realizaram no início da manhã, e consistiu na inauguração dos dois novos Cepix do IFSC/USP, na circunstância, o Centro de Pesquisa e Inovação Especial em Ciências da Descoberta de Medicamentos - Cepimed, e o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica – Cepof, tendo presidido à Mesa de Honra o Reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior. A mesa foi composta pelo Diretor do Instituto de Física de São Carlos, Osvaldo Novais de Oliveira Junior, pelo representante do Diretor Científico da Fapesp, Luíz Vitor de Souza Filho, o coordenador do Cepimed, Adriano Andricopulo e, de forma remota a partir dos EUA, o coordenador do Cepof, Vanderlei Bagnato.

Abrindo a sessão, o Diretor do IFSC/USP fez uma breve abordagem à história do IFSC/USP e às suas principais conquistas em pesquisa, ensino e extensão universitária, tendo-se seguido as intervenções orais complementares aos discursos proferidos no início da manhã por Adriano Andricopulo e Luiz Vitor de Souza Filho. Para Bagnato, conectado a partir dos EUA em missão profissional, ter um Cepix não é fazer mais do mesmo, sendo, sim, um novo grau de maturidade. “Não se pretende fazer mais do que se fazia anteriormente, quando o Cepof era um Cepid, mas sim fazer de forma diferente para que possam ser atingidos novos patamares, principalmente em nível internacional, procurando também obter investimentos externos para financiamento de nossas pesquisas”, sublinhou Bagnato. Para o pesquisador, existe a necessidade de se manter um grande compromisso com a excelência, combinando competências com grande responsabilidade social, como tem sido ao longo dos últimos vinte anos “(...) com uma produção científica de mais de cinquenta artigos por ano, de centenas de alunos formados nos cerca de vinte laboratórios dedicados a diversas áreas de pesquisa (...)”.

Por último, na sua oratória, o Reitor da USP citou alguns aspectos relacionados com as atividades-fins da Universidade, tendo colocado o IFSC/USP dentro desse conceito. Com relação à graduação, segundo o Reitor, a USP está fazendo um movimento muito grande para modificar a graduação, principalmente para torná-la mais próxima daquilo que os alunos esperam e também muito mais próxima ao que o mercado de trabalho espera. “Quando falo de mercado de trabalho refiro-me à sociedade, não ao mercado onde só se pretende ganhar dinheiro; e todas as unidades estão convidadas a fazer esse pensamento, essa análise. Nós vamos entregar agora para vocês, no IFSC/USP, duas ferramentas: uma relacionada com a evasão, no sentido de podermos estudar esse fenômeno, e uma outra relativa ao desempenho individual dos nossos alunos, desde o primeiro ano, para acompanhá-los mais de perto até eles se formarem. Vamos olhar quais alunos precisam de uma atenção especial, quais alunos estão bem, qual aluno saiu da média, qual o aluno que caiu no rendimento, qual o grupo de alunos que precisa de um cuidado mais intenso. Eu tenho visto alguns dados preliminares e acho que a matemática é um ponto que está muito fraco no ensino médio aqui no Estado de São Paulo, em relação a outras disciplinas. O desempenho dos alunos de humanas e biológicas está razoável, mas quando você olha para matemática, física e engenharia, tenho a sensação de que os nossos alunos estão entrando na Universidade com alguns conceitos que não foram dados ainda no ensino médio. Temos que ver o que podemos fazer para melhorar o desempenho desses alunos na área de matemática, seja no ensino médio, ou mesmo depois quando eles entrarem na Universidade”, sublinhou o dirigente.

O reitor também abordou a contratação de novos docentes. “A contratação de docentes aqui, na Universidade de São Paulo, está na faixa etária dos 42 anos. Eu acho que já é uma idade um pouco avançada. Nós gostaríamos de ter os professores entrando na USP com 30 e poucos anos e não acima dos 40. E a culpa não é do professor; a culpa é nossa, que ficamos demorando muito a entregar esses jovens para a formação depois dos seus doutorados, e, obviamente, depois dos pós-doutorados. É muito raro alguém entrar ao USP, hoje, sem o pós-doutorado. Quando você acaba o doutorado com 38 anos, e depois com o pós-doutorado, você vai ser contratado com cerca de 42 anos. Quando você vai nos EUA, com 33 anos os professores vão entrando nas universidades. Nós precisamos atrair esses jovens para a Universidade através de um novo programa a ser implementado.

Carlotti Junior também evidenciou o fato da USP estar criando centros internacionais, sendo que o maior deles vai ser o Centre National de Recherche Scientifique - CNRS (França), que já tem sete pilares - o pilar quer dizer uma linha de pesquisa, um pesquisador brasileiro, um pesquisador francês e a vida de pesquisadores franceses trabalhando dentro da Universidade. “Os responsáveis pelo CNRS vieram aqui em São Carlos e ficaram impressionados tanto com a engenharia quanto com a física, e eles querem criar, dentro desses pilares, um centro de engenharia que ficará muito concentrado aqui em São Carlos”, pontuou o dirigente, acrescentando que se torna importante trazer a internacionalização para junto dos alunos da USP. “Nós não podemos enviar os nossos 90 mil alunos para o exterior, mas podemos trazer os centros internacionais para junto dos nossos alunos. O aluno vai conversar com o pesquisador francês, com o pesquisador inglês, com o italiano, e isso tudo inserido no seu cotidiano. Com isso, acredito que vamos melhorar ainda mais o nível de pesquisa que nós temos na Universidade de São Paulo”, sublinhou o Reitor, tendo no final parabenizado o IFSC/USP por sua história e agradecendo pelo seu brilhantismo ao longo dos seus 30 anos de existência. (Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP)