Pesquisadores da USP São Carlos usam nanotecnologia para administrar medicamentos por via nasal para combater câncer cerebral
11 OUT 2024 • POR (*) Rui Sintra • 06h00Esta é uma notícia que não pode passar despercebida nesta minha coluna, tendo em vistas a importância dela no contexto da saúde pública. Com efeito, cientistas da USP São Carlos acabam de concluir uma pesquisa que tem o objetivo de se poder administrar medicamentos, por via nasal (nas mucosas das narinas) a pacientes com glioblastoma, um tipo de câncer cerebral. Antes de verter sobre a pesquisa em si, vou lembrar que o glioblastoma é um tipo de câncer considerado bastante agressivo em sua forma mais grave, sendo que as informações sobre mutações genéticas que causam esse tipo de tumor ainda são pouco conhecidas. A manifestação de sintomas deste câncer está relacionada com a localização cerebral do tumor. De forma geral, o quadro clínico dos pacientes apresenta-se através de cefaleia (dor de cabeça) persistente, mais intensa na parte da manhã. Outro sintoma que pode se desenvolver, dependendo da localização do glioma, é o de visão comprometida. Nesse caso, os pacientes podem apresentar visão embaçada ou dupla, enquanto as crianças que apresentam o tumor na região do cerebelo sofrem com instabilidade motora, desequilíbrio e irritabilidade constante (Informações colhidas no site do Dr. André de Macedo Bianco – Neurocirurgião / Hospital Nove de Julho). Essa nova metodologia desenvolvida pelos pesquisadores do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos (GNano-IFSC/USP), Prof. Valtencir Zucolotto e Drª Natália Noronha Ferreira Naddeo, propõe substituir os procedimentos utilizados atualmente e que colocam uma série de desafios a médicos e pacientes, sendo que um deles é a quimioterapia-padrão, via oral, que exige altas doses para superar a barreira hematoencefálica e que provocam muitos efeitos colaterais. Para resolver esse problema, os cientistas, em parceria com o Dr. Rui Reis, do Hospital de Câncer de Barretos (SP), criaram um sistema baseado em nanotecnologia que promete servir como um atalho mais seguro para o tratamento, utilizando um acesso pelo nariz. Para isso, foram criadas nanopartículas com um quimioterápico e recobertas por membranas de células retiradas do próprio tumor. O “truque” faz com que essas estruturas, ao penetrarem os nervos olfativos, sejam atraídas pela região acometida pela doença no cérebro. Testes in vivo, em modelos animais, demonstraram que o fármaco mantém sua configuração intacta e é capaz de acessar, combater e reduzir o tumor. A plataforma, inédita, abre portas para futuras pesquisas na aplicação da nanotecnologia na oncologia, algo que marca, definitivamente, uma nova etapa no combate ao câncer. Segundo me consta, esta pesquisa será exibida em breve no “Jornal Nacional” (Globo). Parabéns aos cientistas de nossa cidade.
O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists/European News Agency) - MTB 66181/SP.
Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.