Mestre Izael recebe título de Cidadão Benemérito de São Carlos
25 SET 2024 • POR Da redação • 08h20Os vereadores da Câmara Municipal de São Carlos concederam nesta terça-feira (24) o título de Cidadão Benemérito de São Carlos ao capoeirista Izael Teixeira, o Mestre Izael.
O projeto de decreto legislativo foi lido pelo vereador Djalma Nery (PSOL), mas é de autoria da advogada Sara Bononi, que exerceu mandato de vereadora no mês de agosto.
Mestre Izael e a Pena de Ouro em São Carlos
O primeiro contato de Izael Teixeira com a capoeira foi, segundo ele próprio, no ano de 1964 quando, ainda criança, assistiu a uma exibição de capoeira durante um dia de final de semana numa escola pública no centro da cidade de São Carlos. Ainda não seria o momento em que o jovem iniciaria sua prática nesta arte ancestral brasileira, mas com certeza representou, como ele costuma dizer, o início de sua paixão pela arte, pois, a partir daquele dia, a capoeira havia “tocado sua alma”.
Somente anos depois, em 1974, é que Mestre Izael iniciaria realmente sua prática, sob a orientação de Mestre Simião Oliveira de Souza, capoeirista baiano que, como tantos outros, viera para o sudeste para ensinar sua arte. Mestre Izael conta com um misto de alegria e tristeza este seu início na prática desta arte, pois, apesar da felicidade em fazer sua primeira aula com o mestre, não teve possibilidade de dar continuidade aos treinos, haja visto que Mestre Simião voltaria para a Bahia naquele mesmo ano, sem possibilidades, portanto, de ministrar uma segunda aula.
A partir de então, com esforço e dedicação, o iniciante Izael mantinha seu treinamento cotidianamente com aqueles poucos movimentos aprendidos naquela única aula que Mestre Simião havia ministrado. Seu esforço rendeu frutos pois, no ano de 1977, o jovem Izael Teixeira reencontraria e retomaria seus treinos com Mestre Simão, que havia voltado para São Carlos ficando, dessa vez, até o ano de 1979, período em que Izael estaria “colado” ao mestre de origem baiana e daria, então, seus primeiros passos na hierarquia desta luta que também é uma arte.
Após a saída definitiva de mestre Simião de São Carlos, no já referido ano de 1979, o então capoeirista Izael tomaria em suas mãos a responsabilidade de dar continuidade aos treinamentos e manter vivos os ensinamentos transmitidos a ele por mestre Simião.
Posteriormente, com o acompanhamento de Mestre Natal, da cidade de Araraquara, e Mestre Laércio Alves Rodrigues que o formariam como professor de capoeira. Foi longo e árduo o caminho trilhado por Izael Teixeira para sua consolidação e reconhecimento na comunidade capoeirística, visto que boa parte dessa trajetória foi feita posteriormente à saída de seu primeiro mestre da cidade de São Carlos. Este caminho teve um de seus momentos mais marcantes justamente com a criação da Associação de Capoeira Pena de Oura, nome que batizaria a partir do ano de 1980 o atualmente reconhecido espaço capoeirístico de cultura popular e tradicional responsável, portanto, pela manutenção do importante patrimônio histórico cultural imaterial que é a capoeira.
A história da Pena de Ouro, dessa maneira, mistura-se intimamente à história pessoal de Mestre Izael e da capoeira herdada de Mestre Simião, assim como marca a história da própria de cidade de São Carlos.
Foi por meio de seu esforço pessoal como professor e mestre, e também de seu trabalho na Pena de Ouro que mestre Izael passou a ser cada vez mais reconhecido na comunidade capoeirística, não somente na cidade de São Carlos como em muitas outras regiões do interior paulista, sustentando atualmente a condição de mestre de capoeira mais antigo de sua cidade natal.
A Pena de Ouro, por sua vez, aparece como espaço de capoeira mais antigo da cidade, comemorando seus 40 anos de existência em novembro do presente ano, apesar de seu registro como associação datar somente do ano de 2014.
Durante o funcionamento da Pena de Ouro, muitas pessoas de diferentes origens, condições, histórias e gerações passaram ali parte de suas vidas e, através dos ensinamentos de mestre Izael, puderam conhecer ao menos um pouco dessa arte considerada, desde 2008, como um patrimônio cultural imaterial da humanidade.