Fotobiomodulação em Reabilitação Neurológica
22 SET 2024 • POR Kleber Jorge Savio Chicrala • 08h27Profa. Dra. Luciana Maria dos Reis Mestre e Doutora em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Docente do Curso de Fisioterapia daUniversidade Federal de Alfenas
A fotobiomodulação consiste na aplicação de luz a um sistema biológico, por meio de lasers ou LEDs, capaz de induzir um processo fotoquímico com aumento do metabolismo celular e efeitos terapêuticos como analgesia, regeneração tecidual, redução do processo inflamatório, entre outros.
Além desses, há evidências de que a aplicação da fotobiomodulação em diferentes regiões do encéfalo, por meio da aplicação transcraniana, resulta em aumento da perfusão cerebral e consequente melhora cognitiva, motora e funcional em doenças neurológicas como Demências, Doenças Traumáticas, Parkinson e Acidente Vascular Encefálico.
A Profa. Dra. Luciana Maria dos Reis, do Instituto de Ciências da Motricidade (ICM) e Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR) da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), tem desenvolvido estudos envolvendo a fotobiomodulação para regeneração e modulação do sistema nervoso central e periférico.
Em um dos estudos, foi verificado o efeito da fotobiomodulação na dor neuropática após lesão nervosa periférica em camundongos.
A dor neuropática acontece quando há uma lesão ou doença que afeta o sistema nervoso, comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Os principais sintomas relados pelos pacientes são dor em queimação, sensação de choque, formigamento, presença de dor diante de um estímulo inofensivo, como o toque leve, e hiperalgesia (exacerbação da dor).
Trata-se de um tipo de dor de difícil tratamento e que não responde à analgésicos convencionais. As melhores respostas são observadas com medicamentos de uso controlado como anticonvulsivantes (gabapentina e a pregabalina) e antidepressivos tricíclicos. No entanto, nem todas as pessoas sentem alívio completo dos sintomas com esses medicamentos, e muitas acabam enfrentando efeitos colaterais, como tontura, sonolência e ganho de peso.
Pensando em meios alternativos para o tratamento da dor neuropática e, tendo em vista que os mecanismos de ação da fotobiomodulação ainda não são completamente esclarecidos na literatura, pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), por meio do Prof. Dr. Nivaldo Parizotto, conduziram um estudo em modelo animal para verificar a participação dos receptores de serotonina 5HT1A, localizados no sistema nervoso central, no efeito analgésico da fotobiomodulação.
Os resultados indicaram que a fotobiomodulação é capaz de produzir efeito analgésico em casos de dor neuropática decorrente da lesão de nervos periféricos e que os receptores de serotonina 5HT1A participam do processo de alívio da dor promovido pela fotobiomodulação.
Outro estudo realizado pelo grupo de pesquisa consistiu em verificar o efeito da fotobiomodulação transcraniana na funcionalidade de membros superiores após Acidente Vascular Encefálico.
O Acidente Vascular Encefálico (AVE), também conhecido por Acidente Vascular Cerebral (AVC), é uma doença neurológica de fisiopatologia complexa e multicausal que resulta em alterações motoras, cognitivas e/ou emocionais, com consequente prejuízo da funcionalidade dos indivíduos acometidos pela doença.
A Fotobiomodulação Transcraniana é uma das intervenções de grande potencial e vem sendo utilizada em diversos estudos. Por não terem sido encontrados dados na literatura sobre o uso deste recurso para funcionalidade de membros superiores pós AVE crônico, os pesquisadores desenvolveram um estudo de viabilidade com este objetivo.
Participaram do estudo indivíduos diagnosticados com AVE há 6 meses ou mais, com média de idade de 57,8 anos e média de 2,6 anos do tempo de AVE. A intervenção com a Fotobiomodulação Transcraniana foi realizada por meio do laser de baixa intensidade, com comprimento de onda de 830 nanômetros, aplicados bilateralmente, com 6 Joules em cada ponto, sendo escolhidos pontos específicos seguindo o Sistema Internacional 10-20”.
Os resultados demonstraram efeitos qualitativos relevantes, com melhora da função do membro superior acometido.
Os pesquisadores destacam a importância da realização de novos estudos, com utilização da fotobiomodulação, a fim de fortalecer o conhecimento científico e a prática clínica.
A Universidade de São Paulo (USP-São Carlos) – Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica(CEPOF) – IFSC - USP é um Centro vinculado ao laser( a óptica e a fotônica) que permite a difusão científica, via Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato , de conhecimentos sobre a aplicação deste recurso em reabilitação.
Fontes: Profa. Dra Luciana Maria dos Reis, Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) e Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR-UNIFAL); Profa. Dra Gabriela Xavier Santos, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR-UNIFAL), Instituto Nacional Padre Gervásio (INAPÓS); Ms. Laísa Caroline Freitas Afonso, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR-UNIFAL); Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato – Coordenador do CEPOF – INCT – IFSC – USP e Membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP; Me Kleber Jorge Savio Chicrala – Jornalismo Científico e Difusão Científica – CEPOF – INCT – Grupo de Óptica – IFSC – USP