Artigo Rui Sintra

“Não é o Vanderlei Bagnato que está no Texas - é o IFSC, a USP e o Brasil que estão lá”

16 AGO 2024 • POR (*) Rui Sintra • 06h00

Felizmente, o mundo ainda está repleto de pessoas que tentam dar o melhor de si próprias em prol dos outros, em prol de suas comunidades, quase sempre despindo-se de seus interesses, objetivos pessoais e, quantas vezes, mesmo, relegando temporariamente as suas famílias para um plano secundário, sem, contudo, hipotecar seu amor. Uma dessas pessoas – permitam-me aqui, com todo o respeito, citar ela – é Vanderlei Salvador Bagnato, são-carlense dos “quatro costados” e um dos mais prominentes cientistas brasileiros na área de física, docente do Instituto de Física de São Carlos (USP) e responsável pelo Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), personalidade sobejamente conhecida no Brasil e internacionalmente – da Europa ao continente americano, passando por Ásia e África. Seu nome está indelevelmente ligado às mais importantes pesquisas relacionadas com as áreas de óptica e fotônica, cujos estudos realizados por ele e sua equipe têm levado à criação de inúmeros protocolos e ao desenvolvimento de vários equipamentos – principalmente portáteis – para o tratamento de um número apreciável de doenças: da micose nas unhas, passando pela fibromialgia, o combate às bactérias resistentes e o tratamento do câncer de pele (não melanoma), já aprovado para ser disponibilizado no SUS -, isto só para enumerar um reduzidíssimo número de invenções assinadas por Bagnato e disponibilizadas para a sociedade. Detentor de inúmeros prêmios, distinções e homenagens e membro de várias importantes academias científicas, incluindo a Pontificia Academia do Vaticano, Bagnato não sossega em seu cotidiano de trabalho, sempre pensando no dia de amanhã. Desde há algum tempo que Vanderlei Bagnato se encontra afastado do Instituto de Física de São Carlos com o intuito de realizar pesquisas e organizar um centro de biofotônica na “Universidade do Texas A&M”, nos Estados Unidos, quase idêntico áquele que existe na USP de São Carlos, um trabalho que o tem privado da companhia de seus colegas, alunos e família. Neste mês de agosto (7), Bagnato recebeu das mãos do governador do Texas, Greg Abbott, uma homenagem com distinção honrosa premiando e enaltecendo o seu desempenho e relevância no trabalho que está desenvolvendo na citada universidade norte-americana, tendo o governador afirmado, na cerimônia de homenagem, a importância que tem em se olhar para o futuro, atraindo para o estado do Texas cientistas que poderão fazer a diferença. Segundo ele, os cientistas escolhidos para serem homenageados pelo estado do Texas são considerados “estrelas científicas brilhantes” que ajudam a cintilar mais intensamente o estado que ele governa. Abbott elogiou ainda o reforço da conexão científica entre o seu estado e o Brasil,  considerando as vocações similares que ambos têm - agricultura, agropecuária, inovação cientifica e tecnológica -, mas, principalmente, ter os cidadãos como alvos de todas as prioridades. Não é raro eu poder trocar impressões com Vanderlei Bagnato, muitas dessas conversas relacionadas – obviamente – com trabalho, mas desta vez o tema da conversa foi essa homenagem atribuída pelo governo do Texas. Bem ao seu estilo, Bagnato deixou claro que a sua missão – entre outras – é mostrar que os brasileiros são extremamente importantes no mundo em vários aspectos relacionados com o desenvolvimento científico e tecnológico. Contudo, ao deixar claro a sua paixão pela cidade de São Carlos, pelo Instituto de Física de São Carlos e pela USP, como um todo, Vanderlei Bagnato sublinhou as saudades que sente de tudo e todos, tendo afirmado que está plenamente convencido de que a caminhada ao longo de sua carreira é muito mais prazeirosa  do que quando chegar no final dela. Na nossa conversa, ele disse que tem tido sorte em ter excelentes colaboradores num instituto que comprova todos os dias a sua excelência nacional e internacional, e de estar estar ao serviço de uma instituição - a USP - que nunca mediu esforços para apoiar todos os desenvolvimentos que ele e seu grupo fizeram, inclusive, no apoio a esta sua missão temporária no Texas. O foco de Bagnato é criar um grupo de pesquisa, um centro de biofotônica com as mesmas características do que existe na USP de São Carlos, com o objetivo principal de desenvolver estudos e pesquisas bilaterais relacionadas com o câncer de pele e no combate às bactérias resistentes, em um primeiro momento. Para ele “Não é o Vanderlei Bagnato que está no Texas: é o IFSC, a USP  e o Brasil que estão lá”. O pesquisador são-carlense espera retornar em breve e de vez à nossa cidade, ao seu país, de uma forma mais consolidada, independente da idade. “Espero retornar uma pessoa ainda melhor, mais experiente e humilde o suficiente para enfrentar todos os problemas junto com meus colegas do Instituto de Física de São Carlos. Certamente, não mereço a honraria, por isso vou trabalhar mais para poder merecê-la. Só tenho receio de ter medo frente aos desafios, mas isso não me impedirá de continuar”. Para este que escreve este artigo – e certamente para muitos - é uma honra trabalhar com o Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato. Fica registrado!

O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists/European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.