Quando o sucesso das pesquisas na USP de São Carlos depende de vários atores
Técnicos e cientistas trabalhando em conjunto
2 AGO 2024 • POR Assessoria de Imprensa • 08h53A execução das mais variadas pesquisas e estudos dentro dos laboratórios das universidades e de outros centros de investigação não só requer o conhecimento dos cientistas em suas áreas específicas, como também um intenso trabalho desenvolvido, em paralelo, pelos inúmeros técnicos que apoiam os projetos.
O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) não foge a essa regra, pelo que, recentemente, o cientista Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, coordenador do Grupo de Óptica, iniciou a criação do Laboratório de Física Atômica no Instituto, onde irá ser instalado o novo armadilhamento de átomos para estudo dos chamados “Processos Quânticos”. Trata-se de uma infraestrutura moderna que se insere no avanço do conhecimento quântico, inclusive dedicada a novas tecnologias, sendo que o estabelecimento desse laboratório é considerado de grande importância porque não existe outro parecido com esse tipo de armadilhamento no Brasil e no Hemisfério Sul. “Este é um tema dominado pelos europeus, no que diz respeito aos chamados “Condensados de Bose-Einstein” e este laboratório vai incluir o IFSC/USP nessa área, realizando determinadas pesquisas com os chamados “gases quânticos uniformes”, esclarece o pesquisador.
A criação deste laboratório obedeceu a uma cuidadosa montagem de um sistema elétrico de alto nível, incluindo o recabeamento geral e a inserção de linhas limpas e não-limpas para a alimentação de toda a infraestrutura, sendo que, para o Prof. Bagnato “(...) foi um trabalho extremamente cuidadoso e muito bem feito (...), tendo em consideração que essa responsabilidade imensa recaiu nos ombros de um dos mais conceituados técnicos do IFSC/USP - João Gazziro.
Com 60 anos de idade e 42 anos dedicado ao IFSC/USP, o técnico João Gazziro entrou com 18 anos no campus USP de São Carlos, tendo três anos depois ingressado no antigo Laboratório de Vidros e Luminescência do Instituto. Para João Gazziro foi uma autêntica surpresa e um desafio imenso aceitar a tarefa de montar o laboratório, já que, segundo ele, apenas existiam as paredes. “Comecei por fazer um projeto elétrico simples, muito simples mesmo, tendo começado a cogitar de que forma iria fazer a requisição e compra do material, já que ele é muito especial para a finalidade do trabalho que será desenvolvido nesse laboratório, principalmente material contra explosões. Não é fácil encontrar esse tipo de material, mas consegui através de informações repassadas pela Petrobras e dessa forma formatei todos os equipamentos para funcionarem com perfeição no laboratório”, pontua o técnico.
Outra missão delicada para João Gazziro foi a montagem dos quadros de energia, sendo que a tensão utilizada no laboratório não é uma tensão normal de 110V ou 220V, mas sim uma de 380V. Essa particularidade obrigou o técnico a construir um autotransformador trifásico de 50KVA, com entrada de 220V e saída de 380V. “Foi desafiador elaborar os cálculos e construir esse equipamento, mas correu tudo muito bem. Nesse projeto foram também instalados dois “chillers” para resfriamento de água, equipamentos que têm a função de refrigerar o reator que está montado no laboratório. “Esses “chillers” funcionam através da retirada de calor de um líquido, podendo ser por compressão de vapor ou ciclo de refrigeração por absorção. É um equipamento que pode ser utilizado em diversas indústrias, como: a plástica, metal mecânica e médico hospitalar. Resumidamente, os “chillers”, neste laboratório, servem para resfriar o reator quando ele aquece”, explica Gazziro. Além destes equipamentos, João Gazziro projetou a instalação de um exaustor trifásico de 220V comandado por um inversor de frequência – que controla a velocidade do exaustor -, bem como todo o restante material elétrico – interruptores, luminárias, tomadas, painéis, etc.), tudo isso prevenindo qualquer tipo de explosão.
Após um mês e meio de trabalho ininterrupto, a criação do novo laboratório ficou pronto e João Gazziro não esconde o orgulho de ter feito um trabalho impecável. “É uma satisfação enorme ter conseguido terminar este trabalho apenas com projetos simples que derivam de minha própria experiência profissional de longos anos de trabalho. Fiquei extremamente feliz por ter recebido elogios e mais feliz fiquei ainda quando um engenheiro de uma grande empresa me procurou, pedindo se eu podia passar informações e dicas de como tinha elaborado o projeto, para que ele pudesse aplicá-lo em outro local. Projeto??? Este projeto foi concebido e desenhado em simples folhas de papel!...”, finaliza João Gazziro, sorrindo.
Este é um trabalho que orgulha toda a comunidade científica de São Carlos e a USP em particular. (Rui Sintra & Adão Geraldo – jornalistas – IFSC/USP)