Artigo Rui Sintra

USP de São Carlos avança com um novo tratamento para redução da neuropatia periférica diabética

5 JUL 2024 • POR (*) Rui Sintra • 06h00

Você sabia que a neuropatia periférica é uma complicação muito comum relacionada com diabetes e que ocorre em aproximadamente 50% dos casos dessa doença? Pois é... Essa dor neuropática acomete três quartos das pessoas com neuropatia periférica diabética e é caracterizada por uma dor diferenciada, crônica, difícil de ser tratada e com poucos estudos relacionados a ela, caracterizando-se por formigamento, sensação de picadas de agulha, queimação, pontadas, choques elétricos e câimbras, especialmente nos pés ou nas pernas. Essa tal de “neuropatia periférica diabética” é uma condição dolorosa que atinge, com o passar do tempo, os pacientes com Diabetes Mellitus (Tipo-II), e que agora está sendo investigada por pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo, no sentido de ser implementado um tratamento não invasivo e indolor. A pesquisa inicia-se agora com a chamada de sessenta (60) voluntários de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 45 e 70 anos, que não sejam dependentes de insulina e que apresentem pelo menos entre 7 a 13 anos com diagnóstico de Diabetes Mellitus (Tipo-II). É verdadeiramente impressionante o número de pesquisas que o Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos tem realizado ao longo dos últimos anos, todas elas vertendo sobre novos protocolos e o desenvolvimento de equipamentos dedicados à saúde pública. Nesta pesquisa, levada a efeito pela fisioterapeuta e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Juliana da Silva Amaral Bruno, responsável por este estudo no Grupo de Óptica do IFSC/USP e sob a orientação do Prof. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP), os pacientes serão avaliados individualmente e, através de métodos e testes específicos, irão ser classificados com neuropatia periférica leve, moderada ou grave, sendo que, seguidamente, serão submetidos ao novo tratamento. Conversando com Juliana Bruno, fiquei sabendo que a literatura relata que o diagnóstico precoce da neuropatia faz com que as terapias tradicionais, juntamente com dieta equilibrada e atividade física, reduzem os sintomas da neuropatia periférica. Contudo, a intenção desta pesquisa é ir mais longe, ou seja, prevenir complicações futuras pela perda da sensibilidade protetora, que pode acarretar lesões cutâneas, infecções, amputações na região dos pés e das mãos e, em estágios mais graves, até causar morte. Segundo Juliana Bruno, nas técnicas tradicionais de avaliação utilizam-se filamentos (o mais utilizado é o monofilamento de 10 gramas), o diapasão, que verifica a sensibilidade vibratória, sensibilidade térmica (quente e frio) e o reflexo Aquileu. Contudo, nesta pesquisa os cientistas vão realizar a avaliação não só com esses métodos, como também através de um equipamento detentor de uma tecnologia que classifica, em tempo real, o nível da neuropatia através da propagação do impulso do nervo sural, para assim se compararem os resultados. Esse nervo sural é essencialmente sensitivo, formado a partir dos ramos cutâneos dos nervos tibial e fibular comum, e que se estende desde a fossa poplítea pelas regiões posterior e lateral da perna até à superfície lateral do calcanhar e pé. A tecnologia utilizada nesta pesquisa avalia a velocidade e a amplitude de condução elétrica do nervo. É um tipo de avaliação que irá contribuir para comparar as técnicas tradicionais às desse equipamento não invasivo, portátil e com tecnologia de ponta. Muito bem... A partir dessa avaliação, os pacientes voluntários ingressarão nesse novo tratamento, cujo foco é estimular o nervo para recuperar e reduzir os sintomas da neuropatia periférica, com a realização de vinte e quatro sessões, duas vezes por semana, em dias alternados, com uma duração total de três meses. Este projeto de pesquisa será realizado no NAPID – Núcleo de Apoio à Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, localizado na Rua Riachuelo, nº 171, Centro, São Carlos, contando com uma parceria da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos. Atenção: Os pacientes interessados em se inscrever nesta pesquisa deverão entrar em contato pelo WhasApp (16) 99708-3702. Temos então, aqui, mais uma pesquisa fantástica made in São Carlos.

O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists/European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.