Artigo Rui Sintra

A tragédia na Turquia e Síria

10 FEV 2023 • POR (*) Rui Sintra • 07h10

A tragédia ocorrida na Turquia e Síria no decurso desta semana, em virtude do terramoto com magnitude de 7,8 na escala de Richter que provocou em ambos os países (números ainda não atualizados) largos milhares de mortos, faz-nos recordar, dentre outras catástrofes similares, um outro sismo que ocorreu igualmente na Turquia, em 1999 e que vitimou mortalmente mais de 17 mil pessoas. Então, estamos aqui perante uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo e que cruza a Turquia: a Falha Setentrional da Anatólia, que, inclusive, passa a cerca de 20 quilómetros de Istambul, exatamente onde se encontram três das principais placas tectônicas do planeta - Anatólia, Africana e Arábica. Esta tragédia vem, uma vez mais, alertar as autoridades mundiais para a necessidade de se implementarem, em todos os países, medidas de prevenção contra este tipo de manifestação da Natureza, mesmo naqueles em que a ocorrência de sismos possa ser considerada muito baixa. Com zonas sísmicas de alto risco na Europa - a terceira região do mundo mais suscetível à ocorrência de terramotos -, as autoridades de proteção civil da maior parte dos países que constituem o bloco Europeu instituíram e divulgaram, há anos, diversos planos de proteção das populações contra terramotos - Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Reino Unido, Islândia e França, entre outros, encontram-se no rol desses países. Esses planos, que são revisados anualmente, mesmo em nível do poder local junto das populações, incluem treinamento específico das forças de socorro, saúde, infraestrutura e segurança, planos de emergência nas escolas, hospitais e estruturas sociais, bem como a instituição de remodelações estruturais nos velhos e novos edifícios. Muitas pessoas perguntam como é que acontece um terramoto. Sem ser especialista no assunto, sumariamente isso acontece quando duas placas tectônicas se chocam ou se friccionam entre si, gerando uma pressão que acaba por chegar à superfície terrestre, causando o sismo. Além disso, os tremores também podem resultar de atividade vulcânica ou de deslocamento de gases no interior do planeta. E esses planos de prevenção que citei acima contêm mensagens muito simples em caso da ocorrência de um sismo, como, por exemplo: procurar proteção no vão de uma porta, de preferência inserida em uma parede de suporte do edifício ou embaixo de uma trave que poderá proteger de eventuais desabamentos; proteger-se embaixo de uma mesa, já que é perigoso estar próximo a armários, objetos pesados e vidros que podem cair; não caminhar em direção a escadas ou elevadores, já que por vezes as escadarias são a parte mais frágil do edifício e os elevadores podem ficar parados; ter em casa uma caixa de primeiros socorros e ter a certeza de que todos os membros da família sabem onde ela se encontra; caminhar para longe de construções, postes e fios elétricos; ficar longe de fábricas e indústrias; ficar longe das margens de lagos e de praias, onde podem acontecer tsunamis; evitar utilizar o carro, pois as estradas podem ter estragos e, além disso, deve existir a preocupação de deixar as vias rodoviárias livres para não atrapalhar os resgates; se, por outro lado, estiver dirigindo quando da ocorrência do sismo, não pare próximo a pontes, praias ou terrenos sujeitos a desabamentos.

Simples de memorizar, este conjunto de conselhos pode salvar uma vida. No próximo dia 28 deste mês de fevereiro, Portugal recorda o 54º aniversário do sismo que ocorreu em 1969, com intensidade de 7,5 na escala de Richter (foto acima).

O autor é jornalista profissional / correspondente para a Europa pela GNS Press Association  / EUCJ - European Chamber of Journalists / European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.