O que abrange o Direito Sistêmico?
25 MAI 2018 • POR (*) Adv. Rafaela C. de Souza • 05h16Considerando ser algo ainda muito novo na área do Direito, conceito este que foi trazido pelo Dr. Sami Storch, Juiz de Direito do Estado da Bahia, uma das referências na área, o Direito Sistêmico trata-se não somente de aplicação da técnica terapêutica denominada “Constelação Familiar”. A referida técnica é uma ferramenta de visualização dos sistemas familiares e suas conexões, ou emaranhamentos, desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger, e está cada vez mais sendo utilizada na medicina, psicologia, pedagogia e outras áreas do conhecimento.
Claro que o uso da referida técnica no Direito é um grande diferencial, posto que auxilia as partes e o próprio profissional na busca de qual a melhor solução para os envolvidos, ou até mesmo, somente facilita com o entendimento e consciência como melhor tramitar o processo judicial ou extrajudicial.
Mas o Direito Sistêmico compreende também a advocacia sistêmica, na qual o profissional pode escolher desenvolver o seu escritório como um ambiente mais harmônico e acolhedor para as partes, posto que este lugar também denota a forma de trabalho do profissional ali instalado.
Podemos dizer que compreende também o atendimento do cliente, em que por meio de um primeiro contato, através de uma ficha de atendimento, podemos entender todas as suas complexidades e necessidades, por meio de perguntas sistêmicas e até mesmo a elaboração do Contrato de Honorários podemos colocar os princípios sistêmicos.
E quais são os princípios sistêmicos? Bert Hellinger ensina uma das leis sistêmicas que é o equilíbrio entre o dar e receber, ou seja, é essencial prover o melhor ao outro e dele receber, o mesmo para que haja equilíbrio e nunca mais nem menos, portanto, para que a relação entre o cliente e o profissional seja equilibrada, obedecendo a Tabela de Honorários estabelecida pela Ordem dos Advogados do Brasil Estadual ou Regional, se for o caso, as formas de pagamento podem ser equilibradas e sentida como estará justa, não podendo tomar mais do que será oferecido e nem receber de menos, pois envolve o que o cliente espera do trabalho oferecido e do que realmente será praticado pelo profissional. Assim, envolve o conceito de cobranças justas, pois a vida é sistêmica, temos responsabilidades sobre nossos atos.
Podemos também fazer as seguintes perguntas: minhas relações de troca são equilibradas ou tenho a sensação de que recebo mais do que posso retribuir ou de que dou mais do que recebo? Estou satisfeito com as trocas em meu ambiente de trabalho minha relação com os colaboradores e com os clientes e bem como colegas de trabalho? Como percebemos em nós essa questão?
Assim, a Advocacia Sistêmica ou o Direito Sistêmico, abrange diversas outras questões do que somente a aplicação da técnica da Constelação Familiar, posto ser estritamente necessária à formação na área e de muita responsabilidade, e até mesmo saber se as partes estão realmente prontas para olharem para que o que devem ou não. Às vezes não é caso de aplicação desta técnica e sim, somente de expansão da consciência sobre o conflito e o profissional que estiver capacitado poderá orientar da melhor forma as partes, em busca de uma solução e aplicação de Justiça! Obrigado, bom final de semana a todos!!!
(*) A autora é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 30ª Subseção de São Carlos.
Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.