Em 25 anos, a fecundidade no Estado de São Paulo passou de 2,08 para 1,52 filho por mulher. A Fundação Seade analisou a evolução da fecundidade em São Paulo e observou diversos movimentos ao longo dos últimos anos: redução entre 2000 e 2007; estabilidade até 2010; aumento entre 2011 a 2015; queda e crescimento entre 2015 e 2017; e uma nova tendência de redução a partir de 2018, que segue até 2023.
Em 2023, a fecundidade estimada assemelha-se à de 2022, podendo sinalizar uma recuperação dos nascimentos ou uma estabilização na queda. Fecundidade é o número médio de filhos nascidos vivos, tidos por mulher ao final do seu período reprodutivo.
Para Lúcia Mayumi Yazaki, da Fundação Seade, “estudos vêm indicando que a queda da fecundidade registrada no período mais recente é resultado da redução da fecundidade iniciada em 2018, somada à reação dos casais frente à situação de riscos provocados pela pandemia de Covid-19 ocorrida entre 2020 e 2021”.
A fecundidade das mulheres residentes no interior de São Paulo, que até 2020 era inferior à média do Estado, ficou em 1,53 filho por mulher, semelhante à média estadual, já que a redução nesse período foi menos intensa que nas demais áreas (10,0%).
A doutora em Sociologia Urbana, Evelyn Postigo: “. A crescente urbanização e os altos custos associados à criação de filhos, especialmente em grandes centros urbanos, têm desestimulado as famílias a terem mais de um filho”
Os movimentos foram semelhantes nas diferentes áreas do Estado, com algumas especificidades. A mais notável foi a redução observada na fecundidade das mulheres residentes na capital, que passou de 1,75 para 1,46 filho por mulher, entre 2018 e 2023 (decréscimo de 16,6%), ficando abaixo da média do interior paulista, o que indica um ritmo de queda maior em comparação às demais áreas. Assim, a média da região metropolitana, que inclui a capital, aproximou-se pela primeira vez da média estadual.
Socióloga com doutorado em Sociologia Urbana, Evelyn Postigo ressalta que entre 2000 e 2023, a taxa de fecundidade no Estado de São Paulo apresentou variações significativas, mas com uma tendência predominante de queda a partir de 2018. A média, que era de 2,08 filhos por mulher no final da década de 1990, atingiu 1,52 em 2023, um dos índices mais baixos já registrados no estado.
“Diversos fatores ajudam a explicar essa redução. A crescente urbanização e os altos custos associados à criação de filhos, especialmente em grandes centros urbanos, têm desestimulado as famílias a terem mais de um filho. Essa tendência é ainda mais evidente na capital paulista, que registrou uma queda de 16,6% na fecundidade entre 2018 e 2023, em comparação com uma redução de 10% no interior do estado no mesmo período”, comenta Evelyn.
Segundo ela, transformações no papel da mulher na sociedade também desempenham um papel crucial. “O aumento da participação feminina no mercado de trabalho, o maior acesso à educação superior e a expansão do uso de métodos contraceptivos, impulsionados por políticas públicas de saúde, têm contribuído para o adiamento da maternidade. Soma-se a isso o impacto da pandemia de Covid-19, que trouxe incertezas econômicas e sociais, levando muitos casais a adiar planos de ter filhos”.
Por fim, de acordo com ela, mudanças culturais, como a valorização da individualidade e a busca por estabilidade financeira antes de formar uma família, reforçam essa dinâmica. “Apesar de uma aparente estabilização observada entre 2022 e 2023, ainda é cedo para afirmar se esse movimento indica uma recuperação nas taxas de nascimentos ou apenas um novo ponto de equilíbrio”, destaca a socióloga.
Mais informações no link: https://spdemografico.seade.gov.br/integra/?analise=a-fecundidade-no-estado-de-sao-paulo-e-em-suas-regioes-administrativas-2000-a-2023
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