
A Fundação Seade divulgou dados sobre a idade média das mulheres no Estado e verificou que tal idade para as mulheres supera a dos homens e tem aumentado ao longo do tempo. Em 2023, 23,1 milhões de mulheres residiam no Estado, com predominância no grupo de 30 a 39 anos, enquanto em 2000 o destaque eram as mulheres de 10 a 19 anos, indicando mudança no perfil etário diretamente associada à queda da fecundidade no período.
Por outro lado, o aumento da longevidade contribuiu para o expressivo crescimento da população feminina idosa, como se observa no contingente de mulheres com mais de 60 anos, que mais do que dobrou, e no daquelas com mais de 90 anos, que quase quadruplicou.
Um estudo abrangente da idade média da população feminina nos municípios paulistas revelou mudanças importantes no período 2000-2023. No primeiro ano analisado, 303 municípios apresentavam idade média inferior à média estadual (30,9 anos). Em 2023, o cenário se transformou.
MUNICÍPIOS MULHERES MAIS JOVENS - O número de municípios com idade média inferior à média estadual (39,1 anos) diminuiu para 284.
A doutora em Sociologia Urbana, Evelyn Postigo: “O estudo O Envelhecimento Populacional e as Novas Configurações Familiares aponta, por exemplo, o crescimento de domicílios unipessoais, nos quais mulheres idosas vivem sozinhas, demandando políticas públicas”
Apesar dessa elevação da idade média feminina, acompanhando a tendência estadual, a configuração territorial deste indicador não sofreu alterações significativas. As áreas localizadas a oeste do Estado continuaram a apresentar as maiores idades médias.
Em 2000, no Estado de São Paulo, as mulheres tinham em média 30,9 anos e os homens, 29,4 anos, uma diferença de 1,5 ano, que se ampliou gradativamente nas décadas seguintes: em 2010, a idade média feminina era de 34,4 anos e a masculina de 32,5 anos; em 2023, essas idades atingiram, respectivamente, 39,1 e 36,7 anos. Outro aspecto de destaque é o aumento do diferencial entre os sexos, que cresceu para 2,4 anos no período analisado.
TRANSFORMAÇÕES PROFUNDADAS - Doutora em Sociologia Urbana pela UFSCar, Evelyn Postigo afirma que o aumento da idade média das mulheres no estado de São Paulo reflete transformações profundas na sociedade. “De acordo com a Fundação Seade, a idade média feminina passou de 30,9 anos em 2000 para 39,1 anos em 2023, acompanhando a tendência nacional de envelhecimento populacional. Mas quais são as razões por trás dessa mudança?”, questiona ela.
Segundo Evelyn, a queda da fecundidade é um dos principais fatores. “Pesquisas como Transição da Fecundidade no Brasil mostram que as mulheres estão tendo menos filhos e postergando a maternidade, consequência direta de maior acesso à educação e ao mercado de trabalho. Além disso, a longevidade feminina também tem aumentado, resultado de avanços na saúde e no bem-estar. Estudos indicam que, por razões biológicas e comportamentais, as mulheres vivem mais que os homens – um fenômeno que se reflete no crescimento expressivo da população idosa feminina”, destaca ela.
A socióloga explica que essas mudanças trazem impactos importantes. “O estudo O Envelhecimento Populacional e as Novas Configurações Familiares aponta, por exemplo, o crescimento de domicílios unipessoais, nos quais mulheres idosas vivem sozinhas, demandando políticas públicas voltadas ao cuidado e à qualidade de vida na terceira idade. Ao mesmo tempo, a diferença de idade entre homens e mulheres se ampliou, chegando a 2,4 anos em 2023, o que também levanta desafios para o planejamento previdenciário e de saúde”.
Para Evelyn, o envelhecimento da população feminina em São Paulo não é apenas uma questão demográfica, mas um reflexo das transformações no papel das mulheres na sociedade. “Compreender esse fenômeno é essencial para que gestores públicos e a sociedade civil estejam preparados para os desafios que ele impõe”, conclui ela.
Mais informações no link: https://informa.seade.gov.br/integra/?analise=mudancas-na-idade-media-da-mulher