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Personalidade camaleônica: A capacidade de se moldar ao parceiro (a)

11 Jun 2018 - 05h40Por (*) Bianca Gianlorenço
Personalidade camaleônica: A capacidade de se moldar ao parceiro (a) -

É doce, submissa, e deixa nas mãos de seu parceiro (a) todas as decisões que precisa tomar.

Não só as mais importantes, mas também aquelas mais insignificantes, como os alimentos que devem ser incluídos na lista de compra. Assim, transforma seu parceiro em seu guia, alguém a quem segue sem duvidar e sem planejar nada. Esta é a realidade de uma personalidade camaleônica.

Quem tem uma personalidade camaleônica concebe as relações de uma maneira desigual. Alguém se submete, alguém ordena. Portanto, quem goza desta personalidade se sente perdido quando está com um parceiro que lhe diz “quero saber o que você pensa” ou “não pode ser que pensemos a mesma coisa, você tem de ter sua opinião própria”.

Com essa personalidade a pessoa se adapta facilmente ao estilo de vida do companheiro, aos seus gostos, anulando os seus próprios desejos, para viver o que o outro desejou. Definitivamente, esconde quem verdadeiramente é para ser quem o outro espera. Porém, isso tem vantagens e inconvenientes.

A vantagem é que a pessoa consegue ter um parceiro com o qual consegue compartilhar absolutamente tudo. Fazer as mesmas atividades, pensar da mesma forma e se comportar perfeitamente. Além disso, como deixa todas as decisões nas mãos do parceiro, o relacionamento parece funcionar maravilhosamente bem, com harmonia.

O inconveniente é que sempre mostrará uma tendência a agradar e se submeter a outra pessoa. Nunca terá iniciativa e, além disso, sempre estará de acordo com tudo. Este tipo de personalidade pode acabar desgastando o relacionamento e o parceiro (a) pode se cansar desta atitude, já que se a pessoa pensa igual, se não toma a iniciativa, se parece que não tem gostos diferentes, é possível que o relacionamento perca o encanto.

A personalidade camaleônica é tão adaptativa que elimina por completo os efeitos surpresa do relacionamento!

Um casal não precisa ter os mesmos gostos, nem sentir atração pelas mesmas atividades e muito menos tem que mudar sua forma de ser um pelo outro. Quanto mais formos nós mesmos, melhor será a relação. Além disso, se não formos compatíveis, não tem problema.

Esse tipo de personalidade parece desejar encontrar alguém igual a todo custo. Terminar ou ficar sem um parceiro(a) lhes causa um grande pavor, por isso se moldam. A naturalidade, ser você mesmo e ter uma autoestima saudável é muito importante tanto a nível pessoal quanto relacional. Se não sabemos proteger nossa personalidade e a vendemos ao melhor impostor, talvez tenhamos um problema de insegurança.

A pessoa não hesita em praticar um tipo de mercantilismo emocional, onde é normal dissimular os próprios sentimentos, pensamentos e opiniões, com o objetivo de ser aceita e conseguir a aprovação do outro. É um tipo de prática que causa sérios efeitos secundários na própria dignidade.

A chave está em aprendermos a ser pessoas, não personagens.

Ser pessoa supõe saber respeitar aos demais com suas características, suas opiniões, suas virtudes e estranhezas. Supõe também sermos capazes de praticar a honestidade para não diluir nossa identidade e valores a troco de sermos aceitos. O parceiro (a) deve nos aceitar do jeito que somos, quando isso não ocorre, a relação já começou fadada ao fracasso.

E vocês podem estar pensando, em pleno século vinte e um, não é possível que existam pessoas assim! Pois eu digo que é mais comum do que vocês imaginam!

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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