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segunda, 25 de novembro de 2024
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O fenômeno do True Crime Por que estamos fascinados com histórias de crime?

31 Jul 2024 - 16h46Por Luana Biral
Foto de Octavian Dan na Unsplash - Foto de Octavian Dan na Unsplash -

Todos gostamos de uma boa história – ouvi-las e contá-las é algo quase tão antigo quanto a humanidade em si, e é algo que nunca nos deixou. Claro que a ficção tem papel importantíssimo aí, mas existe algo que dá um tempero especial a qualquer relato: saber quão conectados eles estão com a realidade.

Um dos melhores exemplos disso são os filmes de terror. Claro que é preciso um esforço especial para que eles deem, de fato, medo em quem assiste, mas qualquer um ganha uma potência especial quando os dizeres “baseado em fatos reais” aparecem na tela.

Isso não é nenhuma novidade, e também não é novidade que, assim como acontece com histórias de terror, de aventuras, fantasias e mais, as pessoas sempre se interessaram por histórias de crime. Só na literatura, o gênero policial durante décadas foi, e ainda é, em grande parte, recheado de best-sellers que transcendem épocas – Arthur Conan Doyle e Agatha Christie que o digam.

O que é relativamente novo, porém – um fenômeno dos últimos 50 anos, mais ou menos – é o massivo interesse por True Crime – em tradução livre e direta, “Crime de Verdade”. Obviamente que isso não é inédito, mas um levantamento da ExpressVPN mostra que, principalmente graças à tecnologia, nunca estivemos tão interessados em obras que tratam de crimes da vida real.

O interesse do público por histórias de crime já é antigo, claro, mas a mídia em si começou a aprender com isso, ainda nos anos 1970. Notícias de crimes bárbaros, assassinatos, chacinas e outras tragédias passaram a vender jornal, e não à toa nasceu a expressão bem brasileira “espreme que sai sangue”.

Esse fenômeno foi evoluindo junto com a tecnologia da mídia em si; do jornal migrou para TVs e rádios, dali para a internet e, desta, para um sem-número de ramificações, que vão desde webséries a podcasts com milhares de ouvintes. O True Crime cresceu e ainda cresce, porque sempre há interessados.

O que é True Crime?

Antes de mais nada, precisamos separar o que é True Crime do que é meramente uma obra inspirada em casos reais. Essas obras existem aos montes, e a diferença delas é que são, de fato, trabalhos de ficção que usam casos reais apenas como inspiração ou, no máximo, base para criação de personagens.

Exemplos desse tipo de criação incluem o espião mais famoso do mundo, o agente 007, James Bond, criado por Ian Flemming tendo como base uma série de espiões, como Sidney Reilly e tantos outros. Agora, o James Bond em si nunca existiu, nem suas aventuras, que são, de fato, fictícias.

True Crime é diferente disso. True Crime é um gênero literário, bem como cinematográfico, entre outros meios, no qual a história retratada é mais do que apenas inspirada – ela é uma versão mais ou menos ficcionalizada de casos reais de crimes.

Obviamente que os mais famosos são os assassinatos – especialmente em série -, mas o gênero vai muito além disso. Podem ser consideradas histórias de True Crime casos de sequestro, roubo, estelionato e tantos outros. Não faltam exemplos na mídia, inclusive na brasileira, que vão desde documentários como o magistral “Ônibus 174” até obras semifictícias, como “VIPs”, com Wagner Moura interpretando um estelionatário.

Crescimento dos True Crimes em todos os meios

Engana-se quem pensa que o gênero do True Crime se ateve às telas. Além do cinema em si, já citado, um dos meios que mais explora o gênero hoje é a televisão, especialmente as grandes redes de streaming.

Só a Netflix, gigante do segmento, produziu dezenas de séries, filmes e documentários de todos os tipos sobre isso. Alguns dos mais famosos se tornaram hits absolutos do sistema de streaming e de certa forma viraram até uma obsessão dos fãs – nem sempre de forma saudável.

Entre os exemplos mais recentes está o da série “Dahmer”, minissérie que conta a história do mais famoso canibal dos EUA, Jeffrey Dahmer. O problema não é o interesse em si, claro, e sim o fato de que muitos espectadores enxergavam no serial killer um personagem de alguma forma glorificável – seja pela atuação de Evan Peters, seja pelo interesse mórbido de ver as coisas pelos olhos do protagonista, que é o criminoso.

Catálogos internacionais de streaming também tem muito conteúdo do tipo e que pode ser acessado usando uma ferramenta de VPN, de forma rápida e fácil. Inclusive de streamings que tem no Brasil como Netflix e Amazon Prime, mas que restringem séries e filmes com barreiras geográficas.

True Crime como conteúdo democrático

Um último fenômeno que deve ser observado sobre o crescimento do True Crime como gênero é que ele é um dos que mais se viu democratizado pelo desenvolvimento da mídia. Especialmente através de podcasts, pessoas comuns, sem formação jornalística ou estudo na criação de filmes e séries puderam, elas mesmas, se tornarem criadoras de conteúdo.

O podcast, afinal, requer apenas um microfone, um programa para gravação e edição e a devida distribuição – além, claro, de pesquisa extensa, ao menos no cenário ideal. Dessa forma, pessoas comuns passaram a explorar essa possibilidade.

Dessa forma, o True Crime virou uma febre dos criadores de podcast – afinal, além de relativamente fáceis de produzir, podem ser muitas vezes estendidas por muitos e muitos episódios, tal como uma série televisiva. O fenômeno é tão massivo que, como não poderia ser diferente, já foi devidamente satirizado por ser tal febre do momento.

Pode ser que esse estilo atinja um teto de crescimento? Certamente é possível, mas não por falta de material-base, e cada vez mais, muito menos por falta de plataformas e formatos dispostos a receber tais histórias, que seguem gerando fascínio e, em alguns casos, até obsessão.

 

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