Entrevistada: Cristina Aparecida Diagone Fontana de Souza
Desde a sua introdução na sociedade, o café tem sido um dos produtos alimentares mais importantes, assumindo diferentes papéis nas instâncias econômicas, políticas e religiosas ao longo da história. Atualmente, é o produto alimentar mais consumido depois da água. O Brasil é o maior produtor, exportador e o segundo maior consumidor de café do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Com uma área destinada à cafeicultura (arábica e conilon) totalizando 2,26 milhões de hectares em 2023, a produção brasileira de café poderá atingir 54,94 milhões de sacas do grão beneficiado em 2024, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Já o mundo deve atingir uma produção de 178 milhões de sacas (60 kg de café cru; 48 kg de café industrializado) em 2024. Desse total, 102,2 milhões são de sacas de arábica (55,9% do total) e 75,8 milhões de conilon (44,1% do total). Já o consumo mundial é previsto de 177 milhões de sacas. Os dados são da Organização Internacional do Café (OIC). O consumo da bebida tem crescido no Brasil e no mundo.
Devido ao seu elevado valor de mercado, há muito tempo, o café é alvo de fraudes. Segundo o Parlamento Europeu, o café é atualmente um dos alimentos mais adulterados, juntamente com o azeite, o peixe/carne, o mel e os alimentos biológicos.
O café é atualmente cultivado em cerca de 80 países em quatro continentes. O Brasil é o maior produtor mundial, seguido pelo Vietnã e pela Colômbia. Muitos países africanos, incluindo o Uganda, o Burundi, o Ruanda e a Etiópia, têm o café como principal fonte de divisas.
Os cinco maiores produtores de café do mundo, responsáveis conjuntamente por mais de 75% do café mundial, são respectivamente: Brasil, Vietnã, Colômbia, Indonésio e Etiópia.
O café é uma commodity agrícola de grande relevância global, tanto para os países produtores quanto para os consumidores.
Geralmente, a produção tem aumentado ano após ano, indicando claramente uma tendência de aumento do consumo de café. Isto pode ser atribuído às propriedades sensoriais desejáveis do café, aos efeitos estimulantes da cafeína, bem como os seus benefícios para a saúde humana. Devido ao alto volume de produção e taxas de consumo, diversas associações conduzem métodos de pesquisa para controlar a falsificação ou prevenir qualquer contaminação que possa comprometer a saúde da população. A associação mais conhecida é a ABIC (Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Cafés), que foi criada na década de 1980 e introduziu selos e certificações. A ABIC é responsável por verificar se os produtos vendidos estão em conformidade com requisitos básicos e padrões de segurança especificados. Contudo, na última década do século XX (década de 1990), registrou-se um aumento da procura de especialidades de café. Com isto surgiu outra associação com esse aspecto, conhecida como BSCA (Brazilian Speciality Coffee Association). A BSCA trabalha para melhorar a qualidade e estabelecer a identificação global dos grãos de café verde, criando um selo de rastreabilidade para confirmar a origem e protocolos gerenciados. Todas as associações, indústrias e indivíduos envolvidos no setor cafeeiro e a indústria aplicam o protocolo do SCAA para realizar análises sensoriais do café.
Porém ao descrever os aspectos químicos do café verde e de todo o processo de torra, estes aspectos frequentemente mencionados na literatura contribuem para o sabor, aroma e sensibilidade sensorial que são os compostos ferúlicos, cafeicos, clorogênicos, ácidos, fenóis, ácido quínico, glicose, açúcares, carboidratos e celulose. Estes compostos constituem os corpos do sabor, mas sua concentração varia com o manejo, colheita, armazenamento, pós-processamento e torra. É um processo altamente complexo: a literatura indica a presença de cerca de 2000 compostos diferentes em uma única amostra de café.
Nas análises de rotina empregada nas indústrias e laboratórios para amostras de café de diferentes tipos de grãos empregam-se métodos laboriosos como análises sensoriais e métodos analíticos que requerem equipamentos onerosos. Nesta maneira o presente projeto do café, que está sendo realizado no grupo do LIOOA – CEPOF – INCT – IFSC - USP na coordenação do Professor Dr. Jarbas C. Castro , e sendo a coordenação do CEPOF – INCT – IFSC – USP do Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, tem como foco a substituição deste métodos pelo emprego de um equipamento que seja capaz de realizar as análises em poucos minutos e sem nenhum preparo de amostra e de geração zero de resíduos químicos ao meio ambiente.
Outra vantagem deste é o desenvolvimento de um equipamento portátil que possam ser utilizados in loco pelas indústria do café.
Fontes: Cristina Aparecida Diagone Fontana de Souza – Pesquisadora do LIOOA – CEPOF – INCT – IFSC – USP; Prof, Dr. Jarbas C. Castro - Pesquisador e coordenador do LIOOA – CEPOF – INCT – IFSC – USP e membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP; Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato - Coordenador do CEPOF – INCT – IFSC – USP e membro do Grupo de Óptica – IFSC – USP, e Kleber Jorge Savio Chicrala – Difusão Científica e Jornalismo Científico - CEPOF – INCT – Grupo de Óptica - IFSC – USP .
Cristina Aparecida Diagone Fontana de Souza é Bacharel em Química pelo Instituto de Química (IQSC) da Universidade de São Paulo, mestrado e doutorado pelo IQSC nas áreas Físico-química e Química Analítica, respectivamente. MBA em engenharia de produção pela UFSCAR. Experiência em gestão de laboratório e supervisão técnica de laboratórios analíticos nas áreas de desenvolvimento e validação de métodos e controle de qualidade.
Experiência em assuntos regulatórios e estudos para desenvolvimento e registro de medicamentos e agroquímicos.- Experiência em liderança de auditorias internas e externas (ISO 17025). Inspetora credenciada pelo Inmetro para realizar Inspeção em Boas Práticas de Laboratório (OECD/BPL) em Empresas e Laboratórios analíticos.
Consultoria em auditorias (ISO 17025) e inspeções (OECD/BPL) para laboratórios e empresas na área de química. Estudos de viabilidade financeira para implementação e ampliação de projetos de diferentes naturezas (redução de gastos, ganhos de produtividade, otimização de processos, sinergias e novos serviços).