Se tem uma fase que aterroriza os pais é a tal da adolescência!
Não é em vão, pois o universo do jovem é diferente do adulto e carece de atenção, cuidado e suporte.
Para ajudar é preciso conhecer primeiro. Pais, o quanto vocês conhecem seus filhos?
Quem já passou pela adolescência provavelmente terá boas e más lembranças de uma época demarcada por conflitos, mudanças, enfrentamentos e a sensação de que ninguém te entende. Tem coisas que não muda, essa fase de transição é uma delas, independente da época ser adolescente é vivenciar esse processo.
Os pais muitas vezes não conseguem lidar com esse adolescente e por isso acabam se perdendo na educação e no trato. Não hesitem, lidar com o Outro não é fácil, quando houver dúvidas procure ajuda especializada.
O adolescente está em busca de referenciais, experimentando e rejeitando o que o ambiente lhe oferece, nem sempre de forma consciente, o que lhe proporciona momentos de angustias e conflitos internos profundos. Situações que ao nosso olhar parecem ser simples, para eles é um sofrimento real e de muitas nuances.
Pois bem, senhores adultos não diga a um jovem que na sua época era diferente, porque se fosse você..., que é frescura, fraqueza ou qualquer outro adjetivo e blábláblá...
Essa forma de lidar tende a bloquear a comunicação entre os adultos e os jovens, anulando a possibilidade que o jovem encontrou para falar de sua dor, sofrimento e necessidade.
Atitudes como essas não favorecem a relação saudável entre pais/cuidadores e filhos, ao contrário, reforça o pensamento de que ninguém o entende e que o melhor é se calar. Ao se calar o jovem buscará outras formas de lidar com o que estão sentindo, e muitas vezes, tais manejos podem ser desajustados e causar-lhes danos significativos.
A pior coisa para um adolescente é ser comparado. Entendam, ele está em um processo de transição e para se estabelecer enquanto sujeito precisa descobrir quem ele é. E como faz isso? Levantando a sua própria bandeira, encontrando o seu grupo, identificando-se com as pessoas.
Você consegue responder sobre como seu filho/filha está em cada um dos aspectos listados abaixo?
- Desempenho escolar
- Relações afetivas com amigos, familiares, etc.
- Interesse e disposição para atividades diversas,
- Comunicação verbal - o que ele verbaliza na maior parte do tempo?
- Aspectos corporais - postura, cuidado com o corpo, aceitação do corpo,
- Aspecto emocional - Humor, nível de agressividade e stress, motivação ou desmotivação, etc.
- Aspecto alimentar - que alimentos são ingeridos, qual a proporção muito/pouco?
Nem sempre o jovem dará abertura para os pais acessarem o que passa em suas vidas, costumo dizer que adolescente tem aversão a pai e mãe, porém essas figuras são seus referenciais, ao mesmo tempo que querem distância precisam saber que estão ali
Dê o voto de confiança e deixe claro que ele tem uma rede de apoio confiável com regras, limites, direitos e deveres. E se perceber que existe um sofrimento ou desajustamento comportamental que lhe cause preocupação, não hesite e busque ajuda profissional.
Lembre-se que muitos são os estímulos e cobranças para os adolescentes, que estão constituindo uma identidade e estão em desenvolvimento. Eles não têm a mesma maturidade que um adulto para lidar com pressões, cobranças e situações adversas da sociedade.
Olhe, escute e perceba seu filho/filha, antes de ser um bom aluno, um futuro e excelente profissional ele é UMA PESSOA.
(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.
Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.