É sempre uma satisfação enorme quando destacamos prêmios e honrarias conquistadas por instituições de ensino sediadas em nossa cidade, sejam elas dos ensinos fundamental, médio ou superior. Desta vez, o destaque vai para um aluno do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), que se destacou em um dos principais prêmios internacionais, cujos resultados foram conhecidos recentemente. Com efeito, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciaram na semana passada os vencedores do “17º Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2024”, uma iniciativa da Reunião Especializada de Ciência e Tecnologia do Mercosul (RECyT) e dos organismos de ciência e tecnologia dos países-membros, cujo tema desta edição foi “Nanotecnologia Aplicada à Saúde”. O aluno Vitor Ribeiro de Almeida Reis (22), do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC/USP, conquistou o primeiro lugar na categoria “Estudante Universitário”, tendo direito, assim, a um prêmio pecuniário no valor de R$ 25 mil. Importante ressaltar que este prémio tem o objetivo de reconhecer e enaltecer os melhores trabalhos de estudantes, jovens pesquisadores(as) e equipes de pesquisa que representem potencial contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico dos países membros e associados ao Mercosul, bem como incentivar a realização de pesquisa científica e tecnológica e a inovação no âmbito do bloco e contribuir para o processo de integração regional entre os países, mediante incremento na difusão das realizações e dos avanços no campo do desenvolvimento científico e tecnológico no bloco. Natural de Juiz de Fora (MG), Vitor Reis ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no curso de Biotecnologia, tendo realizado entre 2023 e 2024 a sua Iniciação Científica no GNano - IFSC/USP sob orientação do Prof. Valtencir Zucolotto no projeto “Desenvolvimento de Testes Rápidos nanoestruturados para detecção diferencial de Tuberculose e Pneumonia”, com bolsa da FAPESP. Com esse projeto, Vitor concorreu e venceu a competição na categoria “Estudante Universitário”. A ideia inicial do jovem pesquisador foi fazer um dispositivo que diagnosticasse uma doença que fosse importante no contexto da saúde pública e, como a tuberculose e a pneumonia se encontram inseridas nesse contexto e como têm sintomas parecidos, Vitor Reis decidiu avançar nessas pesquisas. A grande diferença que esse projeto apresentou foi a utilização de duas nanopartículas – uma de ouro e outra de prata. Para entender melhor, nesses testes a nanopartícula de ouro apresenta uma coloração avermelhada, enquanto a de prata tem uma coloração amarela. Os diagnósticos para tuberculose e pneumonia são dados e apresentados exatamente através da cor que é apresentada em uma fita que está impregnada com um anticorpo para tuberculose e uma proteína oriunda da pneumonia, bastando, para isso, a coleta de escarro dos pacientes. Este estudo, segundo o jovem, permitirá conduzir, no futuro, ao desenvolvimento de um biossensor inovador, de baixo custo e que apresente resultados rápidos. Segundo a Dra. Isabella Sampaio, co-orientadora e participante do trabalho “Esse dispositivo representa um importante avanço no diagnóstico dessas doenças ao oferecer a possibilidade de testagem no ponto de atendimento, o que é especialmente relevante para áreas periféricas, com resultados rápidos, os quais permitem um tratamento mais eficiente”. O tema escolhido para este prêmio - “Nanotecnologia Aplicada à Saúde” -, relaciona-se com a crescente tendência de aplicação da nanomedicina e pela possibilidade que ela representa de trazer inúmeros benefícios, como o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos, além de ajudar na prevenção e diagnóstico de doenças, aumentando, assim, a qualidade de vida da população. Para o Prof. Valtencir Zucolotto, coordenador do GNano, com quem dialogámos, a temática do prêmio não poderia ter sido mais bem escolhida pelo CNPq, pois a Nanotecnologia já é uma revolução industrial e não apenas tecnológica. Essa revolução ocorreu inicialmente na área da Saúde, catalisada principalmente pela pandemia de Covid-19, com o desenvolvimento das vacinas de RNA e dos testes rápidos, ambos à base de nanopartículas. Para o Zucolotto “A nossa missão é implementar essa revolução em outras áreas, como o agronegócio”. O “Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia” contempla 5 categorias: Iniciação Científica, Estudante Universitário, Jovem Pesquisador, Pesquisador Sênior e Integração. Nesta 17ª Edição foram recebidas 130 inscrições, distribuídas da seguinte forma: 6 na categoria Iniciação Científica, 23 na categoria Estudante Universitário, 47 na categoria Jovem Pesquisador, 48 na categoria Pesquisador Sênior e 6 na Categoria Integração. Está de parabéns o IFSC/USP com a conquista de mais este prêmio, consolidando, uma vez mais, a importância de nossa cidade nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists/European News Agency) - MTB 66181/SP.
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