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sexta, 22 de novembro de 2024
Artigo Rui Sintra

Colar bovino estimula a reprodução e apoia a saúde animal

22 Nov 2024 - 06h00Por (*) Rui Sintra
Colar bovino estimula a reprodução e apoia a saúde animal -

Como muitos deverão saber, principalmente aqueles que trabalham na área de agropecuária, uma das formas de induzir a ovulação nas vacas para que possa ocorrer a inseminação e a consequente gravidez, se procede através da administração de hormônios aplicados de forma periódica, sendo que essa operação é normalmente feita por veterinários. Agora, através de um processo inovador, pode ser colocado um colar no pescoço das vacas que, devidamente programado, pode realizar a injeção automática de hormônios de forma periódica para estimular a reprodução. Esta foi uma tecnologia desenvolvida aqui na nossa cidade de São Carlos, dentro da Unidade EMBRAPII – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Empresarial - do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), tendo já gerado uma patente e um protótipo que foi testado por especialistas da Texas A&M University (USA). Para compreender melhor esta inovação são-carlense, o sistema permite, de forma simples, o manuseio de milhares de vacas simultaneamente, gerando impactos diversos no agronegócio. O projeto foi desenvolvido em parceria com a empresa “BRL LIFE-Tech”, uma startup sediada no Estado de São Paulo e que teve o apoio do SEBRAE, sendo que o protótipo foi devidamente testado perante Luís Gustavo Teodoro – Médico Veterinário (BRL Live Tech) -, Washington Coimbra (EMBRAPII-IFSC/USP), Vanderlei Bagnato, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos, e ainda os especialistas em reprodução animal Dr. R. Cook (Animal Science – Texas A&M University) e Dr. Ramiro Oliveria (Especialista em fecundação – Estado do Texas). Nesta versão inicial, o colar foi idealizado para injetar três hormônios, e como um deles precisa de refrigeração, o colar também tem a capacidade de se transformar em um mini-refrigerador com o auxílio de uma bateria, podendo assim manter os reservatórios refrigerados em até quinze dias. Testes iniciais já haviam sido feitos aqui no nosso país, mas os testes realizados no Estado do Texas foram fundamentais para a consolidação da ideia e deste inovador projeto. Segundo o pesquisador Vanderlei Bagnato, os testes consistiram em manter o animal por diversos dias com o dispositivo, avaliando a fixação do colar no pescoço do mesmo em relação ao seu posicionamento correto, a inserção da agulha e a aplicação de soro fisiológico para simulação da aplicação. Seguidamente, foram feitos testes com hormônio, monitoramento da temperatura interna do reservatório e do hormônio entre 5 a 8 ºC e armazenamento de dados da temperatura e aplicações. O protótipo passou pelos diversos testes com diversas observações feitas pelos especialistas, tendo em vistas algumas melhorias. O mais curioso, no entanto, foi o interesse que a ideia despertou nos próprios texanos, já que se trata de um dispositivo leve, que pode estimular de forma autônoma a reprodução animal, sendo que esse colar poderá administrar antibióticos em caso de necessidade, tornando-se, assim, um elemento de grande valia para a área da pecuária, uma das principais atividades econômicas do Estado do Texas. As discussões entre as equipes da Universidade do Texas e da EMBRAPII do IFSC/USP evoluíram no sentido de se introduzirem melhorias consideráveis no dispositivo, que, a partir de agora, se transformará em uma verdadeira plataforma de saúde animal. Os novos protótipos já deverão ter sua produção iniciada no IFSC/USP, sendo que as equipes e a empresa envolvidas neste projeto se encontram extremamente animadas com os resultados e com as possibilidades que esta inovação poderá trazer para a pecuária brasileira e mundial. Bagnato sublinhou, em conversa mantida conosco, que esta contribuição brasileira, em termos da inovação que este projeto traz, é imensa. Ele exemplificou, por exemplo, que atualmente animais jovens em transporte ficam doentes muito facilmente e ter um colar como este que foi projetado e desenvolvido – plataforma para saúde animal - deverá minimizar perdas e aumentar a eficiência da produção de carne e leite . A unidade EMBRAPII do IFSC/USP é especializada no desenvolvimento de instrumentação para a saúde e tem uma preocupação não apenas com a saúde humana, mas também com a saúde animal e ambiental. Há grandes perspectivas que a evolução deste projeto produza agora uma patente mundial e que venha a ter um grande impacto, pois os novos protótipos irão se apresentar muito para além da injeção, ou seja, com muito mais funções e, portanto, caracterizando de fato uma plataforma de apoio à saúde animal de um modo geral. Os engenheiros Coimbra e Vinicius, da unidade EMBRAPII do Instituto de Física de São Carlos (USP), continuarão certamente com sua dedicação para o desenvolvimento dos novos modelos, marcando este desenvolvimento como mais uma grande contribuição tecnológica para uma das áreas de grande importância da economia brasileira - a nossa pecuária. São Carlos continua a marcar pontos na ciência, tecnologia e inovação.

O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ - European Chamber of Journalists/European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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