
O “tarifaço” anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode impactar em 10% o preço das exportações brasileiras ao país da América do Norte deve atingir as empresas de São Carlos, principalmente as multinacionais que são exportadoras em potencial.
O diretor regional do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Marcos Henrique dos Santos, ressalta que s tarifas impostas pelo presidente dos EUA, vão afetar negativamente as indústrias exportadoras de São Carlos. ” Com o aumento dos preços dos produtos brasileiros vendidos nos Estados Unidos a demanda poderá cair, provocando paralisação das linhas de produção e gerando desemprego”, alerta ele.
De acordo com Santos, caso o Brasil decida retaliar com tarifas sobre produtos americanos, as indústrias de São Carlos que dependem de insumos importados dos EUA como componentes eletrônicos ou peças industriais, podem enfrentar custos mais altos. “Isso prejudicaria a cadeia produtiva local, reduzindo a margem de lucro das empresas”, comenta.
Segundo Santos, São Carlos tem forte presença em setores de alta tecnologia, autopeças, material escolar e refrigeração, que podem ser sensíveis as tarifas. Por outro lado, segundo ele, esta crise pode gerar oportunidades, pois as empresas podem ser forçadas a buscar mercados alternativos (como Ásia, Europa ou América Latina) para compensar as perdas nos EUA. “Além disso o produto brasileiro foi taxado em 10%, enquanto outros países em 30%, isso pode significar que o produto brasileiro passe a levar vantagem na competição dentro do mercado americano”, destaca.
Ele afirma que ainda é cedo para se ter uma ideia clara dos impactos desta política protecionista norte-americana. “Vamos ter que observar os próximos meses, mas se as exportações caírem significativamente, algumas indústrias podem reduzir produção, adiar investimentos ou até demitir trabalhadores, afetando a economia local”, comenta Santos.
O executivo Homero Busnello, diretor de relações institucionais da Tecumseh do Brasil, que emprega cerca de 2.000 trabalhadores na produção de compressores herméticos para refrigeração, comenta que o “tarifaço” atingirá todo o setor exportador brasileiro. “Os aumentos anunciados pelo governo dos EUA nesta semana indicam que todos os produtos exportados pelo Brasil serão afetados”, afirma ele.
Busnello destaca, que considerando, de forma comparativa, o Brasil foi contemplado com a tarifa de 10% enquanto outros países fabricantes de produtos equivalentes aos da Tecumseh foram ou serão tarifados bem acima desse percentual. “Dessa forma, podemos dizer que algum benefício comparado existe. A ser melhor avaliado conforme os desdobramentos se apresentarem via medidas e/ou eventuais negociações entre o Itamaraty e a diplomacia americana” conclui ele.
O economista Paulo Cereda relata que os principias economistas focados no mercado internacional dizem que setores de usinagem e metais e peças de aviação podem sofrer impacto. A Região de São Carlos tem a Latam e a Embraer. “As pessoas ligadas a estas cadeias produtivas podem sofrer este impacto. Toda cadeia produtiva que tenha como mercado os Estados Unidos serão impactados e terão que se readequar. Porém, o Brasil foi um dos países menos taxados. Isso pode significar ganho de mercado desde que haja preparo para entrar logo neste mercado e aproveitar esta oportunidade”, explica Cereda.
Ele comentou que o câmbio vai variar de acordo como for a reação das bolsas de valores e o humor do mercado. “Teremos que esperar as forças se readequarem e as negociações caminharem. Quem especular no câmbio no curto prazo poderá ganhar algum dinheiro com as flutuações que podem ocorrer”.
Segundo ele, esta guerra comercial não terá vencedores. “Guerra comercial nunca acaba bem, haverá sequelas. O governo norte-americano parece desejar criar um tensionamento em países que gozam de privilégios e que se fortaleceram com o processos industrial para um novo rearranjo de forças com um mercado global mais equilibrado. “Nos próximos meses as potências devem ir à mesa de negociação para conversar e promover novos pactos”, comenta.