O relógio que está na fachada da Estação Ferroviária de São Carlos, onde hoje funciona a Fundação Pró-Memória, foi restaurado pelo são-carlense João Lucas Coppi Hypólito, de apenas 23 anos. Técnico em eletrônica, contou com a ajuda do jornalista aposentado de Bauru, Jaime Prado, de 71 anos.
De origem inglesa, o relógio foi criado em 1904 e o mecanismo é da mesma fabricação do Big Bem, que está em Londres. Ele foi instalado no prédio da estação ferroviária de São Carlos em 1910 e inaugurado, com pompa e circunstância, em 1912.
O relógio estava sem manutenção, mas o mecanismo em perfeito estado, segundo João Lucas. Em entrevista à reportagem do São Carlos Agora, ele relatou como surgiu a iniciativa e a vontade de fazer com que o relógio voltasse a funcionar, mantendo as suas características originais, mas com uma repaginada.
Disse que gosta de relógios e coleciona tais instrumentos. “Faço manutenção também. É na verdade é um hobby”, disse, salientando que um dia passou em frente à Estação Ferroviária há pouco mais de um mês, parou e observou o relógio. “Surgiu a ideia do restauro e a vontade de fazer a máquina voltar a funcionar. Fui até a direção da Fundação e perguntei se podia. Eles permitiram e comecei então a ver como seria. No segundo andar, fizemos toda a limpeza, mas a máquina e os ponteiros ficavam bem na torre e o acesso é difícil. Sozinho não teria condições”, admitiu.
Foi então que surgiu a iniciativa de pedir ajuda para Jaime Prado, jornalista aposentado de Bauru que topou a empreitada. “Ele ficou na minha casa durante todo este período. E iniciamos a restauração completa. O pessoal da direção da Fundação foi muito atencioso com a gente e perto de muitas estações, a de São Carlos é uma das mais conservadas”, comentou.
Durante o restauro, foram retirados os vidros, engrenagem, ponteiros, além de uma nova pintura. As peças lubrificadas, além de uma limpeza geral. “Demos uma melhorada, pois colocamos iluminação de LED”, disse João Lucas, ao afirmar que os trabalhos terminaram sábado, dia 21 de setembro. “As peças estão todas em excelente estado. Apenas sem conservação. Mas vale dizer que o senhor Carlos Campos fez uma travessa de metal para apoiar os ponteiros e não cobrou nada”, lembrou.
Prédio histórico
Indagado sobre a motivação da sua iniciativa, João Lucas disse que a Estação Ferroviária e o relógio, criado há 120 anos faz parte da história de São Carlos. “Moro aqui, sou são-carlense. Me senti na obrigação de dar parcela de contribuição. Foi uma experiência única ter acesso a um maquinário único. Poucas pessoas terão acesso. Acredito que meu nome também fica na história. Mais feliz ainda por ver o relógio funcionar novamente”, disse.
Vem mais por aí
João Lucas disse que o relógio da Estação Ferroviária não será o “filho único” e que mais novidades vem por aí. “Tenho mais projetos em mente. Por exemplo, na plataforma da Estação, na parede, há outro relógio e tenho desejo de fazer o restauro. Este é brasileiro e foi instalado em 1930. É um desejo pessoal e espero conseguir fazer o restauro”, disse.
Por fim João Lucas afirmou que pretende fazer outras relíquias funcionar. “Não só em São Carlos, mas na região. Se eu ver, for informado eu vou tentar restaurar todos aqueles que conseguir. Talvez esta seja uma das minhas missões em vida”, finalizou.