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domingo, 14 de dezembro de 2025
Religião

Quaresma começa hoje para os cristãos

A tradição surgiu no século IV d.C., quando foi estabelecida a data da Páscoa; historiador vê força na tradição, como o consumo de peixes durante estes 40 dias

05 Mar 2025 - 15h26Por Da redação
Outra prática quaresmal é que muitos fiéis intensificam a leitura da Bíblia, assim como aumentam sua rotina de orações - Crédito: Agência BrasilOutra prática quaresmal é que muitos fiéis intensificam a leitura da Bíblia, assim como aumentam sua rotina de orações - Crédito: Agência Brasil

Começa hoje, quarta-feira, 5 de março, a Quaresma, que é como conhecemos o período de preparação para a celebração da Páscoa que é marcado por práticas de penitência, como jejuns e obras de caridade. Tradicionalmente, entende-se a Quaresma como um período de 40 dias, mas ela tem atualmente a extensão de 44 dias. Essa prática surgiu no século IV d.C., quando foi estabelecida a data da Páscoa.

Em 2025, a Quaresma vai até o dia 17 de abril, antes da celebração da Quinta-feira Santa. Após a Quinta-feira Santa, tem início um novo período, o chamado tríduo pascal, que compreende a sexta-feira santa, o sábado de aleluia e o domingo de Páscoa.

Para a Quaresma de 2025, o papa Francisco propôs o lema Peregrinos da Esperança, para que os fiéis façam uma reflexão sobre a fé, arrependimento, renovação espiritual, além de preparação para a Páscoa. A Igreja orienta a prática de penitências como jejuns, obras de caridade e oração.
Para os fiéis, a quarta-feira de cinzas é um dia em que se deve ir à missa. Na cerimônia, os fiéis são benzidos com um pouco de cinza proveniente de ramos queimados utilizados no Domingo de Ramos do ano anterior.

A prática do jejum é observada por muitos fiéis durante os 40 dias de extensão desse período. É tradicional que aqueles que realizam o jejum não consumam carne vermelha ou mesmo doces ou bebidas alcoólicas, por exemplo. Do que será o jejum fica a critério de cada fiel.
No que se refere ao consumo de carnes, é muito comum a abstinência de carne durante a Sexta-Feira Santa. Tradicionalmente, nesse dia muitos preferem consumir carne de peixe e abstêm-se de consumir carne vermelha ou de frango. Acredita-se que essa prática tenha surgido na Idade Média.
Outra prática quaresmal é que muitos fiéis intensificam a leitura da Bíblia, assim como aumentam sua rotina de orações. Por fim, a realização de obras de caridade àqueles que necessitam é outra prática reforçada durante esse período."

A data da Páscoa é móvel, e os critérios para a definição do dia de Páscoa foram estabelecidos no primeiro Concílio de Niceia. Por meio da data da Páscoa é definido o dia da Terça-feira de Carnaval, sendo o dia seguinte, Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma."

“A Quaresma é um tempo litúrgico caracterizado pelo convite explícito à conversão, para maior proximidade de Deus e vida conforme a justiça do Reino. É um período de peregrinação para celebrar a Páscoa do Senhor Jesus, centro da liturgia cristã e fonte inesgotável de vida em abundância para todos”, afirma o bispo Dom Luis Carlos Dias, da Diocese de São Carlos. 

Segundo ele, a Páscoa é a maior expressão da ação salvífica de Deus em Cristo em prol do ser humano e de toda a criação. No evento pascal, a morte redentora de Cristo na cruz vence a morte, promove a reconciliação entre Deus e os homens, e origina a Igreja na história, comunidade de pecadores, que experimenta a remissão dos pecados no sangue do Cordeiro de Deus, e recebe a missão de evangelizar.

O bispo explica ainda que peregrinar para a Páscoa comporta 40 dias entre a Quarta-Feira de Cinzas e o Domingo de Ramos, quando começa a Semana Santa. Quaresma alude aos 40 dias em que Moisés esteve no Monte Sinai para receber a Lei; aos quarenta anos de caminhada de Israel no deserto; e sobretudo, ao tempo vivido por Jesus no deserto, quando Ele venceu as tentações, amparado na Palavra de Deus, na oração e no Jejum.
“Esse fato na vida de Jesus, antecipa sua vitória sobre os males, e convida à reflexão do mistério das ofertas do mal pelo tentador, camufladas de bens, que está na origem de todo pecado. Portanto, não é demérito reconhecer-se frágil e pecador, a exemplo de Adão e Eva, e necessitado da misericórdia divina em Cristo. Num tempo de profundas mudanças que impacta as consciências, a quaresma também continua a ressoar para todos o perdão universal em Cristo, no Calvário. E o reconhecimento dos pecados é o primeiro passo para mudanças pessoais e sociais”, explica o bispo. 

TRADIÇÕES MANTIDAS E EM QUEDA – O historiador Ney Vilela analisa que algumas tradições ligadas à Quaresma se mantêm fortes e outras vem sucumbindo ao longos dos anos. Até os anos 1990, por exemplo, os clubes não realizavam bailes e não haviam baladas durante os 40 dias da Quaresma. O calendário de festas era retomado com o Baile da Aleluia, no sábado anterior à Páscoa. “Esta tradição caiu até porque os clubes acabaram tendo uma queda na sua frequência e sua força perante à sociedade por uma série de fatores”, comenta ele.

Por outro lado, ele afirma que o consumo da chamada carne branca, principalmente de peixes durante este período, considerado sagrado, se mantém forte. “Se você for numa peixaria, todos os empresários vão dizer que nesta época do ano as vendas são maiores. É um sinal de quer uma parte deste comportamento continua muito forte entre as pessoas”, ressalta. 

Vilela também ressalta que o avanço dos evangélicos em meio à sociedade reduziram a força da tradição da Quaresma. “Concordo que o respeito à Quaresma se reduz com o avanço das igrejas evangélicas. Inclusive, no começo da próxima década o número de evangélicos poderá superar, pela primeira vez o número de católicos no Brasil”. 

Porém, o historiador aposta que se tal fenômeno de confirmar, ele nãos se dará sem um reação da Igreja Católica. “Há de se considerar algumas coisas. A primeira é que deveremos ter mudanças no Vaticano em breve. Estas mudanças poderão se ater à contenção da perda de católicos ou numa degringolada”, diz ele.

Outras tradições, como o Natal e as Festas Juninas, segundo Vilela, têm tamanha força social, econômica e política entre os brasileiros que nem mesmo o crescimento evangélico terá força para desafiar. “Quanto às manifestações culturais ligadas às festas dos santos juninos e de fim de ano não vejo como este processo pode involuir, por conta do crescimento dos evangélicos. Estas festas estão tão enraizadas na nossa cultura que não vejo como estes costumes podem ser ameaçados”, destaca ele. 

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