Um projeto de extensão da USP promoveu atividades de aprendizagem científica para estudantes do ensino fundamental de escolas estaduais localizadas em São Carlos e Ibaté. O projeto levou estudantes de graduação da USP às escolas para realizar atividades lúdicas e experimentos envolvendo questões de química e física, com o objetivo de combater o negacionismo científico. A proposta foi a de ensinar de uma forma diferente das aulas tradicionais, por meio de jogos, experimentos e dinâmicas.
O projeto AEX – Alfabetização Científica I aconteceu em 2024 e foi financiado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP. Os líderes da ação foram os professores Guilherme Sipahi e Herbert Alexandre João, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, e Eduardo Bessa Azevedo e Ana Claudia Kasseboehmer, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. Tatiana Zanon, do IFSC, colaborou na avaliação dos jovens, no planejamento e no desenvolvimento das aulas.
As escolas estaduais envolvidas foram Atília Prado Margarido, Doutor Álvaro Guião, Orlando da Costa Telles, Orlando Pérez, João Jorge Marmorato, Dona Aracy Leite Pereira Lopes e Professor Sebastião de Oliveira Rocha. Os responsáveis pela proposta priorizaram as escolas e os alunos que recebem menos projetos da Universidade: “Trabalhamos com o ensino fundamental, que muitas vezes não é atendido pelos cursos de licenciatura que temos na cidade de São Carlos e região”, pontua o professor Herbert João. Ele acrescenta que trabalhos realizados nas licenciaturas em Física e em Química, por exemplo, costumam atender apenas alunos do Ensino Médio.
“Devemos ter em consideração que é nossa missão quebrar o conceito de que as crianças não são capazes de entender termos científicos. Elas são capazes, sim (…). O importante é você colocar os alunos em uma posição de respeito, entendendo que, se você colocar termos que eles não conhecem, você deverá esclarecer e eles certamente irão entender e conseguir acompanhar, que foi o que aconteceu neste projeto”, diz o professor.
Para facilitar o processo de ensino, Herbert diz que planejou quais seriam os tópicos mais adequados para a faixa etária que participou do projeto e usou uma linguagem próxima à utilizada por ela. Os temas escolhidos foram os que mais chamam a atenção das crianças em geral, como, por exemplo, cosmologia, luz e cores e reações químicas.
“Entre essas temáticas foram abordadas questões de química e física, temas contemporâneos e que atravessassem o currículo que os jovens alunos já têm na escola, algo que acabou por entusiasmá-los, porque tudo isso os afastou da aula tradicional, através de jogos, experimentos e dinâmicas em sala de aula”, pontua o professor. Assim, os universitários puderam ensinar assuntos que os professores têm mais dificuldade de apresentar em sala de aula, como, por exemplo, os experimentos.
As direções e os professores das escolas abrangidas disseram que gostariam de promover mais ações similares ao projeto durante o ano letivo. Os estudantes de graduação da USP em São Carlos também se sentiram satisfeitos com o projeto, pois tiveram a oportunidade de ter um contato prático com as atividades pedagógicas do ensino básico.
“Para esses alunos de graduação foi um primeiro contato com a possibilidade de ministrar uma aula, de assumir uma turma. Então, isso, ao mesmo tempo que gerou um pouco de receio por assumir a responsabilidade de estar à frente de uma turma, também fomentou uma sensação de felicidade pelo sucesso alcançado”, enfatiza o organizador do evento. Ele recorda como todo o processo se desenvolveu com esses alunos de graduação: montar um grupo, escolher um tema e desenvolver o planejamento, que foi validado pelos docentes, montar o plano e, finalmente, realizar uma prévia. “Tudo foi muito bem testado antes de chegar até a escola”, sublinha Herbert.
O projeto terá uma nova edição em 2025, com maior tempo de planejamento. A ideia é estendê-lo também para as escolas municipais, que compõem outro grupo de estabelecimentos de ensino pouco atendido por iniciativas das universidades na região. A ação continuará a atender alunos do ensino fundamental, principalmente aqueles nos anos iniciais. Segundo os responsáveis pela ação, a proposta pode aguçar a curiosidade das crianças pela ciência e fomentar um caminho dos jovens estudantes rumo a uma carreira científica, com as carreiras de ensino superior que as universidades promovem.