O prefeito Paulo Altomani (PSDB) voltou a afirmar ontem (10), durante entrevista coletiva após o evento de prestação de contas dos 100 primeiros dias de governo, que o protocolo assinado entre Lover Baixe e a Prefeitura é válido e a cidade vai sim receber as 100 obras de Salvador Dalí.
Após o anuncio feito pela Prefeitura na última segunda-feira (08) que nos próximos meses estará recebendo um acervo com 100 obras de Salvador Dalí, que retratam a Divina Comédia de Dante Alighieri, fruto de uma doação de Lover Ibaixe, um fazendeiro são-carlense, o sobrinho dele passou a contestar a doação e afirmar que este acervo não pertence mais a Lover e sim a um instituto do qual ele é presidente.
Em entrevista à imprensa, Lover voltou a afirmar que as obras são suas, compradas da própria mão da esposa de Dalí por 300 moedas de ouro e que ele pode e vai doar para São Carlos.
Na tarde de ontem, Paulo Altomani foi questionado por jornalistas sobre o assunto e ele foi taxativo em dizer que as obras já foram doadas e vão vir para São Carlos. Ele aproveitou para rebater as afirmações do sobrinho de Lover Ibaixe.
"Ele é sobrinho, mas não tem direito a herança. O Lover espontaneamente quis doar as obras para a cidade, eu conversei com ele e fizemos um protocolo de doação das obras. O sobrinho quer ficar com a herança do tio individualmente e o tio quer doar para a cidade onde ele nasceu. Nós não vamos nos preocupar com essa questão, pois prevalece a vontade do tio", afirmou o prefeito.
Altomani afirmou ainda que o compromisso está garantido, que o protocolo assinado por ele, Lover e mais três testemunhas é válido.
Em conversa com o coordenador de artes e cultura de São Carlos, Ney Vilela, ele contou que Lover teve apenas uma filha, que já é falecida, e não tem mais nenhum herdeiro direto. Com isso o sobrinho, parente mais próximo se manifesta contra a doação, por herança. "Não vamos nos colocar nestes casos de família, mas é o desejo do Lover, ele em plena consciência quis doar para a cidade, como ele havia dito, ele já estava planejando esta doação há algum tempo e agora está concretizando", comentou Ney.
História
Durante a entrevista coletiva após o anuncio de doação, Lover contou como conseguiu as obras. "Eu não tinha intenção de comprar essas obras. Tinha um amigo, que era amigo bem próximo de Dalí e disse a ele que queria adquirir uma obra. Em uma das minhas viagens a Espanha, esse amigo me levou até a casa de Dalí e só estava a esposa dele. Eu disse a ela que tinha dinheiro e queria comprar uma obra de Dalí, mas ela se recusou a vender. Eu sempre andava com uma moeda de ouro no bolso, para alguma necessidade, e peguei essa moeda e fiquei girando ela na mão enquanto conversavamos. Quando ela viu a moeda, se interessou e perguntou quantas mais eu tinha. Afirmei a ela que tinha 300 e ela me ofereceu esse conjunto de obras em troca das moedas. Essas obras foram as matrizes, presente de Dalí para ela. Existem cópias destas xilogravuras espalhadas pelo mundo, mas todas numeradas, essas minhas são as originais", historiou Lover.
Ele afirmou ainda que desde que saiu da casa de Salvador Dalí essas obras foram expostas somente uma vez, na câmara dos deputados, onde mais de 98 mil pessoas visitaram as obras. "O embaixador José Veigas me pediu que fosse feita a exposilção na própria Espanha e eu expliquei a ele que não podia. A única amostra foi somente na Câmara", explicou Ibaixe.





