O café nos supermercados de São Carlos: crise hídrica, alta dos insumos e exportações fazem os preços saltarem novamente - Crédito: SCAA crise hídrica e o calor dos últimos meses prejudicaram muito a produção de café e estão deixando a bebida cada vez mais cara. O grão moído teve uma alta de quase 33% no acumulado dos 12 meses até novembro do ano passado, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nos supermercados de São Carlos, o pacote de 500 gramas está sendo comercializado, em média, a quase R$ 40, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Há alguns meses, o valor chegava, no máximo a R$ 30. Só é possível comprar o produto a R$ 25 em promoções especiais de supermercados, que disputam os consumidores com estes atrativos.
De acordo com os especialistas do setor, os preços devem se manter elevados, pelo menos, até 2026, uma vez que as lavouras podem demorar para se recuperar. Ainda assim, esse cenário vai depender das condições climáticas deste ano
E o cenário em São Carlos não é nada bom. De acordo com o INMET e o INPE, o volume de chuvas entre abril e junho, neste período de outono, deve ser de 30% a 40% a menos do que na média normal para o período.
Para o economista Paulo Cereda o salto do preço do café se deve a três fatores: insumos, clima e dólar. “Existe uma alta nos insumos e o câmbio tem impacto nisso. O dólar está numa tendência de alta. Os custos de produção estão mais elevados. Você tem também os fatores climáticos. Temos regiões de grande produção de café que enfrentaram desde frio extremo, com algumas geadas, e falta de água. Não houve regime de chuvas como esperado. Há uma diminuição na produtividade do café no Brasil como um todo. Então, somamos os dois fatores”.
Cereda destaca ainda que a alta do dólar transforma o mercado externo em uma atrativo muito maior par ao produtor do que o mercado nacional. “No cenário atual é mais lucrativo para os agricultores exportarem o produto. Então a produção começa a ser vendida para fora do país e o que sobra disso é vendida internamente e acaba ficando um pouco mais cara, com uma tendência de alta. Estes três fatores não têm tendência de mudança a curto prazo, não. Então, devemos observar até o meio do ano, se não mudar nada no contexto, uma alta no preço do café. Nosso cafezinho vai ficar mais caro”, destaca ele.
Alguns fatores que prejudicaram a produção e elevaram os preços do café:
Calor e seca: o clima gerou um estresse na planta, que, para sobreviver, teve que abortar os frutos, ou seja, impedir o seu desenvolvimento.
Incerteza do futuro: 2024 não foi o único período em que o café sofreu com intempéries climáticas. Problemas, como geadas e ondas de calor, vêm acontecendo há 4 anos. A possibilidade de que as próximas safras também sejam ruins influencia o encarecimento.
Aumento do consumo: o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo, atrás apenas da água. Mesmo com os preços elevados, a tendência é que a demanda continue subindo. Além disso, o Brasil tem aberto espaço em novos mercados internacionais, o que influencia na oferta da bebida internamente.
Maior custo de logística: as guerras no Oriente Médio encareceram o embarque do café nas vendas internacionais, elevando também o preço dos contêineres, principal meio para a exportação.





