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segunda, 25 de novembro de 2024
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Novos modelos comunitários desenvolvidos por alunos da USP ajudam com maior previsibilidade de riscos de desastres em América Latina

Inovações de alunos da EESC permitem previsões mais assertivas para políticas públicas em áreas de risco diante do contexto de mudanças climáticas

12 Ago 2024 - 08h11Por Assessoria
Novos modelos comunitários desenvolvidos por alunos da USP ajudam com maior previsibilidade de riscos de desastres em América Latina - Crédito: Jeswin/Freepik Crédito: Jeswin/Freepik

Alunos da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) desenvolveram uma nova versão de modelos hidrológicos e hidrodinâmicos comunitários capazes de reunir as técnicas mais avançadas de simulações de inundações em rios e várzeas, mesmo em locais com pouca ou nenhuma informação coletada previamente. As novas ferramentas são fundamentais diante do momento que vivemos de mudanças climáticas e maior frequência de eventos extremos, como as enchentes históricas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio deste ano. Além de oferecer previsões mais detalhadas, as inovações facilitam a definição de políticas públicas para zoneamento em áreas de risco e sistemas de alerta antecipados com maior prevenção de riscos de desastres.

Apesar dos atuais modelos de previsão do tempo estarem cada vez mais populares e acessíveis, sozinhos eles não têm capacidade de informar eventuais impactos de enchentes ou inundações na superfície terrestre advindas desses modelos meteorológicos, como explica Mário Mendiondo, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC, e coordenador do grupo de alunos responsáveis pelo desenvolvimento dos novos modelos.

“Isso acontece porque os modelos hidrológicos e hidrodinâmicos, que trabalham em escala de células ou pixels de superfície, precisam ser ‘alimentados’ constantemente com informações da superfície do solo para serem mais assertivos, a partir da meteorologia e estado de umidade do solo, em escala de minutos, horas ou até em um prazo que pode variar entre três e cinco dias. Essas informações são preciosas e fazem toda a diferença para saber até que altura o rio subirá e, assim, salvar vidas em perigo”, destaca.

Para ilustrar a relevância dos modelos desenvolvidos na universidade, Mendiondo lembra da tragédia das fortes chuvas ocorridas no estado gaúcho. “Ali, houve o envio de alertas prévios do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) sobre as iminentes chuvas intensas e com riscos de inundações, deslizamentos e enxurradas. Contudo, esses alertas meteorológicos sem modelos hidrológicos/hidráulicos de superfície não estavam integrados à Defesa Civil local, que não tinha a certeza até onde chegariam as águas de inundação para retirar pessoas a tempo em bairros que foram literalmente arrasados no Vale do Taquari-Antas”.

Os novos modelos hidrológicos e hidrodinâmicos comunitários foram desenvolvidos pelo laboratório @TheWADILab (Water-Adaptive Design & Innovation) em colaboração entre professores e alunos da EESC-USP e da Universidade do Texas, em San Antonio (EUA), com robustez em seu banco de informações.

O professor da EESC destaca: “considerando os desafios de simular eventos hidrológicos extremos em biomas sul-americanos, essa nova geração de modelos permite maior flexibilidade e versatilidade de adaptação em vários tipos de regiões, climas, relevos e usos do solo. Inclusive, houve simulações preliminares em regiões que sofreram desastres por inundações na África e no Oriente Médio. Isso permite seu uso aplicado para sistemas de alerta antecipados de inundações, mapeamento de áreas de vulnerabilidade e até previsões acopladas a modelos de mudanças climáticas, seguindo recomendações da Organização Meteorológica Mundial, especialmente para a iniciativa ‘Alertas Antecipados para Todos’ que busca soluções para grupos vulneráveis a riscos hidro-meteorológicos”.  

“A alta sinergia de projetos interdisciplinares, a colaboração internacional e a transformação dessa ciência mais humanitária, com maior inclusão e diversidade, foram fundamentais para chegarmos nesse ponto do projeto, com modelos feitos por uma ciência comunitária que pode salvar vidas”, celebra Mendiondo.

Recentemente, o projeto foi aplicado como caso de estudo para auxiliar na prevenção de riscos de inundações na escala de país de Honduras e a partir dali o próximo passo foi a escala da América Latina toda. “Tudo isso movido pela criatividade e motivação dos alunos da USP em dar uma atitude social às pesquisas científicas de alto nível internacional e assim ajudar na curricularização das futuras atividades de extensão”, afirma o professor da EESC e coordenador do projeto. 

“É o que chamamos de solidariedade da ciência para salvar vidas", ressalta Mendiondo, como ele apresentou em junho deste ano, primeiro no colóquio científico da UNESCO em Paris, e depois durante a I Conferência de Mudanças Climáticas, realizada na sede de CNPq. Para o professor, “esse ambiente comunitário promove uma ‘justiça climática pela ciência’, com quantidade e qualidade de conhecimento e sua inserção nos diálogos tão relevantes de transição climática”, conclui.

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