
Um mini empreendedor são-carlense tem despertado a atenção de muita gente em eventos de empreendedorismo pela cidade. Pedro Henrique Abarchelli, de 15 anos, criou os "kits da felicidade" e vende pelo comércio da cidade com o objetivo de abrir a própria distribuidora de doces.
A reportagem do SCA conheceu o adolescente no evento Onovolab Festival, que aconteceu em fevereiro. Na ocasião, ele disse que seu sonho era dar entrevista para o São Carlos Agora para contar sua história e seu objetivo de vida. Por questão da idade, o SCA pediu a autorização da mãe do adolescente para realizar a entrevista.
Nascido em 12/08/2009, filho de Adão Rodrigo Donizetti Abarchelli e Sirlene Souza Reche, Pedro disse que, em uma brincadeira de criança, quando tinha 9 anos de idade, pegou emprestado um doce da marca Fini de um mercado próximo de sua casa no bairro Itamaraty, vendeu, voltou ao mercado novamente, pagou e comprou mais doces para vender.
“Eu fui vendendo e vendendo e percebi que vender doces poderia mudar minha vida”, afirmou à reportagem do SCA.
Após este episódio, a mãe viu no Instagram um vídeo de um produtor de conteúdo criando alguns kits. Pedro, então, começou a criar kits parecidos e deu o nome de Kit da Felicidade.
“Eu vendo o Kit da Felicidade com o propósito de levar alegria para as pessoas, pois não vendo só um produto. Eu vendo o princípio de você ficar feliz ao comprar, comer o doce ou até mesmo fazer uma doação”, afirmou.
O adolescente vende cerca de 20 kits por semana, geralmente às sextas-feiras, após a escola, por um período máximo de 2 horas. Ele vende somente no interior de estabelecimentos comerciais. Durante a semana, sua rotina inclui estudos, provas e momentos de lazer.
“Eu ganhei uma bolsa integral e estudo em uma escola particular no 1º colegial no período da manhã. Eu acho que sou um dos melhores alunos da escola, pois sempre estudo para as provas, faço as lições de casa certinho”.
Mentora
Pedro conheceu sua mentora, Claudia Cury, enquanto vendia seus kits em uma churrascaria na Avenida Getúlio Vargas.
“Eu conheci a Claudia Cury, uma mentora de vida e negócios, nessa churrascaria. A partir daí, ela me proporcionou várias palestras. Fui para São Paulo pela primeira vez dar palestra para 2 mil pessoas no evento do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura. Já dei palestra na Associação Comercial de São Carlos (ACISC) e em Matão”, contou o adolescente, que já recebe orientação de empresários locais.
“A Claudia Cury, minha mãe e meu pai são pessoas que eu me inspiro muito. Meus pais sempre trabalharam para me dar o melhor. Então, espero um dia poder retribuir”, acrescentou.
Pedro disse que quer realizar o sonho de abrir sua distribuidora de doces aos 18 anos e viajar pelo mundo.
“Meu sonho é abrir minha empresa de distribuição de doces. Quero abrir ela com 18 anos. Tenho um sonho também de viajar para os Estados Unidos e Dubai”.
A mãe do adolescente, a microempreendedora Sirlene Souza Reche, destacou que sempre incentiva o filho a focar na escola e nos estudos, mas também apoia seu sonho.
“Eu o acompanho nas palestras, levo ele para fazer as vendas nos estabelecimentos comerciais da Avenida Getúlio Vargas. Fico sempre por perto porque é um sonho dele e eu, como mãe, apoio. Mas sempre alerto que não é para ele vender no semáforo”.
O QUE DIZ A LEI?
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a Constituição Federal proíbem o trabalho para menores de 16 anos, exceto na condição de aprendiz a partir dos 14 anos. Porém, há uma diferença entre:
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Trabalho infantil proibido: Quando a atividade é exploratória, exaustiva ou prejudicial ao desenvolvimento da criança ou adolescente.
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Atividades eventuais e não prejudiciais: Como vender doces esporadicamente, desde que não atrapalhe os estudos e o descanso.
A venda de doces por um adolescente de 15 anos, uma vez por semana, depois da escola, por um período de 2 horas, não configura automaticamente trabalho infantil ilegal, desde que não comprometa seus direitos básicos, como educação, lazer e saúde.