O final de ano está sendo de muita luta e dedicação por parte da dona de casa Rafaela Tainá Lemes Correa, de 26 anos. Ela é mãe de João Felipe, de apenas 6 anos, que é portador de autismo e sofre com crises convulsivas, tendo de 6 a 7 ataques epiléticos por dia.
Tainá explicou que, em entrevista ao São Carlos Agora, que o filho toma o Canabidiol (medicamento originário da Canabis sativa e que possui estrutura química com grande potencial terapêutico neurológico, ou seja, pode ter ação ansiolítica, que diminui a ansiedade, antipsicótica, neuroprotetora, anti-inflamatória, antiepilética e agir nos distúrbios do sono), que proporciona qualidade de vida melhor. Paralelamente, luta para fazer com que ele seja atendido pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, para saber a origem do problema que atinge o filho e procurar um tratamento mais digno.
Desespero
No entanto, os últimos dias têm sido de desespero para Rafaela que viu o Governo do Estado deixar de fornecer o medicamento (que é caro) para o filho, com a alegação de estar em falta. Com isso, as crises de João Felipe aumentaram.
“Meu filho toma o Canabidiol há quatro anos e mediante o convênio que existe com o Governo, ele fornece o medicamento de três em três meses. Em novembro do ano passado aconteceu a mesma coisa e agora tudo se repete. Só que no mês passado, eles me informaram tudo estaria regularizado em alguns dias, o que não aconteceu. Cheguei a ir na Defensoria Pública e no dia 2 de dezembro na Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos e a promessa era de que em 20 dias tudo estaria certo. Mas só que entraram em férias e agora retornam em fevereiro. Até lá meu filho fica sem remédio e a saúde dele pode se agravar ainda mais”, lamentou.
Remédio caro
De origem simples, Rafaela disse que o Canabidiol é um medicamento caro e João Felipe toma dois frascos por mês, o que dá um gasto de R$ 5,4 mil.
“Quando meu filho toma o medicamento regularmente, ele melhora bastante. Sem o remédio, ele piora muito, com crises severas, fica alterado, tem alucinações”, afirmou.
Hoje, Rafaela reside em Araraquara, mas devido aos problemas de saúde do filho, está na casa de familiares, na Vila Marina. “Tenho crise de pânico, de ansiedade. Ficando perto dos meus pais, eles me ajudam muito. Mas precisava ainda que este convênio fosse mantido e o Governo do Estado cumprisse com o trato”, relatou.
Outra saída
Rafaela informou ainda que há uma outra possibilidade do filho poder ter mais qualidade de vida, que seria o ingresso no Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto, uma instituição de saúde que possui recursos avançados nesta área.
“Luto há quatro anos para ter a chance do meu filho ser atendido. Mas dizem que a fila de espera é grande. Desde que ele começou a ter crises severas de epilepsia, acredito que busquei todos os tratamentos e medicamentos. Então não há um diagnostico do problema do meu filho, que é uma doença rara. Mas obtive informações que um tratamento adequado, com a realização de procedimento cirúrgico poderia dar condições de filha melhor para meu filho”, finalizou a esperançosa mãe.
O outro lado
O Departamento Regional de Saúde (DRS) de Araraquara lamenta o ocorrido e informa que o medicamento canabidiol, que o paciente J.F.V.L. utiliza, está em processo de aquisição por meio de pregão.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) reforça que a compra dos medicamentos, inclusive os de demandas administrativas e judiciais, necessitam que um processo licitatório seja realizado, seguindo as disposições da lei federal.