Anderson, de 32 anos, é dançarino, fotógrafo, modelo, consultor de imagem, produtor e empresário da moda. É comum vê-lo dançando nos principais eventos da cidade de cabelo longo, botas pretas, luvas, com o nome de Mayckon Booker.
Simpático, extrovertido e diferente, Mayckon Booker chegou a se apresentar no programa Ídolos, da Record, em 2007 e no Qual é O Seu Talento, do SBT, em 2010. Atualmente a rotina se baseia em fotografar eventos, editar fotos, elaborar marketing nas áreas artística e de moda, promover desfiles, animar festas e coordenar projetos sociais.
A vida de Mayckon Booker ilustra ser jubilosa, rodeadas de pessoas em festas agitas, longe da rotina, mas nem sempre foi assim. Quando pequeno, Anderson, que nasceu em família humilde, sofria muito com a timidez e vergonha.
Gostava de brincar de ser artista, dançar nas festas da família, porém, sentia vergonha do seu gingado e desenvoltura para a dança. O sonho era ser um artista.
A vida da adolescência para adulta passou como um vulto. Anderson teve que encurtar o caminho para a vida adulta e assumiu responsabilidades. Fez diversos cursos no Senai, obteve 4 certificados, recebendo Honra ao Mérito. Como resultado iniciou sua carreira em 2002 na empresa Tecumseh.
Em 2007, seu currículo lhe deu oportunidade de ser contratado pela empresa Prominas.
Foi uma época de vacas gordas, oportunidade de ganhar dinheiro. Mas a felicidade e sonho de ser artista ficaram distantes. Para piorar, nessa época Anderson começou ficar doente e a sofrer ataques e bullying de amigos de trabalho, nas ruas, por se vestir e ser diferente, e nasceu um dos seus maiores vilão, a depressão.
A válvula de escape naquele momento foi algo inesperado, mas eficaz, segundo Anderson: o nascimento de Mayckon Booker.
“O Anderson era recluso, acanhado, tímido, frustrado, machucado. Mayckon Booker é um artista que meu deu a liberdade, Deus que me preparou isso, eu sei que tenho uma missão muito grande. Somos iguais Dragon Ball Z, a gente evolui”, disse Anderson.
Mayckon é derivado da palavra Michael Jackson, apelido dado por amigos. Como é consultor de Imagem, Booker tem a ver com fotografia.
Desde daquela época, ele disse que acorda, trabalha, paga conta como Anderson e Mayckon Booker. Os dois são uma pessoa.
Anderson tem como meta morar nos Estados Unidos e um dia ter um espaço para as crianças poderem se divertir e oferecer cultura e lazer.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que Anderson explica sobre sua família, carreira, frustrações, depressão, conquistas e sonhos.
JORNAL - Mayckon, conta um pouco como foi sua infância?
MAYCKON - Fui criado no Santa Felícia com meus pais e irmãos, minha infância foi bem saudável, porém criado dentro da igreja. Então me limitava um pouco. Sempre gostei de dançar, mas tinha muita vergonha. Aprendi a dançar com o filme Dirty Dancing, aos 5 anos. Desde então não parei mais. Brincava muito com amigos de ser artista, isso já estava no sangue. Também gostava de jogar videogame e dançar, muitas vezes sozinho.
JORNAL - Como era a situação financeira de sua família?
MAYCKON - Sou de uma família humilde, de classe baixa, porém meus irmãos e meus pais sempre trabalharam, nunca me faltou nada.
JORNAL - Quando a música dança, a fotografia e a passarela entraram na sua vida?
MAYCKON - Música está presente desde criança, quando ouvia com minhas irmãs e irmãos músicas internacionais. Então sempre fui apaixonado por boas músicas. A dança começou em festas de família e amigos, gostava de dançar. Eu chamava muita atenção, porém tinha vergonha.
A fotografia veio quando eu comecei a investir em minha imagem como artista, estudando muito Phothoshop. Posteriormente comecei a fotografar modelos e trabalhar em uma agência de modelos, meu olhar ficou um pouco mais apurado, pois foi necessário fazer cursos para aperfeiçoar meu novo talento. Faz 10 anos já que faço e amo essa minha profissão. Como sou muito perfeccionista fiz cursos para aprender a dominar as técnicas de ensino e postura de passarelas para passar aos alunos, posteriormente me foi útil em minha empresa atual”.
JORNAL - Como foram seus primeiros empregos?
MAYCKON - Minha vida foi um pouco turbulenta, pois virei adulto antes do tempo. Estudei no Senai e já fui contratado por uma grande empresa, a Tecumseh, local onde meu foco era só trabalho e estudos. Divertia-me com videogames e nas férias com amigos de São Paulo. Meus cursos me levaram a empresas onde o foco era ganhar dinheiro, não era feliz a ponto de abandonar tudo por ficar doente mesmo jovem, para fazer o que amo, foram 12 anos trabalhando de metalúrgico, sou formado pelo SENAI tenho 4 Certificados, Honra ao Mérito e CNC. Porém, nunca foi minha praia. Comecei a ficar frustrado por estar em uma área que não gostava e depressivo por causa dos ataques em relação ao meu estilo. Sinto-me mal em ser comandando, gosto de comandar e liderar, porém trabalho em equipe. Minha Paixão é o que faço e vivo hoje.
JORNAL - Você já participou de programas de TV?
MAYCKON - Sim, participei do programa Ídolos em 2007, da Record, e do Qual é o Seu Talento em 2010, do SBT.
À época, vendi notebook, pedi adiantamento da empresa, para custear a despesa para participar do programa, em torno de R$ 1 mil. Eu nunca tinha saído da cidade. A seleção aconteceu pela internet, eles viram um vídeo que eu dançava eletrônica. Eu me apresentei no ginásio Ibirapuera, com a presença de aproximadamente 10 mil pessoas. Tive que cantar, mas não cantei bem porque estava cansado e fui desclassificado na segunda fase. No Qual é Seu Talento pediram para eu dançar Michael Jackson e eu não dancei. Foram experiências que me fizeram ser o que sou hoje. Depois disso portas se abriram pra mim, agências de modelos entraram em contato comigo. Procurei me aperfeiçoar com tudo o que vi e vivi e trazer para cá um olhar diferente. Foi incrível, porém descobri muita coisa sobre o meio artístico, e realmente precisa ralar muito para se chegar ao sucesso.
JORNAL - Quando e por que resolveu adotar um nome artístico?
MAYCKON - Meu nome artístico veio por conta de me chamarem de Michael Jackson eu não gostava disso de me compararem com ele mesmo sendo fã, pois tenho personalidade, porém sempre gostei do nome Mayckon então adotei e estou até hoje as pessoas se sentem bem em me chamar assim. Atualmente as pessoas me respeitam como Mayckon Booker, o Booker foi apenas uma soma, sou consultor de imagem e cuido da carreira dos meus modelos. Então ficou Mayckon Booker, patenteei e ficou oficial meu nome de trabalho e da minha empresa.
JORNAL - Você tem um estilo singular de se vestir. Foi influenciado por alguma celebridade?
MAYCKON - Não me influencio por famoso, gosto de criar meus looks, gosto muito de animes e videogames, acho um máximo, no mundo da moda isso se chama ser fashionista. Sobre as botas e luvas são uma marca mesmo que criei para meu personagem, que é o dançarino . Uso em minhas apresentações cabelo, sou meio camaleão e gosto dele cumprido, pois posso mudar quando quiser. Uso faz 12 anos, já cortei duas vezes, com cortes personalizados. Sempre fui assim, entretanto se intensificou mais quando decidi seguir carreira artística e investir nisso.
JORNAL - Chegou a sofrer bullying?
MAYCKON - Olha tudo que é diferente incomoda, sim, com certeza, principalmente no início. Porém quem é assim como eu se destaca por ser criativo, sou sagitariano, gosto de criar e inovar meus estilos, a gente se sente bem com nós mesmos, mas a sociedade tem a visão do ser humano ideal e não sai da caixa. Tudo que for fora da caixa ira causar transtorno. Hoje sinto respeito, mas, sim, já sofri e muito, porém minha vontade é maior. Isso nunca me afetou, pelo contrário, só me estimulou a querer fazer o meu melhor ainda tenho muito que mostrar.
JORNAL - Como é sua rotina?
MAYCKON - Minha rotina hoje é fotografar eventos editar fotos, entregar os trabalhos pros clientes em curto prazo, faço marketing e dou espaço para novos talentos com o pouco que conquistei, tanto na área da moda como na área artística. Existem muitos Mayckon por ai cada um no seu jeito precisando só de uma oportunidade, para mim não foi fácil. O que faço é facilitar um pouco o caminho para o sucesso a eles. Ganho dinheiro mesmo com meus trabalhos de fotógrafo. Animo festas também e ganho um extra, levando alegria para pessoas e faço ainda os projetos sociais, dou aula voluntária em alguns pontos da cidade com vários ritmos. Abandonei minha outra carreira em prol do meu sonho.
JORNAL - Quais foram os maiores desafios para conquistar seu espaço em São Carlos?
MAYCKON - Talvez o preconceito, de início me olhavam com tom de gozação, o problema que as pessoas costumam julgar antes de conhecer, mas eu tenho um conhecimento enorme do que estou fazendo, não gosto de passar algo que não sei. Eu ralo muito, principalmente em divulgação. Hoje tenho respeito, pois mostro algo novo que é aceito, estamos em novos tempos. O que se fazia há 10 anos é o que se faz hoje e todos aceitam. Sou grato pelo que conquistei, a gente ganha confiança por ter palavra e comprometimento, talvez por olhar diferente a nova geração, as crianças dos meus projetos, e tratar com dignidade o ser humano, procuro dar meu melhor sempre no que faço, mesmo que eu não seja o melhor.
JORNAL - Qual é seu sonho?
MAYCKON - Acho que hoje vivo meu sonho, mas quero mais, pois sei que posso. Quero morar nos Estados Unidos e trazer novos conceitos para cá, e sem demagogia. Ter um espaço para as crianças poderem se divertir e oferecer cultura e lazer, mas sem politicagem, pois não quero isso pra minha vida, odeio usar imagem deles para me promover, que seja verdadeiro e sem jogo de interesse das pessoas que se envolvam que façam com amor, pois amo o que faço. Talvez esse seja meu sonho poder ajudar mais as pessoas.