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quarta, 18 de dezembro de 2024
TEA

JULIANA LOPES DE MORAES: "O autismo não tem cura, simplesmente porquê não é uma doença"

Referência no tema, a terapeuta ocupacional Juliana Lopes de Moraes explica o Transtorno do Espectro Autista e revela as dificuldades para as pessoas com TEA para conseguir ter seus direitos garantidos

17 Dez 2024 - 15h33Por Da redação
 A terapeuta ocupacional especializada em autismo, Juliana Lopes de Moraes: "praticamente todas as famílias têm pelo menos um autista" - Crédito: divulgação A terapeuta ocupacional especializada em autismo, Juliana Lopes de Moraes: "praticamente todas as famílias têm pelo menos um autista" - Crédito: divulgação

A terapeuta ocupacional Juliana Lopes de Moraes, formada pela UNESP de Marília, se aperfeiçoou em Neuropediatria pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC), é mestre em Terapia Ocupacional pela UFSCar e especialista em Análise do Comportamento Aplicado (ABA) pelo Lahmei UFSCar (cursos de integração sensorial), além de atender na clínica Sílaba, especializada em autismo.  Juliana participou nesta segunda-feira, 16 de dezembro, do SÃO CARLOS ENTREVISTA. Em primeiro lugar, ela explica que não há cura para o autismo. “Não existe cura, pois não se trata de uma doença”, destaca.  Assista a entrevista completa neste link

Ela tem um podcast sobre autismo que se chama “Autismo Outbox” e ministra palestras sobre autismo e outras deficiências. Nesta entrevista exclusiva ela afirma que muitas vezes as famílias têm que entrar judicialmente para preservar os direitos dos filhos e denuncia que as escolas não estão preparadas para o público TEA. “Ainda existe muita dificuldade na inclusão social de pessoas com autismo”. 

Segundo Juliana, a criança já nasce com autismo. Ela explica que é genético. Mas afirma que a ciência ainda estuda o tema e não há conclusão de que o espectro seria hereditário. “O TEA é genético. Existem mitos e suposições que o TEA poderia ser causado pela ausência de  algum alimento na gestação, mas nada comprovado”, destaca ele. 

De acordo com estimativas feitos por Juliana, São Carlos tem uma média de 7 mil pessoas autistas entre crianças, adolescentes e adultos. Ela chegou a este número usando métodos do órgão internacional especializado no tema, o  CDC- Centers for Disease Control and Prevention (CDC) que estima que há 1 autista a cada 36 pessoas São Carlos tem 254 mil pessoas. 

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade. A prevalência é maior no sexo masculino. 

Ela afirma que existe toda uma legislação que protege o autista, que é equiparado PCD.  Segundo Juliana, embora exista uma densa legislação que protege os autistas, u muitas vezes as famílias têm que entrar judicialmente para ter os direitos delas! Ainda existe muita dificuldade na inclusão social de pessoas com autismo.

O sistema de educação brasileiro, segundo a especialista, não está preparado para receber os autistas. “Ainda falta informação e capacitação por parte dos profissionais da escola. Vejo as mães entrando com processos judiciais para conseguir um professor ou cuidador para seus filhos na escola regular”, analisa ela. 

Autismo: falta informação e capacitação por parte dos profissionais das escolas de São Carlos

Juliana explica que algumas instituições de São Carlos cuidam dos autistas. No setor público existem a a Acorde, APAE e Ong Espaço Azul. Entre os planos de saúde existem o Cuihdar, Viver Bem Pediátrico. “E ainda há entidades particulares, como Sílaba e Primeiros Passos, entre outras. Está chegando em São Carlos a clínica da ABAcare (de Ribeirão Preto)”, afirma ela. 

Apesar da garantia da cidadania plena aos autistas nem sempre a sociedade garante estes direitos. “Muitas vezes as famílias tem que entrar judicialmente para ter os direitos delas garantidos! Ainda existe muita dificuldade na inclusão social de pessoas com autismo”.
Ela comenta que os pais, ao receberem o diagnóstico de autismo dos seus filhos, precisam buscar terapias, como a terapia comportamental: ABA e tratamento de integração sensorial.A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência comprovada cientificamente para o desenvolvimento da pessoa com autismo. Já a integração sensorial irá trabalhar os sentidos: visão, audição, tato, paladar, olfato, propriocepção e vestibular. A grande maioria dos autistas tem alterações sensoriais. Pais: procurem uma clínica onde oferece essas intervenções!
“Importante também os pais procurarem uma rede de apoio para eles: terapia, grupo de pais para se fortalecerem e ajudarem seus filhos da melhor forma”, destaca.

De acordo com a terapeuta ocupacional, existem três níveis de autismo. “Existem os níveis 1, 2 e 3. No nível 1, temos o autismo leve. No autismo leve, geralmente as pessoas têm dificuldades moderadas em se comunicar e interagir socialmente. Algumas características comuns incluem: dificuldades em: iniciar ou manter uma conversa; entender piadas e ironias; ler as emoções dos outros interesses intensos e restritos em certos assuntos; dificuldade em lidar com mudanças na rotina.  No nível 2, é o autismo moderado, onde, geralmente, as pessoas têm dificuldades significativas em se comunicar e interagir socialmente. Algumas características comuns incluem dificuldades em: iniciar uma conversa; entender piadas e ironias; compreender as emoções dos outros; comportamentos repetitivos, dificuldades em fazer amigos ou manter relacionamentos Podem ter dificuldade em lidar com mudanças na rotina ou em situações sociais novas”, explica.

Segundo ela, ainda existe o nível 3, que é o autismo grave. “As pessoas com autismo grave geralmente têm dificuldades extremas em se comunicar e interagir socialmente. Algumas características comuns incluem dificuldades em: iniciar ou manter uma conversa; em entender piadas e ironias; em ler as emoções dos outros; comportamentos: repetição, restrição, agressivos e autolesivo”, alerta ela. 

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