Sábado, 24, será dia de reunir 250 amigos e familiares para comemorar os 150 anos da Fazenda Paraízo em São Carlos. Um ato ecumênico e um almoço marcarão o aniversário da fazenda, que mantém a grafia original de 1860, ano da compra da propriedade pela família Lacerda, até hoje proprietária do imóvel.
Beatriz Franco de Lacerda Bacellar, bióloga e proprietária da fazenda, destaca a alegria de receber amigos e familiares, que conhecem a propriedade há muitos anos. “A fazenda é feita de história e é uma alegria fazer essa comemoração”, destaca. “Estou programando essa festa há três anos”, confessa.
A sede da fazenda é um verdadeiro passeio pela história do local, que mantêm móveis e utensílios da época da construção, em 1897. “Fazer 150 anos pode não ser novidade, mas ficar numa mesma família é diferente”, ressalta.
O encontro vai servir para relembrar histórias de parentes e amigos. A saga começou em 1860, com a compra do imóvel por José de Lacerda Guimarães, o Barão de Arary. Em 1870, o barão chamou o filho Cândido Franco de Lacerda, na época com 14 anos e que estudava na Alemanha, para assumir a fazenda. “Ele foi o grande empreendedor”, lembra Beatriz. Junto com os irmãos, Cândido criou a Lacerda & Irmãos e transformou a fazenda numa das maiores produtoras de café da região. Em 1889, a Paraízo foi destaque na Exposição Internacional de Paris, tendo sido premiada com medalha de ouro pela produção cafeeira de qualidade.
A geração seguinte foi comandada pelo filho de Cândido, Astrubal Franco de Lacerda, que assumiu o comando da fazenda em 1928. “Com a crise do café, ele começa a diversificar as culturas na fazenda”, conta Beatriz. Astrubal morreu em 1950 e a fazenda foi herdada por sua mulher, Beatriz de Toledo Piza e Lacerda, e por seus três filhos: Maria Beatriz, Maria Lucia e José. A fazenda foi então dividida entre os três herdeiros e a atual sede ficou com José Franco de Lacerda, que morreu em 1987. Hoje, o comando está com a filha de José, Beatriz Franco de Lacerda Bacellar.
A fazenda é um dos exemplares do período áureo da produção cafeeira no país. Pesquisa de Maria Ângela Bortolucci, professora doutora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), revela que o conjunto arquitetônico da fazenda foi construído com uso intensivo da madeira nas esquadrias, nos pisos ou nas estruturas dos telhados. “O barro é matéria prima essencial, sempre, mas, o tijolo passa a prevalecer sobre a taipa”, escreve a pesquisadora. Na sede, foi feito o uso intensivo do tijolo.