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segunda, 02 de dezembro de 2024
Reconhecimento

Ex-aluna do ICMC São Carlos recebe menção honrosa por contribuições para a ciência e a tecnologia

Mestra e doutora em matemática, Jaqueline Mesquita foi uma das homenageadas durante o Prêmio Alumni USP 2024

02 Dez 2024 - 07h17Por Matheus Martins Fontes
Jaqueline Godoy Mesquita, ex-aluna do ICMC, conquistou menção honrosa do Prêmio Alumni USP 2024 - Crédito: Arquivo pessoalJaqueline Godoy Mesquita, ex-aluna do ICMC, conquistou menção honrosa do Prêmio Alumni USP 2024 - Crédito: Arquivo pessoal

A ex-aluna Jaqueline Mesquita Godoy, que fez mestrado e doutorado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, recebeu menção honrosa no Prêmio Alumni USP 2024. “Eu me sinto muito honrada por receber esse prêmio, ainda mais sendo uma pessoa da área de Matemática. É um grande reconhecimento, ainda mais de uma instituição como a USP, a qual forma as principais lideranças do nosso país”, declarou a pesquisadora durante cerimônia realizada na noite da última segunda-feira, 25 de novembro, na Sala do Conselho Universitário, no campus da USP, em São Paulo, no Butantã.

Em sua 3ª edição, a honraria é reservada a egressos diplomados nas unidades da Universidade que contribuíram positivamente com a sociedade em seus respectivos polos de pesquisa. A edição de 2024 do Prêmio Alumni USP recebeu 506 inscrições em seis categorias.

Mestra e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Matemática (PPG-Mat) do ICMC, Jaqueline conquistou o reconhecimento na categoria Contribuições em Ciência e Tecnologia. Além de ser a presidente mais jovem da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), ela também é professora, desde 2015, do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB). Orgulhosa pelo reconhecimento da Universidade, pela qual guarda um carinho especial, a cientista de 39 anos revela que se espelha no ICMC para desenvolver os projetos de formação de profissionais: “O Programa de Pós-Graduação em Matemática do ICMC é nota máxima (7) na avaliação da CAPES. Então, na UnB, tento usar o ICMC muitas vezes como modelo, pois acho muito boa a internacionalização que a USP São Carlos tem promovido.”

A conquista ocorreu 12 anos após Jaqueline defender sua tese de doutorado no ICMC. Em julho de 2023, no mesmo período em que se tornou a terceira mulher a ocupar o cargo de presidenta da SBM, ela voltou ao Instituto para participar do concurso que lhe garantiu o título de livre-docente.

Para Jaqueline, ser reconhecida oficialmente pela USP só fortalece sua responsabilidade de contribuir para as próximas gerações de cientistas, especialmente o público feminino. “Fico muito contente em receber esse prêmio como mulher, pois a questão de gênero na área de matemática é crucial e tem que ser discutida. Temos poucas mulheres e, se a gente não se vê nesses lugares de destaque, é difícil a gente sonhar com tais lugares”. Segundo ela, não se trata de uma conquista solitária: “Enquanto mulher na área de ciência e tecnologia, não estou levando esse prêmio sozinha para casa. Estou levando esse prêmio junto com todas as mulheres que vão se inspirar no trabalho que venho fazendo e que podem, sim, serem bem-sucedidas fazendo matemática ou se dedicando a qualquer área científica da atualidade.”

Trajetória

Nascida em Boa Vista, capital de Roraima, a macuxi mudou-se para Brasília quando tinha cinco anos. Radicada no Distrito Federal, Jaqueline trilhou o caminho escolar e foi tomando gosto pela matemática, sendo aprovada no vestibular da UnB em 2003. Quatro anos depois, lá estava ela completando o Bacharelado e a Licenciatura.

Em seguida, Jaqueline se mudou para São Carlos para completar a pós-graduação no ICMC. O mestrado foi concluído em 2009, enquanto o doutorado veio três anos depois. As parcerias científicas de sua orientadora, a professora Márcia Federson, com pesquisadores do Leste Europeu possibilitaram à ex-aluna vivenciar um período de seu doutorado na Academia de Ciências da República Tcheca, em Praga.

A jornada internacional prosseguiu durante o pós-doutorado, em 2013, quando esteve na Universidade de Santiago, no Chile. De volta ao ICMC, Jaqueline concluiu o segundo pós-doutorado e, a seguir, foi contratada como professora pelo Departamento de Computação e Matemática da USP, em Ribeirão Preto, onde permaneceu de 2013 a 2015.

Após uma década na UnB, a egressa do ICMC voltará ao interior de São Paulo, em breve, para assumir a função de professora titular do Departamento de Matemática do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp. Hoje, ela é considerada uma referência na área de análise matemática, com ênfase em equações diferenciais e equações diferenciais funcionais com retardamento. A área, ainda pouco explorada dentro da disciplina, fez a cientista ser uma das pioneiras no desenvolvimento do tema e lhe rendeu prêmios internacionais. Atualmente, Jaqueline é embaixadora do Comitê de Mulheres na Matemática da União Internacional Matemática (IMU, sigla em inglês).

Persistente em seu objetivo de promover a diversidade e representatividade de grupos minoritários na área científica, ela foi uma das responsáveis pela criação do Programa de Mentorias para Mulheres, fruto de uma parceria da SBM com a Sociedade Brasileira de Física (SBF) e a Comissão de Relações Étnico-Raciais da SBM.

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