Como não se enrolar na dança das cadeiras das câmaras municipais brasileiras, que serão ocupadas pelos vereadores eleitos no próximo dia 6 de outubro? Diferentemente das eleições majoritárias para prefeito, governador, senador e presidente, quando quem recebe a maior quantidade de votos é eleito, no caso de vereadores e deputados, a matemática é mais sofisticada porque estamos falando de eleições proporcionais. Mas a que tipo de proporção estamos nos referindo?
Explicar como funcionam esses cálculos matemáticos que definem quem ocupará cargos de vereador e deputado é um dos objetivos de um evento presencial e gratuito que acontecerá no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, no próximo sábado, 28 de setembro, a partir das 15 horas. Aberto a todos os interessados, a iniciativa também vai mostrar como uma pesquisa eleitoral é feita e quais fatores tornam seus resultados confiáveis.
Para participar, não é preciso se inscrever, basta comparecer ao Hiperespaço Gilberto Loibel, no vão livre da Biblioteca Achille Bassi, na área I do campus da USP, no centro de São Carlos. A atividade será conduzida pelo professor Ali Tahzibi, do ICMC, e pela professora Andressa Cerqueira, do Departamento de Estatística da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
“Imagine que existam 10 cadeiras para os vereadores ocuparem, a serem distribuídas entre dois partidos (A e B). O partido A recebeu 100 votos, enquanto o partido B recebeu 300 votos. A lógica proporcional sugere que o partido A teria, então, direito a um quarto do total de cadeiras porque recebeu um quarto do total de votos. Ou seja, o partido A teria direito a ocupar duas cadeiras e meia, enquanto o partido B ficaria com as sete cadeiras e meia restantes. Mas como dividir os vereadores pela metade?”, questiona o professor Ali. Segundo ele, para resolver esse problema, os matemáticos criaram soluções que são usadas em diversos países do mundo e que estão, inclusive, especificadas no Código Eleitoral Brasileiro.
Se você ficou intrigado com essa matemática eleitoral, pense em uma questão adicional: como explicar as diferenças que surgem nas intenções de votos captadas por diferentes pesquisas eleitorais? “Aqui entra o papel fundamental da amostragem, que é a chave para garantir que uma pesquisa reflita a realidade. No evento, vou explicar como, ao escolher uma amostra representativa da população, as pesquisas conseguem aproximar-se da opinião do eleitorado como um todo, mesmo sem entrevistar todas as pessoas”, explica a professora Andressa.
Durante o evento no ICMC, você poderá assistir às apresentações dos professores e esclarecer suas dúvidas. Além disso, vai descobrir que tem mais matemática na nossa vida eleitoral do que a gente costuma imaginar.
Matemática na medida certa – O evento faz parte do projeto Matemática na medida certa, que tem como objetivo levar o público a descobrir exemplos concretos de problemas e soluções matemáticas presentes no nosso cotidiano, mas que nem sempre conseguimos enxergar. Iniciado no ano passado, o projeto contou com cinco encontros realizados no segundo semestre de 2023, aos sábados de manhã, no Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP.
Este ano, a proposta será retomada a partir de sábado, 28 de setembro, e acontecerá em mais duas datas, 29 de outubro e 13 de novembro, sempre aos sábados, a partir das 15 horas, no vão livre da Biblioteca do ICMC. Em cada data, será abordada uma temática diferente. Podem participar crianças, jovens, adultos e idosos. “São atividades para quem tem de 9 a 99 anos”, brinca Ali, que é o coordenador geral do projeto.