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quinta, 20 de março de 2025
Dia das Mulheres

Educação e igualdade: perspectiva de uma Reitora no Dia Internacional da Mulher

08 Mar 2025 - 09h29Por Abner Amiel
Reitora da UFSCar, professora Ana Beatriz de Oliveira, pousando para foto em seu gabinete na universidade. - Crédito: Abner Amiel Reitora da UFSCar, professora Ana Beatriz de Oliveira, pousando para foto em seu gabinete na universidade. - Crédito: Abner Amiel

No Dia Internacional da Mulher, uma data que simboliza a luta e a conquista de direitos, é importante reflexão sobre o papel das mulheres em diversos setores da sociedade. Na educação, um dos campos que mais molda o futuro, a presença feminina tem sido cada vez mais marcante. 

Para conversar sobre os desafios e as conquistas das mulheres no ambiente acadêmico, o SCA entrevistou a reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a professora Ana Beatriz de Oliveira. A professora Ana Beatriz foi reitora no período de 2021 a 2025. Em 2024, a chapa da atual reitora venceu as eleições por 80,12% e garantiu o segundo mandato (2025-2029).

A reitora Ana Beatriz possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (2003) e Doutorado em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Carlos (2008). Além disso, Ana Beatriz é professora associada do Departamento de Fisioterapia (DFisio), docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia com bolsa produtividade 2 do CNPq, coordenadora do Laboratório de Cinesiologia Clínica e Ocupacional (LACO) do DFisio/UFSCar. 

Durante a entrevista, a reitora aborda sobre os desafios das mulheres na vida acadêmica. Leia a entrevista que a reitora concedeu ao portal SCA.

1.Professora Ana Beatriz, o que o Dia Internacional da Mulher representa para você, como reitora de uma Universidade Federal?

Importante lembrar que o Dia Internacional da Mulher não é um dia romântico. É um dia de luta inspirado na luta de operárias por melhores condições de trabalho e reconhecimento das desigualdades em relação ao gênero. Então, é isso que a gente celebra, a gente marca em um dia do ano a luta que as mulheres travam pela equidade e, como reitora, eu reconheço a responsabilidade que tenho de ocupar um lugar que ainda é majoritariamente ocupado por homens. A UFSCar, felizmente, já teve outras duas reitoras antes de mim, mas muitas universidades ainda não tiveram. Algumas têm atualmente pela primeira vez. Então ainda precisamos de maior equilíbrio nas posições de liderança nas nossas universidades. 

2.Quais são os principais desafios que as mulheres ainda enfrentam no ambiente acadêmico?i 

Temos discutido muito essa pauta. No mês passado [janeiro], tivemos na Andifes, que é associação de reitores e reitoras das universidades federais, em um seminário com essa pauta, reconhecendo que a divisão do trabalho social e racial também está presente na área acadêmica. 

Percebemos que, na área acadêmica, ainda vemos uma maioria de mulheres entre estudantes de graduação e essa proporção vai diminuindo quando a gente passa para pós-graduação, para docência e para os cargos de liderança. Então, à medida que sobe a escala de poder diminui a representatividade de mulheres. Chamamos esse fato de efeito tesoura. É preciso ainda ter políticas que permitam e possibilitem maior presença de mulheres. 

A nossa luta é pela equidade e pela igualdade de condições entre homens e mulheres na área acadêmica. A gente tem uma dificuldade, por exemplo, de mulheres mães manterem a sua produção científica. Existe também preconceito nos concursos quando temos mulheres mães ou mulheres jovens que têm ainda o potencial para serem mães. Na UFSCar temos um equilíbrio de homens e mulheres quando examinamos os dados de maneira geral, mas quando observamos esses dados por áreas do conhecimento, há uma presença muito pequena de mulheres nas áreas de exatas. Logo, há que se trabalhar ainda para melhorar. 

Importante dizer que a gente marca no dia 8 de março a luta por direitos igualitários entre homens e mulheres, mas não dá para esquecer de alguns recortes específicos. Então, falar do recorte racial é ainda mais difícil para mulheres negras, falar do recorte da pessoa com deficiência é também mais difícil para mulheres com deficiência e no contexto da diversidade de gênero, né? Como mulheres trans, mulheres lésbicas. Sendo assim, ainda há muito o que se fazer, por isso que esse 8 de março segue ainda sendo importante. 

3.Professora, como universidade celebra o Dia Internacional da Mulher, existe eventos atividades? 

Começo agora uma segunda gestão à frente da UFSCar e, na gestão anterior, nós criamos um observatório[Observatório Mulheres-UFSCar] para fazer o levantamento das informações e um debate sobre a presença das mulheres na universidade em todas as categorias, como discentes, técnicas administrativas, docentes, terceirizadas. Então, nós celebramos o Dia Internacional da Mulher olhando para esses dados e discutindo como que podemos avançar internamente, e nós temos implementado normativas na universidade que busquem essa equidade. 

É importante lembrar que, em dezembro, nós revisamos a nossa política de progressão na carreira, reconhecendo a maternidade e equilibrando o impacto da maternidade na carreira das mulheres e nós estamos discutindo também políticas de ingresso de permanência materna para todas as categorias e de combate à violência. Portanto, para nós, é como eu disse, é um dia de luta. É dessa maneira que a gente celebra e o papel do Observatório Mulheres-UFSCar tem sido fundamental para colocar essa pauta na agenda de toda a universidade.

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