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quinta, 28 de novembro de 2024
Tecnologia e inovação

Coordenadora da USP São Carlos fala como utilizar a inteligência artificial no mercado de trabalho

Solange Rezende, explica como equilibrar tecnologia e habilidades humanas para potencializar resultados

28 Nov 2024 - 07h36Por Carolina Pelegrin
A colaboração entre humanos e máquinas é essencial para o uso ético e eficiente da inteligência artificial - Crédito: PexelsA colaboração entre humanos e máquinas é essencial para o uso ético e eficiente da inteligência artificial - Crédito: Pexels

Há pelo menos cinco anos, a inteligência artificial (IA) vem protagonizando as principais discussões envolvendo tecnologia e inovação. No mercado de trabalho, as ferramentas de IA oferecem transformações significativas e uma nova forma de pensar a produtividade e a eficiência. O cenário promissor se materializa nos números do mercado. Segundo a pesquisa “The state of AI in early 2024: Gen AI adoption spikes and starts to generate value”, realizada pela McKinsey, 72% das empresas do mundo já incluíram a IA em suas rotinas.

No entanto, para aproveitar plenamente o potencial da IA, é essencial entender como integrá-la de maneira eficaz às operações diárias. Para entender quais os caminhos para utilizar a IA no trabalho com segurança, Solange Rezende, coordenadora do  MBA em Inteligência Artificial e Big Data do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, falou sobre o assunto.

A colaboração entre humanos e IA

“Não existe IA sem humanos: essa colaboração é fundamental”, inicia Solange. Assim, a utilização da IA no ambiente de trabalho não deve ser vista como uma substituição, mas sim como uma colaboração entre humanos e máquinas. Nessa interação, cabe ao humano garantir que os resultados sejam éticos, fidedignos e satisfatórios.  “As ferramentas de IA trazem muitos insights, mas você, como ser humano e especialista na sua área, vai olhar, revisar e validar esses resultados”, destaca Solange.

Para isso, enriquecer os dados de entrada e revisar os resultados são processos fundamentais que apenas um humano pode executar. Solange defende que habilidades humanas como empatia e intuição fundamentada devem guiar a resolução das tarefas. À Inteligência Artificial cabe a análise de dados, por exemplo, ou a automatização de processos. “Todas as funções podem ser beneficiadas pela IA, mas algumas habilidades humanas, como bom senso, permanecem indispensáveis”, explica Solange.

Essa dinâmica de colaboração permite que as empresas aproveitem o melhor dos dois mundos. Além disso, será também o olhar humano responsável por garantir que dinâmicas sociais sejam consideradas com ética. “É necessário colaboração para conseguirmos interpretar e amarrar com contextos mais amplos esses resultados”, complementa a coordenadora.

Ainda em relação à preparação do terreno para IA, a coordenadora defende que é necessário ter clareza sobre as capacidades e limitações da IA. Nesse sentido, estabeleça os “porquês” e identifique os problemas e como eles podem ser resolvidos a partir de questionamentos sobre o negócio.

Solange argumenta que, com esse conhecimento em mãos, as empresas podem identificar problemas reais que a IA pode resolver, potencializando a eficiência operacional. No lançamento de um novo produto, por exemplo, a IA pode ser utilizada para analisar sentimentos em revisões e comentários, compreendendo a receptividade do mercado.

Capacidades e limitações da IA

Seguindo com a aplicação prática da ferramenta, a IA brilha quando aplicada a conjuntos de dados robustos. Assim, para responder às questões designadas anteriormente, é preciso garantir que haverá uma quantidade de dados disponível e organizada para alimentar a ferramenta.  “No aprendizado de máquina (tecnologia por trás da IA) não é necessário um especialista humano para aprender, mas sim bons e muitos dados disponíveis”, elucida Solange.

Para a docente, o principal desafio na implementação da tecnologia é auditar e explicar os resultados. É necessário entender não apenas o resultado produzido pela IA, mas também como ele foi alcançado. “Se seu modelo não é auditável, você precisa ao menos explicar como ele chegou no resultado alcançado”. Porém, nem todos os métodos de IA fornecem explicação e esse assunto é tema de pesquisa ativa na área. Todo esse esforço é importante para melhorar o nível de confiança nas decisões baseadas em dados que também devem evitar as constatações absolutas. “Identificar tendências não é certeza, e sim possíveis previsibilidades”, esclarece Solange.

Também é necessário estar ciente dos desafios associados à sua implementação, como a necessidade de uma regulação adequada e profissionais capacitados que não apenas compreendam a IA, mas também saibam como integrá-la à análise de negócios.

Aplicações da IA

Dentre as aplicações, Solange deixa claro que a IA pode ser utilizada em uma variedade de funções e setores, já que essas ferramentas não apenas otimizam processos, mas também potencializam resultados, oferecendo insights valiosos que podem ser utilizados para a tomada de decisões estratégicas. Exemplos:

Educação: na otimização de processos de ensino é possível integrar a IA em plataformas de aprendizado, personalizando conteúdos para os alunos e melhorando o processo educacional;

Estoque: no comércio, as empresas podem usar IA para gerenciar o estoque por meio da análise de padrões de consumo, prevendo a demanda e evitando desperdícios;

Cliente: com base em padrões de consumo, também é possível usar a IA para personalizar a experiência do cliente implantando um sistema de recomendação que pode aumentar a satisfação e as vendas;

Análise de dados: seja no campo da saúde ou no mercado financeiro, a Inteligência Artificial pode ser fundamental em analisar uma grande quantidade de dados e prever padrões, possibilitando decisões mais informadas sobre decisões urgentes.

O caminho para o futuro – “Hoje eu vejo a IA como um diferencial. Se você sabe sobre o que faz e também sabe IA, isso garante que você conseguirá se manter no mercado”, opina Solange. A coordenadora afirma que a busca por se destacar e inovar em seu ambiente de trabalho é o principal fator de motivação dos alunos do MBA. Esse cenário de grande aplicabilidade da tecnologia faz do MBA em IA e Big Data um sólido diferencial competitivo para qualquer profissional.

Em um mundo repleto de dados, a capacidade de interpretá-los e utilizá-los de forma contextualizada é crucial. Essa interpretação, dotada de uma visão humana, permite que decisões éticas e sociais sejam tomadas, considerando as implicações mais amplas das análises realizadas. O futuro do trabalho demanda essa sinergia entre humanos e IA para criar um ambiente mais inteligente, produtivo e eficiente. “Os profissionais que estão no mercado e vem fazer o MBA conosco buscam resolver problemas reais no trabalho deles e se qualificarem para novas possibilidades”, finaliza Solange.

Portanto, investir em educação e capacitação, como o MBA em IA e Big Data da USP, é uma estratégia inteligente para quem deseja navegar com sucesso neste novo cenário impulsionado pela Inteligência Artificial.

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