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quinta, 23 de janeiro de 2025
Oscar 2025

Cineasta são-carlense aposta em estatueta para "Ainda Estou Aqui"

João Carlos Massarolo, que também é professor do curso de Imagem & Som da UFSCar, não descarta nem mesmo a chance de o longa brasileiro levar o prêmio de "Melhor Filme"

23 Jan 2025 - 16h48Por Da redação
Cineasta são-carlense aposta em estatueta para "Ainda Estou Aqui" - Crédito: Filme "Ainda estou aqui" concorre em três categorias no Oscar Crédito: Filme "Ainda estou aqui" concorre em três categorias no Oscar

O cineasta João Carlos Massarolo está apostando no sucesso do longa metragem nacional “Ainda Estou Aqui” no Oscar 2025. Segundo ele, Holywood deve conceder ao longa-metragem brasileiro um dos três prêmios a que concorre. O filme de Valter Salles concorre a “Melhor Filme”, “Melhor Filme Estrangeiro” e e “Melhor atriz” para Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva. “Desta vez o Brasil vai ganhar em uma das categorias em que o filme foi indicado, porque o apelo do filme é universal e Hollywood gosta de filmes com essas características”, afirma ele. 

Massarolo é cineasta, professor universitário; Doutor em Cinema pela USP, é diretor e roteirista de vários filmes, entre os quais, “São Carlo /68” e “O Quintal dos Guerrilheiros”. multiplataformas, 2020 (Nesteriuk, S.; Massarolo, J.C.), entre outros. É professor Associado da UFSCar e pesquisador vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som - PPGIS-UFSCar (2008-)

SÃO CARLOS AGORA - Quais as chances de EU AINDA ESTOU AQUI ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro?
JOÃO CARLOS MASSAROLO - Desta vez o Brasil vai ganhar em uma das categorias em que o filme foi indicado, porque o apelo do filme é universal e Hollywood gosta de filmes com essas características, anda mais diante das plataformas de streaming, cuja atuação é globalizada. Temos chances na categoria de melhor atriz, com Fernanda Torres, e melhor filme internacional (língua não-inglesa) e TAMBÉM a melhor filme do ano! Vamos comemorar!

SCA - Como vê o sucesso de mais um filme (após o polêmico Marighella) que fala dos Anos de Chumbo no Brasil, o que é ainda tabu para muitos?
MASSAROLO - O sucesso do filme é uma prova que não existe temas tabus, mas apenas filmes mal feitos ou histórias mal contadas. A proposta estética de AINDA ESTOU AQUI remete à memória e à nostalgia.  A casa original, por exemplo, onde a família Paiva vivia, mas não existe mais, foi substituída por uma residência encontrada no bairro da Urca e, por meio de efeitos especiais, transportada para o Leblon, gerando uma dimensão de realismo e imersão narrativa. 

SCA– Aliás, o senhor assinou - O QUINTAL DOS GUERRILHEIROS, que também toca na ferida da Ditadura Militar. O senhor acha que este tema ainda renderá muito material cinematográfico?
MASSAROLO - AINDA ESTOU AQUI demonstrou que o tema do filme tem um alcance universal, como acontece na cinematografia argentina, espanhola, entre outras. O mais importante é que o filme incentivou jovens a divulgarem no instagram, histórias familiares, de seus pais, mães e avós, que foram torturados pela ditadura, com a música de Erasmo Carlos na trilha dos vídeos curtos. Essa é uma prova que o filme tocou o coração dos jovens.

SCA- Como está a produção cinematográfica em São Carlos com o curso de Imagem e Som da UFSCar?
MASSAROLO - Em São Carlos é tradicional a chamada produção independente, ou seja, obras feitas com poucos recursos, para circuitos alternativos, dentro de uma proposta alinhada com os ideais da escola, com surtos periódicos de produção. Neste sentido, em Araraquara é que  concentra a produção comercial, porque soube as demandas da produção profissional, em especial, do mercado publicitário.  

SCA – A demanda por este curso tem sido grande?
MASSAROLO-  O audiovisual está em todos os lugares, nas telas das fabricas às telas dos smartphones, com as tecnologias digitais, a imagem se tornou onipresente e como não poderia deixar de ser, desperta no jovem a curiosidade pela comunicação audiovisual, mas as narrativas do amanhã dependem de uma aproximação da universidade do que se passa lá fora e esse é um enorme desafio.

SCA – Como a inteligência artificial vai ajudar a produção audiovisual?
MASSAROLO - A inteligência artificial é uma câmera de filmagem. O que importa é se teremos boas histórias para contar com essa ferramenta e como será feita a direção. Então, em última instância é apenas mais uma ferramenta de trabalho.

SCA  – Como o senhor vê esta profusão de grandes produções brasileiras produzidas pelo streaming, como o fenômeno SENNA, da Netflix, que tem agradado até mesmo que nunca gostou de Fórmula 1?
MASSAROLO - A série SENNA, da Netflix contou com recursos da Produção Virtual - uma tecnologia emergente no campo audiovisual que trouxe para pré-produção e produção aquilo que se fazia antigamente na pós-produção, ou seja, a finalização do filme. As plataformas de streaming (Netfflix, Globoplay, Apple, Prime Video, Mube, entre outras), não se restringem às fronteiras nacionais como é o caso da produção cinematográficas, porque são produtos globalizados, dotados de traços identitários do multiculturalismo transnacional, além de serem um novo espaço de trabalho para as novas gerações e, diga-se de passagem, foi graças às  plataformas de streaming  que os trabalhadores do cinema brasileiro sobreviveram durante a pandemia COVID 19.  

SCA – A região de São Carlos pode servir como cenário para o cinema nacional? Como o senhor vê fazendas como a Santa Maria e a Pinhal e um lugarejo do Século XVIII como Itaqueri da Serra, no município de Itirapina que parece ter parado no tempo?
MASSAROLO - São Carlos é uma cidade com enorme potencial para a exploração de locações históricas, de suas paisagens, em especial, de sua gente e da sua cultura, que ainda guarda traços identitários da vida no campo. Lamentavelmente, não existe um pensamento político capaz de formular estratégias que levem a explorar o potencial que o audiovisual possui para movimentar a economia da cidade.
Em 2024, entrou em funcionamento o Mestrado Profissional em Produção de Conteúdo Multiplataformas, da UFSCar, um curso inédito no país, que se propõe atrair os profissionais do mercado para desenvolverem estudos aplicados com as tecnologias audiovisuais contemporâneas. contato: ppgpcm@ufscar.br (https://www.instagram.com/geminis.ufscar/)


Foto: O cineasta Massarolo: “O sucesso do filme é uma prova que não existe temas tabus, mas apenas filmes mal feitos ou histórias mal contadas. A proposta estética de AINDA ESTOU AQUI remete à memória e à nostalgia”
Foto: Divulgação

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