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quinta, 12 de dezembro de 2024
Em alta

Ceia de Natal pode ficar até 12% mais cara, projeta Abras

Dentre as bebidas, o aumento no preço do vinho é acompanhado pela elevação dos destilados (11,1%), refrigerantes (10,9%) e espumantes (10,7%)

11 Dez 2024 - 18h09Por Da redação
Produtos natalinos:  proteínas registraram aumento de preços: peixes (12,5%), lombo (12,9%); chester (11,7%), tender (11,5%), frango (10%), peru (10%) e ovos (+7,5%) - Crédito: SCAProdutos natalinos: proteínas registraram aumento de preços: peixes (12,5%), lombo (12,9%); chester (11,7%), tender (11,5%), frango (10%), peru (10%) e ovos (+7,5%) - Crédito: SCA

Os preços da ceia natalina no Brasil já estão 8% mais caros do que os de 2023, de acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O valor médio da cesta, segundo a Associação, com produtos típicos composta por dez produtos – aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender – foi calculado em R$ 345,83 na última semana de novembro, R$ 24,70 a mais do que os R$ 321,13 de 2023. 

A expectativa é de os preços continuem em alta, com projeção de aumento de 12% até o final do ano. No Nordeste, a variação em relação ao ano passado já é de 7,6%, com preço médio de R$ 346,24.

Numa análise por item, a maior elevação registrada, de acordo com o levantamento da Abras, foi no preço do bacalhau (18,8%), seguida por nozes e castanhas (16,3%), pernil (15,3%), frutas secas (15,1%), frutas especiais (15%), chocolates (13,6%) e carne bovina (13,5%). Outras proteínas registraram aumento de preços: peixes (12,5%), lombo (12,9%); chester (11,7%), tender (11,5%), frango (10%), peru (10%) e ovos (+7,5%). Entre os produtos doces, além dos chocolates, tiveram alta os biscoitos (12%), o panetone (9,8%) e o chocotone (8,4%).

Dentre as bebidas, o aumento no preço do vinho é acompanhado pela elevação dos destilados (11,1%), refrigerantes (10,9%) e espumantes (10,7%). 
A desvalorização cambial deve aumentar os preços dos produtos natalinos, com crescimento médio de 5,8%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), na medição dos 12 meses encerrados em dezembro. 

O valor da cesta deve ser pressionado pela alta do valor dos livros (12,0%), dos produtos para a pele (9,5%) e dos alimentos em geral (8,3%). Por outro lado, devem ficar mais baratos presentes como bicicletas (queda de 6,2%), aparelhos telefônicos (redução de 5,5%) e brinquedos (diminuição de 3,5%).

Paulo Cereda
Paulo Cereda: “o comércio pela lei da oferta e da procura, vai procurar aproveita o momento de sazonalidade e fazer uma alta nos preços doso produtos aproveitando a época”

O economista Paulo Cereda afirma que a alta dos produtos que compõem a ceia de Natal já era prevista. “Isso é esperado porque existe uma maior procura por estes itens. A oferta tende a se manter a mesma. E aí o comércio pela lei da oferta e da procura, vai procurar aproveita o momento de sazonalidade e fazer uma alta nos preços doso produtos aproveitando a época”, destaca ele. 
Cereda enxerga uma pressão sobre os preços em geral. “Também temos acompanhado ao longo dos últimos anos e neste ano um a pressão nos preços dos alimentos. Não só nos supermercados mas também quando você come algo fora do lar. A gente percebe uma alta significativa desses preços. Esta alta deve-se a fatores conjunturais como a moeda americana com preço mais elevado, quebra na produção mundial de alguns itens da alimentação por conta de fatores climáticos e tensões na cadeia logísticas do mundo todo. Tudo isso desemboca num aumento de preços. Com a moeda mais cara neste momento em que estamos e com a taxa de juros também elevada, a tendência é que nos próximos meses quando os supermercados pensarem em repor os itens comprados a gente tenha ainda uma pressão de preços. Vamos ver ainda como o clima vai se comportar, vamos ver como a conjuntura mundial e o mercado vão se comportar nos próximos meses. A solução é aquela tradicional, pesquisar preços e buscar alternativas para fazer a ceia do Natal”, explica o especialista.

Açougue no centro da cidade faz propaganda dos produtos natalinos e vive a expectativa de aumento de preços

Segundo ele, o mais importante é a confraternização e o convívio muito mais do que tem na mesa. “Se tivermos na mesa mais do que os produtos, a paz, o amor e a convivência, isso é a celebração mais importante no Natal e na virada do ano”, conclui o economista.

Dono de um açougue no centro de São Carlos, o comerciante Carlos Zago afirmou que espera um aumento de até 10% nos produtos natalinos. “Nossa expectativa é esta tanto na venda das carnes para churrasco quanto parra o Tender, o Chester, a leitoa e etc”, comenta ele. 
 

CNC APOSTA EM R$ 69,75 MILHÕES 

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o Natal deste ano movimente R$ 69,75 bilhões em vendas, o que representa aumento real de 1,3% (já descontada a inflação) no faturamento do varejo. Mesmo assim, o setor ainda não vai conseguir igualar o patamar pré-pandemia: em 2019, a movimentação foi de R$ 73,74 bilhões.

A estimativa é que super e hipermercados representem 45% (R$ 31,37 bilhões) da movimentação financeira. Na sequência, vêm lojas especializadas em itens de vestuário, calçados e acessórios, com 28,8% do total (R$ 20,07 bilhões), e estabelecimentos voltados para artigos de usos pessoal e doméstico, com 11,7% (R$ 8,16 bilhões).

“A atual dinâmica de consumo tem atuado no incremento das vendas neste fim de ano. Mas as condições menos favoráveis causadas pelo aperto monetário iniciado em setembro pelo Banco Central já são sentidas pelo consumidor final. Isso explica a curva de crescimento menos acentuada no comparativo com o ano passado, quando projetamos o aumento de 5,6%”, disse o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Os números são desfavoráveis para os que buscam um vaga de trabalho. A CNC estima a contratação de 98,1 mil funcionários temporários para atender ao volume de vendas do Natal, 2,3 mil trabalhadores a menos do que no ano passado.
“Curiosamente, o número é menor do que o do ano passado, quando mais de 100 mil temporários foram contratados. A razão disso é o fato de que o quadro de funcionários das empresas veio crescendo ao longo do ano, com o aumento de aproximadamente 3% na força de trabalho, nos últimos 12 meses, ou seja, mais de 240 mil vagas criadas”, afirmou o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes. Segundo ele, isso faz com que o varejo dependa menos do trabalho temporário.
“Já para 2025, a expectativa do próprio setor é que sejam efetivados aproximadamente 8 mil desses trabalhadores temporários”, disse o economista.

Na análise por estados, São Paulo (R$ 20,96 bilhões), Minas Gerais (R$ 7,12 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 5,86 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 4,77 bilhões) devem concentrar mais da metade (55,5%) da movimentação financeira prevista pela CNC. Paraná e Bahia são os estados com maiores projeções de avanço nas vendas: aumento no faturamento de 5,1% e 3,6%, respectivamente.

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