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segunda, 25 de novembro de 2024
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Café Dona Júlia reabre até dezembro

Com uma roupagem mais modernas, o principal ponto de encontro dos políticos são-carlenses ressurgirá ainda em 2024

10 Nov 2024 - 11h12Por Da redação
O novo visual do Café Dona Júlia: local passou por uma reforma completa e também recebeu novas cores  - Crédito: Divulgação O novo visual do Café Dona Júlia: local passou por uma reforma completa e também recebeu novas cores - Crédito: Divulgação

Após encerrar as atividades no dia 30 de junho deste ano, tradicional Café Dona Júlia vai reabrir até dezembro. O estabelecimento está passando por uma reforma, já ganhou uma nova pintura e também receberá ar condicionado e outras inovações.
O empresário Rudnei Souza Pereira relata que pretende fazer uma inauguração do Dona Júlia com a presença de autoridades. “Rud”, como é mais conhecido, afirma que pretende abrir o café das 6h às 20h. O objetivo, segundo ele, é atender a vários públicos, começando do café da manhã e chegando até à noite com produtos e serviços de qualidade. “Penso em fidelizar uma clientela importante que existe naquela região, como comerciantes, funcionários de construtoras e imobiliárias, estudantes e os políticos, pois estamos numa região estratégica e muito próxima tanto da Câmara Municipal quanto da Prefeitura”, ressalta ele. 
 

O empresário Rud Pereira: aposta no local estratégico e em público diversificado 

44 ANOS DE HISTÓRIA 

O café existe há quatro décadas e é o mais famoso de São Carlos. O local foi fechado pela primeira vez em março de 2021, durante a pandemia da Covid-19. Um de seus proprietários, Agnaldo Brasilino Alves morreu depois de contrair a doença em 16 de fevereiro de 2021.
 
O café não é um comércio comum, mas sim o ponto de encontro de várias gerações.  O local era o ponto de encontro de políticos, empresários, jornalistas, curiosos e fofoqueiros em geral. Assim, ganhou apelidos como “serpentário”, “Butantan” e “Boca Maldita”. 

Depois de algum tempo fechado, o estabelecimento foi reaberto por Francisco Monte Rossi, que decidiu fechá-lo no final de maio deste ano por não atender aos planos do empreendedor.   Segundo Rossi, a rentabilidade não foi a esperada. Ele afirma que muitos hábitos foram mudados pela sociedade são-carlense, o que inviabiliza certos tipos de comércio.
A esquina da Rua Sete de Setembro com a Avenida São Carlos denominada Marino Pellegrini (a única do município com denominação), surgiu em 17 de agosto de 1980. 

Nestes 44 anos de existência do Dona Júlia, São Carlos praticamente dobrou de tamanho, saltando de cerca de 125 mil para 250 mil habitantes. Viu marcas famosas como CBT, Clímax, Cholocate Serra Azul, Hero, Nestlé e outras desaparecerem do cenário local para dar lugar a LATAM, Volkswagen, Serasa Experian e etc.

Durante o  Plano Real, a fase da URV (Unidade de Referência de Valor) era conferida todos os dias pelos frequentadores para saber o valor do dinheiro até o dia 1 de julho de 1994, quando as notas e moedas do Real começaram a circular, substituindo o cruzeiro.

Criada pelo então ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso, a URV tinha paridade com o dólar – 1 URV = 1 dólar –  e era calculada diariamente — sempre para mais. Em 1º de março de 1993 começou custando CR$ 647,50, e terminou em 30 de junho a CR$ 2.750.

Com os jornais estampados num mural colocado dentro do estabelecimento, os frequentadores tomavam o café de olho nas novidades. Numa época em que não existia internet, o Café dona Júlia era o local das primeiras notícias e onde se espalhavam boatos. A notícia da morte do ex-vereador Lucas Perroni Júnior, em 2000, foi dada em primeira mão pelos funcionários do café entre a fumaça de um cafezinho e outro. Novidades sobre mortes, acidentes, casamentos e crimes medonhos também nunca faltaram.

Outro momento inusitado foi durante a venda dos lotes dos primeiros condomínios do Parque Damha. A venda foi realizada num sábado e num domingo, sendo que boa parte das transações imobiliárias e assinaturas de contratos foram feitas no balcão do estabelecimento, entre um cafezinho e outro. 

Seria praticamente impossível contarmos aqui quantas vendas de imóvel, quantos acordos políticos e quantas brigas já ocorreram no local, centro da efervescência política, até pela sua proximidade com o Edifício Euclides da Cunha, sede da Câmara Municipal.

Por volta das 5h50 da manhã, com o dia ainda escuro, os primeiros frequentadores já estavam estacionando seus carros. Assim que as portas se abriam, os assíduos do Dona Júlia, assim como que personagens de uma novela da vida real surgiam de todo os lados, como se fosse atraídos pelo delicioso odor do Café Ouro Brasileiro.

Os tempos mudaram e agora não são os personagens mas o próprio cenário que “sai de cena”. Até mesmo a vizinhança é outra. No lugar de lojas de discos de vinil e CDs e bancas de revistas, as imediações estão cheias de oficinas de reparos de celulares e de clínicas de tatuagem.

O Dona Júlia volta à cena com nova roupagem para se adequar à contemporaneidade, justamente no momento que São Carlos salta de cidade provinciana para uma Metrópole. Muda de um local de relações pessoais, para os contatos on line, as vias de tráfego rápido e o e-comerce.

 

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