A região onde hoje se localiza o município de São Carlos iniciou sua povoação no final do século XVIII, com a abertura de uma trilha que levava às minas de ouro de Cuiabá e Goiás, o então chamado “Picadão de Cuiabá”. Saindo de Piracicaba, passando por Rio Claro, subindo as escarpas das encostas do planalto, passando pelos campos, matas e cerrados de Araraquara, levas de povoadores se estabeleceram na região.
A história de São Carlos tem início na primeira metade do Século XIX, com a demarcação de três sesmarias: a Sesmaria do Pinhal ao Sul, a do Monjolinho ao centro e a do Quilombo, ao Norte.
Ao mesmo tempo em que bandeirantes e outros aventureiros procuravam ouro, dizimando a população indígena que ainda resistia, nobres e amigos da coroa portuguesa buscavam se apossar da generosa quantidade de terra que estavam recebendo de presente.
Sesmarias eram terrenos abandonados pertencentes a Portugal e entregues para ocupação, primeiro no território português e, depois, na colônia, o Brasil, onde perdurou de 1530 até 1822. O sistema foi utilizado desde o século XII nas terras comuns, comunais ou da comunidade. Na verdade eram imensas glebas de terra entregues aos amigos do rei, ou seja, portugueses ricos que poderiam investir na produção agrícola nas terras recebidas.
O nome sesmaria deriva de sesmar, dividir. Por esse sistema, as terras cultivadas nas comunidades eram divididas conforme o número de habitantes e, depois, sorteadas. O objetivo era garantir o cultivo das áreas, que eram denominadas sesmo porque correspondiam à sexta parte do valor de cada terreno.
Cada sesmaria tinha cerca de 6,5 mil metros quadrados. A mesma medida adotada em Portugal também foi aplicada, posteriormente, no Brasil.
No Brasil, o sistema de sesmarias foi aplicado como forma de garantir a posse do território, já dividido em Capitanias Hereditárias. As capitanias garantiam a posse e não representavam gastos para a Coroa, contudo os territórios sofriam com invasões.
Entre os principais problemas enfrentados pela Coroa para regulamentar as sesmarias estava a obrigatoriedade do cultivo e o estabelecimento de limites territoriais, muitas vezes desobedecidos pelos posseiros.
Os posseiros, a quem os sesmeiros arrendavam as terras, passaram a cultivá-la e exigir o reconhecimento do direito sobre os territórios. A Coroa fez inúmeras tentativas de regulamentar o problema e, somente em 1822 o sistema de sesmarias foi abolido, beneficiando os posseiros.
ECONOMIA NASCEU COM A PECUÁRIA
A primeira atividade econômica da região, então denominada de "campos de Araraquara", foi a criação de gado bovino em fazendas. O primeiro cultivo de cana-de-açúcar data de 1825, sendo que, a partir daí, passaram a surgir fazendas mistas, com produção de cana e criação de gado. A lavoura de cana se consolidaria após 1840, em termos de importância e industrialização. O grande mercado consumidor e distribuidor dos produtos da região era, à época, Piracicaba. Quando da fundação da cidade de São Carlos, em 1857, pouco havia na região além de algumas fazendas tocadas a braço escravo, lidando com a criação de alguns bovinos e suínos, além de um incipiente cultivo de cana-de-açúcar.
SURGEM AS PRIMEIRAS LAVOURAS DE CAFÉ
Os primeiros pés de café da região foram plantados em 1831, entretanto, a produção cafeeira só ganharia relevo a partir da abertura da ferrovia em 1884, concomitante à incorporação de mão-de-obra imigrante no trabalho rural
Na data da fundação, 4 de novembro de 1857, a povoação era composta por algumas pequenas casas ao redor da capela e seus moradores eram, em sua maior parte, herdeiros da família Arruda Botelho, primeiros proprietários das terras da Sesmaria do Pinhal.
São Carlos é elevada à categoria de vila em 1865 e a Câmara Municipal é empossada. Em 1874 a vila contava com 6.897 habitantes e destacava-se na região pelo seu rápido crescimento e importância regional. Em 1880, passa de vila a cidade e em 1886, com uma população de 16.104 habitantes, já possui ampla infraestrutura urbana.
Entre 1831 e 1857 são formadas as fazendas de café pioneiras, marcando o início da primeira atividade econômica de maior expressão em São Carlos. A lavoura cafeeira chega à Fazenda Pinhal em 1840 e se espalha por todas as terras férteis no município, tornando-se o principal produto de exportação. A partida daí a cidade se expandiu. Os vastos recursos angariados pelos fazendeiros se transformam em grandes e modernos casarões na área urbana e também na área rural e também em novas tecnologias.
No final do Século XIX a abolição da escravatura e a proclamação da República acontecem ao mesmo tempo que a cidade recebe água encanada, telefonia, projeção de cinema, imprensa escrita, eletricidade e várias outras inovações que iriam representar as sementes da “Capital da Tecnologia”.