
O Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica de 2025, levantado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), com base no ano de 2024, prevê um aumento significativo nas ocorrências em relação aos períodos avaliados anteriormente.
No ano passado, por exemplo, foram registradas 1.186 notificações de incêndio por sobrecarga de energia, superando as 963 ocorrências no mesmo intervalo de 2023. O crescimento é de aproximadamente 23%. Ao final de 2024, o total de casos envolvendo eletricidade foi de 2.354, um aumento de 13% em relação a 2023, que computou 2.089 acidentes. O número de óbitos também foi maior, passando de 781 (2023) para 840 (2024) no mesmo período, marcando um crescimento de 8%.
A eletricidade está presente em muitas atividades cotidianas, mas, sem os devidos cuidados, pode representar um risco à vida e a falta de informação é um dos principais fatores que apresentam para isso, desde quando se trata de problemas com os conceitos até o uso inadequado de aparelhos. Por isso, é fundamental conhecer as melhores práticas para garantir a segurança.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) reuniu alguns cuidados importantes para evitar acidentes, seja em casa, na rua ou em outros espaços:
1 - No ambiente doméstico
O adaptador de tomada, também conhecido como benjamim ou T, cheio de carregadores, televisão, micro-ondas e muito mais. Essa cena tão comum nas casas brasileiras é um verdadeiro convite para um incidente. Dentre os recursos de proteção, o Dispositivo Diferencial Residual (DDR), disjuntores que atuam combatendo as sobrecargas, monitora continuamente a corrente elétrica que entra e sai do circuito e, ao detectar qualquer fuga de corrente — como no caso de um cabo desencapado tocando uma superfície metálica ou o contato acidental de uma pessoa com a eletricidade — ele desliga automaticamente ou fornece energia.
Segundo o coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) do Crea-SP, engenheiro Heverton Bacca, a melhor forma de evitar um acidente começa com o projeto. "O ponto original de problemas domésticos não é considerado um profissional de Engenharia e Tecnologia Elétrica durante o projeto residencial. A presença de alguém capacitado nessa etapa faz com que o sistema seja mais seguro e tenha maior qualidade, protegendo os equipamentos, moradores e animais de estimação", recomenda.
A tentativa de realizar reparos sem conhecimento adequado também se destaca entre os fatores de periculosidade. Manuseie fiações, trocar tomadas ou tentar solucionar falhas na rede elétrica sem desligar a energia pode resultar em acidentes graves. Além disso, a ausência de revisões periódicas nas instalações exige a segurança.
Já o uso de aparelhos elétricos em cozinhas, banheiros, lavanderias e áreas de serviço exige atenção redobrada. “A combinação de energia elétrica e áreas úmidas aumenta significativamente os riscos de choque, inclusive em menores quantidades”, reforçou Bacca. Recomenda-se que as tomadas nesses espaços sejam protegidas contra respingos e que os aparelhos não sejam manuseados com as mãos molhadas. O ideal mesmo é retirar o equipamento da tomada, no caso das máquinas de lavar, por exemplo, antes de abrir para retirada das roupas, ou evitar o uso em ambiente molhado, quando se tratar de secadoras de cabelo, chapinhas e barbeadores elétricos.
Cabos ressecados, desencapados ou com cheiro de queimado, quedas frequentes de energia e interruptores que desarmam sem motivo aparente também indicam possíveis problemas. Nestes casos, um profissional qualificado e registrado deve ser acionado para avaliar a situação e, se necessário, substituir os detalhes. Além disso, as construções mais antigas precisam de revisões periódicas para garantir que a rede elétrica suporte a demanda dos aparelhos modernos.
2 - Nas ruas, espaços públicos, estabelecimentos e em eventos
Ao identificar uma membrana caída, deve-se manter uma distância e avisar imediatamente a transmissão de energia ou o Corpo de Bombeiros. Nunca tente remover ou remover o cabo, pois ele pode ficar energizado. Além disso, evite passar com veículos ou pisar próximo ao local, pois a eletricidade pode se espalhar pelo solo em um fenômeno conhecido como corrente de aterramento, que permite que a eletricidade se propague devido à condutividade do material.
Em eventos ao ar livre, como shows e festivais, a segurança elétrica requer atenção especial devido à exposição às condições climáticas e à presença de aglomerações. A instalação elétrica deve ser projetada e executada em conformidade com as normas técnicas vigentes, e assistida por um profissional habilitado e registrado, garantindo o uso de materiais adequados e a implementação de sistemas de proteção, inclusive com inspeções periódicas, especialmente antes e durante o evento.
Para o público, é aconselhável estar atento e evitar o contato com estruturas metálicas que possam estar energizadas, como graus de proteção, torres de iluminação e postes. Deve-se também manter distância de equipamentos elétricos e não manipular cabos ou conexões, mesmo que aparentemente estejam desenergizados. Em caso de tempestade de condições climáticas ruins, como raios com raios, é prudente procurar abrigo em locais seguros e aguardar orientações da organização do evento. A conscientização sobre os riscos elétricos e a adoção de comportamentos preventivos garantem a integridade física de todos.
3 - No período de chuvas
Durante tempestades, a incidência de raios e quedas de energia aumenta, o que pode representar sérios riscos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são cerca de 80 milhões de registros anuais. "O Brasil é um dos países com maior incidência de raios do mundo. Neste contexto, o uso de Dispositivo de proteção contra surtos (DPS) são indispensáveis para evitar acidentes nos períodos de chuvas fortes", afirma Bacca.
Para proteger equipamentos de televisão, computadores e equipamentos contra raios e quedas de luz, os estabilizadores de energia são altamente recomendados. Além disso, em uma tempestade, o mais seguro é desligar os aparelhos da tomada para evitar danos por descargas elétricas.
Em ambientes internos, ao perceber que a água está invadindo a residência, desligue imediatamente o interruptor geral de energia, localizado no quadro de distribuição. Evite também qualquer contato com tomadas, interruptores e aparelhos elétricos, remova os equipamentos das tomadas e, se possível, coloque-os em locais elevados. Após o recuo da água, antes de religar a energia em sua residência, solicite a avaliação de um profissional habilitado e registrado para funcionar as instalações elétricas.
Em áreas externas, os cuidados devem ser igualmente rigorosos. Ao se deparar com alagamentos nas ruas, mantenha distância do acúmulo de água, pois podem existir cabeamentos elétricos submersos ou estruturas energizadas não visíveis, representando perigo de eletrocussão. Nunca atravesse áreas alagadas a pé ou de veículo, já que a água pode ocultar buracos, fiações caídas ou outros perigos. Caso observe cabos elétricos caídos ou danificados, mantenha-se isolado e acione imediatamente o fornecimento de energia ou o Corpo de Bombeiros, fornecendo informações precisas sobre a localização para que equipes especializadas possam isolar e reparar danos de forma segura.
A eletricidade facilita a vida, mas exige cuidado. A adoção de medidas preventivas é crucial para garantir a segurança pessoal e patrimonial, minimizando os riscos associados a acidentes elétricos em ambientes internos e externos. Para qualquer dúvida ou necessidade de avaliação, contar com profissionais habilitados e registrados pelo Crea-SP garante uma abordagem segura e eficiente. Afinal, prevenir é sempre a melhor escolha.