O economista Luiz Fernando Paulillo, do Departamento de Engenharia de Produção da UFSCar, está otimista com 2025. Segundo ele, o Brasil reúne as condições necessárias para que a economia avance. O perigo, segundo ele, são as condições externas num mundo globalizado. “Tudo indica um bom ano, caso as condições externas não mudem muito. Assim como o segundo semestre de 2024 veio mostrando, com crescimento do PIB e da taxa de emprego”, destaca ele.
O dólar em alta foi um obstáculo neste final de ano e pode ser no início do próximo. “Com o dólar subindo muito, aumentam os custos das empresas de forma geral para operarem no Brasil, com elevações dos preços dos insumos e dívida, e isso vai respingar na inflação e no custo de vida da população. Gera inflação e faz que o Banco Central suba juros, afetando o crescimento econômico, a taxa de juros de crédito. Afeta toda a economia, e cada vez mais rápido por conta da economia ainda mais globalizada”, destaca Paulillo.
Para o economista, depois da alta que viveu, a tendência do dólar é cair. “Até porque ela já subiu o que podia em 2024, se considerarmos o limite da meta aceita pelo mercado, chegando a 4,87% nos últimos 12 meses. Nada menos que 1,87% acima do centro da meta de inflação fixada pelo próprio governo para este ano. Uma inflação que pegou todos os preços. O problema é que caminha perigosamente para ficar acima do limite já nos primeiro trimestre de 2025. É preciso cuidado com isso, porque vão criando rotina inflacionária aceita por tordos”.
Segundo ele, o lado do bom da alta do dólar é que ela melhora o desempenho do produto exportado brasileiro. “No entanto, tem o outro lado, que expliquei acima, que é a subida do dólar afetando os custos internos das empresas brasileiras. Isso pode prejudicar o desempenho do emprego por aqui e a inflação interna. É preciso equilibrar essa relação com um preço de dólar razoável para não afetar sobremaneira os custos industrial, agrícola e de serviços do Brasil”, explica o especialista.
Segundo ele, a tendência para os próximos meses é de queda do valor da moeda norte-americana. “Acho que cai, porque estamos em dezembro, mês típico de compra de dólar pelas empresas para fechamento de ano com remessas para o exterior, para suas matrizes, etc. Claro que isso não explica tudo, porque tem o mercado desconfiado do que o congresso aprovará do ajuste fiscal do governo. Daí vem o Copom aumentando juros. Só que política monetária (aumento de juros pelo BC) não resolve sozinha a parada contra a inflação. Por isso vem essa expectativa também voltada para os cortes de gastos do governo. Enfim, aqueles momentos típicos que a política monetária não resolve sozinha a formação da expectativa na economia, e a política fiscal importa. Então, a subida está forte. Tem também a troca da presidência do Banco Central. Isso também mexe na expectativa. Acho que não fica nesse patamar porque o governo e o congresso serão mais contundentes com ações para cortes de gastos e o lado fiscal da economia para 2025. O que o mercado teme é um quadro de dominância fiscal para os dois próximos anos. Mas isso dificilmente ocorrerá. Temos bons números (para emprego, crescimento de renda agregada, grandes reservas internacionais etc). Mas é o momento do mercado expor suas dúvidas e isso mexe na expectativa e no preço do dólar no Brasil”, conclui Paulillo.