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domingo, 29 de dezembro de 2024
Geração Z

Agamia: a nova forma de relacionamento que vem crescendo entre os jovens

Homens e mulheres agâmicos não querem pensar em ter parceiros fixos e muito menos filhos

28 Dez 2024 - 08h37Por Da redação
As novas gerações buscam outras formas de relacionamentos, sem compromisso legal  - Crédito: Freepik/JORNAL DA USPAs novas gerações buscam outras formas de relacionamentos, sem compromisso legal - Crédito: Freepik/JORNAL DA USP

Passando por constantes mudanças, a geração Z vem criando novas formas de viver e se relacionar com a sociedade. É comum, por exemplo, ouvir os jovens dizerem que não desejam casar ou ter filhos hoje em dia. Para os mais velhos, isso pode ser considerado algo fora do comum ou até mesmo absurdo, porém, este afrouxamento social do compromisso está cada vez mais famoso.

De acordo com uma pesquisa feita pelo IBGE, em 2023, o número de pessoas solteiras no Brasil era de 81 milhões, enquanto o número de pessoas casadas somam apenas 63 milhões.

Agamia

Uma estilo de vida que vem fazendo cada vez mais sucesso entre os jovens é a ‘agamia’, que vem do grego ‘a’ (não ou sem) e ‘gamos’ (união íntima ou casamento).
Enquanto os poligâmicos se relacionam com múltiplas pessoas e os monogâmicos com apenas uma, os agâmicos não têm interesse por nenhum tipo de relacionamento.

A agamia é o desinteresse de um indivíduo em firmar um relacionamento romântico com outra pessoa, o que também inclui a intenção dos casais de não desejarem filhos.

De acordo com Heloisa Buarque de Almeida, professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH), a diferença entre agamia e estar solteiro é que o solteiro o é independente do seu desejo, enquanto o agâmico opta por ser. 
A antropóloga ainda afirma que as novas gerações buscam outras formas de relacionamentos, sem compromisso legal.

Para o psicólogo Rodrigo H. Pedrazzani Montero, a pergunta que fica é: quais fatores podem estar influenciando essa mudança sócio comportamental tão significativa? “Temos claro que mudanças sociais, culturais, comportamentais, etc. sempre fizeram parte da história da nossa civilização. Padrões comportamentais; estéticos; culturais; crenças; dogmas; valores que em algum espaço/tempo foram considerados essenciais por determinada sociedade, no momento seguinte deixaram de fazer sentido, sendo substituídos por outros padrões. Talvez, não na velocidade que estamos experimentando hoje, entretanto, essa dinâmica sempre esteve presente”, destaca ele.

Montero reflete que é complicado uma análise definitiva. “Voltando a pergunta apresentada acima, lamento frustrar os amigos leitores que esperavam uma resposta definitiva, ela ainda está em construção e, pelos próximos anos, certamente será pautada pela ‘galera’ de humanas”, afirma. 
Ele ainda propõe uma reflexão sobre o novo tema. “Entretanto, quero propor uma reflexão a todos vocês. Estamos vivendo a era da hiperindividualização; da exacerbação do ego. Em uma sociedade cada vez mais excludente e competitiva, dia a dia, os conceitos de grupo; de bem comum; de cooperação, vêm perdendo espaço para o “EUCENTRISMO”. Ah Rodrigo, você está exagerando! Não estou! Acompanhem meu raciocínio... Desde a mais “inocente brincadeira” utilizada como ferramenta pedagógica no início de nossa vida escolar, até a disputa de uma vaga em uma universidade, a lógica é sempre a mesma: não existe espaço para todos no lugar mais alto do pódio. Sendo assim, que comportamento podemos esperar de um indivíduo que, desde o berço, foi condicionado a olhar o “outro” como um adversário; um obstáculo para a satisfação de seus desejos egóicos”, conclui ele. 

PELO MUNDO TODO

A agamia não é um estilo de vida exclusivo do Brasil. Em outros países da América Latina isso também está se tornando comum, assim como Estados Unidos e Japão.
Segundo a antropóloga, a forma de se relacionar está mudando em muitos países. O amor romântico descrito no cinema, na literatura e na televisão nunca correspondeu à realidade.

A PRESERVAÇÃO DO PLANETA E A AGAMIA
 

Heloisa observou um outro ponto: a opção de não querer ter filhos. Os jovens agâmicos preocupam-se também com a preservação do planeta, o aquecimento global, a sustentabilidade e outras questões de vanguarda.
Para ela, esse tipo de reflexão voltada para o planeta, como pensar no aquecimento global e na sustentabilidade, não deixa espaço para a ideia de ter filhos.

O FAVORECIMENTO DA TECNOLOGIA

Uma parte dessas mudanças também está relacionada ao meio digital, através das redes sociais, o que retarda o início da vida sexual desses jovens.
Atualmente, há inúmeras alternativas e formas de se relacionar, com novos modelos de família se formando diariamente, seja com dois pais, duas mães ou até mesmo com casais vivendo em casas separadas. Porém, de forma geral, o significado de amor, família e mundo continua o mesmo. (Com informações do JORNAL DA USP) 
 

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